publicado dia 30/05/2022

Conheça três experiências de educação integral na Bahia

Reportagem:

O estado da Bahia reúne uma série de experiências de escolas que trabalham a partir da concepção de Educação Integral, independentemente da jornada ser estendida ou não. Em 25 de maio, a Undime Bahia e o Observatório Nacional de Educação Integral realizaram um debate virtual para compartilhar algumas dessas experiências em curso no estado.

Leia + Após dois anos de pandemia, crianças e adolescentes são os mais impactados pela pobreza no Brasil

“Vemos esta agenda tão viva, tão forte, tão potente, mudando a vida dos meninos e meninas, de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias, e quando a gente consegue interromper o ciclo do fracasso escolar e construir uma escola que faz sentido para os meninos e meninas, para suas comunidades, a gente muda a vida de todo mundo, porque criamos possibilidades de inserção qualificada não só no mundo do trabalho, mas no mundo da vida”, disse Jaqueline Moll, mediadora do evento e coordenadora do Observatório Nacional de Educação Integral.

Danilo de Melo, Secretário de Educação do Estado da Bahia, que também esteve presente no debate, contou que o estado investe há 15 anos na construção de programas indutores de educação integral, fundamental para garantir o desenvolvimento e aprimoramento das políticas.

Para Claudia Santos, que faz parte da coordenação do Observatório Nacional de Educação Integral e do Comitê Territorial Baiano de Educação Integral, as experiências são potentes porque não obedecem a uma fórmula ou imposição, mas atendem aos arranjos e demandas específicas de cada população e território e mostram que a saída para garantir direitos e aprendizagem, sobretudo no contexto atual, “não é militarização, não são as ferramentas digitais ou o ensino híbrido, mas é a educação integral”.

Lagedo do Tabocal

O município de nove mil habitantes, em que a maioria enfrenta condições econômicas e sociais fragilizadas, passou a ofertar este ano educação integral em jornada ampliada em três escolas, todas em regiões de alta vulnerabilidade social e uma delas no campo. São 180 estudantes que passam 8 horas na escola com três refeições. “A educação integral é uma política necessária para reconstrução do país”, disse Telma Pires Nascimento, Secretária Municipal de Educação.

O currículo é atrelado ao território, os professores fazem uso de diversos espaços da cidade para promover o ensino e aprendizagem e oferecem atividades que integram lazer, cultura, esporte, dança e artes,  propostas que têm sido muito bem recebidas pelas famílias e estudantes.

Para a implementação do programa, a rede contou com o apoio do Observatório e do Comitê Baiano de Educação Integral, bem como o legado do Mais Educação. “As políticas de financiamento são necessárias para que se consolide uma política de educação integral no país. Hoje nós contamos com recursos próprios, o que impede outras ações, mas não nos paralisa”, afirmou Telma.

Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro (CIEPS)

Quando foi fundado, em parceria com o Governo do Estado da Bahia e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), o CIEPS atendia 200 estudantes de Ensino Médio. Hoje são uma escola de tempo integral com 650 adolescentes.

Seu principal objetivo é criar condições para que os estudantes se promovam socialmente por meio do desenvolvimento integral. A fim de engajar também os estudantes que estão deixando o Ensino Fundamental, a escola organiza eventos para que as famílias e adolescentes interajam e contem a proposta e suas experiências no CIEPS.

“O que fez muita diferença para nós foi nossos professores abraçarem esse desafio e o apoio que tivemos da UFSB, que nos disponibilizou uma formação maravilhosa para nossos 76 professores”, contou o diretor escolar do CIEPS Caetano Cupolo do Sacramento.

Complexo Integrado de Educação de Itabuna (CIEI)

No CIEI, que desde 2016 trabalha com a educação integral de Ensino Médio, o trabalho pedagógico da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é integrado, ainda que de forma adaptada, a tudo que as turmas do matutino e vespertino vivenciam, a fim de não criar algo como duas escolas separadas.

Uma das principais formas de atuação do CIEI acontece por meio das Estações dos Saberes, que articulam as áreas do conhecimento e criam oportunidades de construção autônoma, coletiva e cooperativa de saberes, conhecimentos e práticas. Para tanto, oferecem materiais (livros, fichas de estudo, roteiros de aprendizagem, objetos, pessoas convidadas, materiais de laboratório, etc.), tecnologias da informação (dispositivos tecnológicos fixos e móveis, internet) e de atividades práticas (jogos, oficinas pedagógicas em torno de um tema, de situação-problema e de uma técnica esportiva ou artística, rodas de conversa, pesquisa).

Os estudantes também podem propor um tema para a Estação dos Saberes e conduzir as atividades, contando com o apoio dos educadores como mediadores. Pessoas da comunidade também são muito bem-vindas para compartilhar algum saber.

Entre os instrumentos avaliativos, há a escuta e observação atenta dos professores, que continuamente planejam e replanejam as propostas de acordo com as demandas específicas da turma, e ainda incluíram um diário de bordo, em que os estudantes descrevem seu processo de aprendizagem, com as dúvidas e avanços que percebem.

“Os estudantes precisam ser protagonistas no processo de ensino-aprendizagem e o professor é o mediador desse processo”, sintetizou a diretora escolar Tereza Cristina Fidelis de Jesus.

Assista ao evento na íntegra:

Escola cria projeto para fortalecer identidade negra e quilombola na Bahia

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.