publicado dia 09/10/2018

Como os erros ajudam os alunos a aprender

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Por Youki Terada, do Edutopia. Tradução de Thais Paiva

Apesar de sua popularidade como método, sabemos que memorizar informações é uma das estratégias de aprendizagem menos eficazes. Embora pareça eficiente, é provável que os alunos esqueçam o material memorizado se não reforçarem o aprendizado com outras estratégias, e um novo estudo mostra que incorporar a suposição às aulas pode aumentar significativamente a capacidade dos alunos de lembrar informações.

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Na investigação, pesquisadores pediram a 32 jovens para recordar pares de palavras em duas condições: via memorização e via tentativa e erro. Na condição de memorização, eles simplesmente gravavam e recordavam as palavras que foram mostradas. Na condição de tentativa e erro, eles recebiam a primeira palavra e tinham que adivinhar qual seria a segunda palavra. Os pesquisadores, então, forneciam feedbacks sobre se a resposta era uma “quase lá” – isto é, estava próxima da resposta correta – ou se estava longe.

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Os participantes foram então convidados a recordar suas palavras após um intervalo de 10 minutos. Na condição de memorização, tiveram uma taxa de recuperação de 54%. Na condição de tentativa e erro, a taxa de evocação foi um pouco maior a 65% nos seus palpites “longes”. Mas quando seus palpites foram “quase lá”, a taxa de recordação foi de 79% – 25 pontos percentuais a mais do que quando memorizavam os pares de palavras.

Para ilustrar a diferença entre respostas “quase lá” e “longe”, os autores do estudo oferecem o seguinte exemplo. Imagine que você está dando uma lição e pergunta para sua classe: “Quem é Justin Trudeau?”. Um aluno, reconhecendo que o nome está ligado à política, pode palpitar “o primeiro-ministro da França” com base no sobrenome francês. Outro estudante pode chutar “o cantor pop” – associando-o a Justin Timberlake. Enquanto ambos estão errados, o primeiro está mais próximo do que o segundo da resposta correta: Justin Trudeau é o primeiro ministro do Canadá.

É claro que, se um aluno já souber a resposta, provavelmente será capaz de lembrá-la no futuro. Mas os dois alunos que inicialmente erraram a resposta são mais propensos a lembrar da resposta correta – contanto que recebam feedback – do que um aluno que tenta memorizar o fato do nada.

“Nossa pesquisa encontrou evidências de que erros ‘quase lá’ podem ajudar uma pessoa a aprender melhor a informação do que se nenhum erro fosse feito”, explica a autora do estudo, Nicole Anderson. “Esses tipos de erros podem servir como degraus para lembrar a resposta certa. Mas se o erro for um palpite “longe”, a pessoa não aprenderá a informação correta de forma tão fácil.”

Por que a suposição melhora a memória?

Quando os alunos tentam responder às perguntas sozinhos – em vez de quando as respostas são dadas a eles -, eles se envolvem em uma luta produtiva, o que os ajuda a entender o que estão aprendendo. Colocar perguntas para os alunos ajuda-os a pensar em um problema, fazendo a ponte entre o que sabem e o que não sabem.

Mas, apesar dos erros serem comuns, os estudantes muitas vezes os percebem como negativos e como uma ameaça ao seu potencial valor. Logo, um clima de sala de aula positivo – onde o professor e alunos tratem os erros como oportunidades – pode criar melhores condições para o aprendizado.

Dica aos educadores:

Procure maneiras de incorporar suposições ao seu ensino. Fazer com que os alunos respondam perguntas ajudará a aumentar a memória deles mais do que se eles tentarem memorizar a matéria.

“É um erro não usar erros como parte do processo de aprendizagem”

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