publicado dia 25/07/2017

Conceição Evaristo, escritora e educadora

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Romancista, poeta, ensaísta, militante negra. São muitas as facetas de Conceição Evaristo, um dos grandes nomes da literatura brasileira contemporânea. Nascida em uma favela da zona sul de Belo Horizonte, em 1946, não foram poucos os percalços enfrentados por Conceição, cujo livro Olhos D’água (Pallas Editora) ficou em 3º lugar no Prêmio Jabuti 2015.

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Discriminação racial, de gênero e classe são questões que se impuseram em sua trajetória e que, portanto, se mostram manifestas em sua escrita. Como mulher negra, escreve sobre sua condição e ancestralidade, o que define como “escrevivência”.

“Escrever pode ser uma espécie de vingança, às vezes fico pensando sobre isso. Não sei se vingança, talvez desafio, um modo de ferir o silêncio imposto, ou ainda, executar um gesto de teimosia esperança”, escreve em Gênero e Etnia: uma escre (vivência) de dupla face.

Para além do seu valor literário, seu percurso dentro da Educação mostra sua relevância como personagem para a educação integral ao colocar como pauta a produção literária afro-brasileira e, mais especificamente, a existência de uma vertente negra feminina.

“A literatura brasileira é repleta de escritores afro-brasileiros que, no entanto, por
vários motivos, permanecem desconhecidos, inclusive nos compêndios escolares. Muitos pesquisadores e críticos literários negam ou ignoram a existência de uma literatura afro-brasileira”, aponta a autora em seu ensaio Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade.

Seu percurso como docente começou na década de 70, quando mudou-se para o Rio de Janeiro para prestar concurso para o magistério e dedicar-se ao ensino.

Professora da rede pública carioca durante anos, Conceição é graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Mesmo aposentada da carreira docente desde o início dos anos 90, continua atuando como professora convidada em diferentes instituições de Ensino Superior.

A literatura de Conceição Evaristo em sala

Trabalhar a obra de Conceição Evaristo em sala de aula é, portanto, colocar os alunos em contato com outras literaturas e realidades, dando visibilidade para a complexidade cotidiana e existencial da mulher negra na sociedade brasileira.

Uma preocupação que se mostra ainda incipiente no País, apesar de alguns esforços pontuais como a inclusão do diário Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, na lista de livros obrigatórios para o vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de 2019.

No vídeo abaixo, parte da exposição Ocupação Conceição Evaristo, realizada pelo Itaú Cultural entre 4 de maio e 18 de junho, a professora Claudia Fabiana de Oliveira Cardoso, da Escola Técnica Ferreira Viana, no Rio de Janeiro, e alunas relatam suas experiências com a introdução da obra de Conceição Evaristo como objeto de estudo. Confira:

Obra de Conceição Evaristo

Romance
Ponciá Vicêncio (2003)
Becos da Memória (2006)

Poesia
Poemas da recordação e outros movimentos (2008)
Do velho e do Jovem

Contos
Insubmissas lágrimas de mulheres (Nandyala, 2011)
Olhos d`água (Pallas, 2014).
Histórias de leves enganos e parecenças (Editora Malê, 2016)

A escritora também possui textos que integram diversas antologias

10 mulheres educadoras essenciais para a educação integral

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