publicado dia 06/11/2025

Alfabetização em foco no IV Seminário Nacional de Educação Integral

Reportagem:

🗒 Resumo: O IV Seminário Nacional de Educação Integral, que aconteceu entre os dias 03 e 05 de novembro, em Porto Alegre (RS),  dedicou uma roda de conversa com especialistas para refletir sobre os princípios que norteiam a alfabetização na Educação Integral. O painel também apresentou experiências de escolas com o tema.

Para refletir sobre como a Educação Integral concebe o processo de alfabetização, o IV Seminário Nacional de Educação Integral reuniu especialistas e educadoras nesta terça-feira, 04 de novembro.

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No painel, elas explicaram concepções em torno do trabalho pedagógico e apresentaram experiências de quem coloca as noções em prática durante a “Roda de conversa sobre a alfabetização na escola de Educação Integral”.

O debate contou com a presença de Elvira Lima (Pesquisadora/SP), Gislaine Cardoso Aguiar e Suelen da Silva Matos (Escola Estadual BAREA – Três Cachoeiras/RS), Maria Thereza Marcílio (Avante/BA) e Natálie Maria Müller (Escola Municipal Chico Xavier São Leopoldo/RS). A mediação foi feita por Thais Costa (PUC/SP).

Sobre o IV Seminário Nacional de Educação Integral

Com o tema “Sustentar e ampliar o direito à Educação Integral no Brasil: contribuindo para a construção de uma política nacional”, o Seminário é realizado presencialmente em Porto Alegre (RS) e com transmissão ao vivo para todo o Brasil.

O evento reúne educadores, especialistas e autoridades, presentes em diferentes mesas de discussão, entre os dias 03 e 05 de novembro.

Em 2025, o Seminário Nacional de Educação Integral é organizado pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), pelo Observatório Nacional de Educação Integral (UFBA) e pelo Centro de Referências em Educação Integral (CR). Além disso, o evento conta com apoio do Ministério da Educação (MEC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dos Comitês Territoriais de Educação Integral, da REDHUMANI e da Cátedra UNESCO Cidade que Educa e Transforma.

Assista à mesa na íntegra:

O que é a alfabetização?

A pesquisadora Elvira Lima começa definindo que “não é um cérebro que aprende, é um corpo de aprende”, reforçando a integralidade da Educação, em que não há separação entre as várias dimensões do sujeito, como o cognitivo, emocional e corporal.

E a alfabetização, para ela, é um mergulho no nível simbólico que permite às pessoas acessar diferentes tempos, e para acontecer depende da compreensão de que ela possui duas dimensões:

“Ela é um sistema expressivo, que envolve movimento, musicalidade, teatralidade, dança, traçado, ludicidade e narrativa, e é um objeto de conhecimento”, disse Elvira. “E toda e qualquer criança pode aprender, nós é que podemos não saber como ensinar”, frisou.

A participação da comunidade nas escolas de Três Cachoeira (RS) 

Em Três Cachoeiras (RS), a Escola Estadual Baréa realiza todos os dias a Hora da Leitura. As turmas de todos os anos se juntam para desfrutar de uma história. “É pelo deleite”, disse Gislaine Cardoso Aguiar, que integra a gestão da escola.

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A escola se dedica a aproximar a vida, a cultura e as pessoas da comunidade de seu trabalho pedagógico. As turmas usam espaços da comunidade, como praças, ginásios e clubes, e não há portão para separar a unidade do território. “A comunidade ajuda a cuidar das crianças”, afirmou Suelen da Silva Matos, da gestão da escola.

Gislaine conta que o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola contou com a participação de 80% das famílias. “Fomos até a casa delas para perguntar o que esperavam da escola e uma das coisas que pediram era responsabilidade, afetividade, cooperação, respeito, perseverança e honestidade”, relatou a educadora.

Alfabetização contínua é estratégia em São Leopoldo (RS)

Na Escola Municipal Chico Xavier, em São Leopoldo (RS), as crianças aprendem a ler e escrever brincando. Há letramento linguístico, lógico, matemático, motor, emocional, tecnológico e científico.

Para tanto, investem em jogos e materiais de artes, e promovem a aprendizagem coletiva, garantem tempo de descanso, alimentação e atuação intersetorial.

“Lutamos pela garantia do direito à infância e do direito de ler e escrever. E é um processo lúdico, que envolve o corpo. Não fragmentamos o currículo em parte lúdico e parte estudo […] aqui a alfabetização acontece a qualquer tempo, inclusive nos Anos Finais do Ensino Fundamental”, disse Natálie Maria Müller, da gestão da escola.

Educação Integral: como avançar na alfabetização no Brasil? 

Maria Thereza Marcílio, diretora da Avante – Educação e Mobilização Social, destacou que a Educação é um campo de disputa política, ideológica e teórica permanente. “Ainda mais na alfabetização, porque ela é poder. Em uma sociedade escravocrata, fundada na violência e na desigualdade, alfabetizar não é para todo mundo”, disse.

Para mudar o cenário, a especialista explica que é necessário investimento contínuo e adequado, a implementação do Sistema Nacional de Educação (SNE), garantir condições de trabalho e de infraestrutura, e a valorização e formação de professores.

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Isso porque é preciso mobilizar uma série de conhecimentos em torno da alfabetização, como o próprio objeto do conhecimento e a prática pedagógica, conhecer o sujeito como indivíduo, como ser social e cultural, e a dimensão social, histórica e política da Educação e da escola.

“E tem a Ciência Didática, que é a comunicação do conhecimento, é selecionar conteúdos, priorizar, recortar e transformar. É a ciência que nos forma e nos caracteriza e é muito desvalorizada, mas é o que nos faz professores”, definiu.

Falar de alfabetização é falar de Emilia Ferreiro

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