publicado dia 04/03/2016
18 experiências que promovem a autonomia e protagonismo dos estudantes
Reportagem: Caio Zinet
publicado dia 04/03/2016
Reportagem: Caio Zinet
A autonomia dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem e no cotidiano da vida escolar é apontada como um dos pilares dentro da agenda de fortalecimento de uma educação integral de qualidade. Tem sido, também, uma das principais reivindicações de estudantes em diversos estados do país, como ficou evidente nas recentes ocupações de escolas em São Paulo, Goiás e Belo Horizonte.
Para mostrar que outra escola é possível, listamos 18 experiências que inspiram a pensar em medidas concretas que podem ser implementadas nas instituições, servindo como referências para o desenvolvimento de novas práticas que formem sujeitos ativos e responsáveis.
Os estudantes da escola Monument Mountain Regional High School perceberam que “perdiam” 6 horas de 180 dias de suas vidas em atividades que os deixavam infelizes. Eles procuraram a direção da escola e conseguiram aprovar um projeto no qual jovens de diversas idades e séries decidem o que vão estudar, de forma autônoma. Os professores acompanham, quando solicitados, não como adultos portadores da verdade, mas como orientadores. A regra de ouro é “aprender a aprender”.
Criado em 2010, o projeto Caminho Escolar, em Barcelona (Espanha), incentiva crianças, a partir dos 8 anos, a fazer o trajeto entre a e casa a escola sozinha e de maneira segura. Para que isso se efetive, a iniciativa tem feito grandes transformações que abarcam a escola, a comunidade do bairro, as famílias e o poder público.
Inspirada pelas ideias do pedagogo Loris Malaguzzi – e na experiência da cidade vizinha de Reggio Emilia -, San Miniato desenvolveu um processo intenso de formação de professores que busca valorizar e estimular a autonomia das crianças pequenas, pensando o processo de ensino-aprendizagem a partir de projetos desenvolvidos por elas. O aspecto lúdico e organização espacial flexível e pensada para os pequenos são outros elementos presentes.
Co-construção, desenvolvimento de aprendizagens significativas para os estudantes que incentivem a livre interpretação do mundo junto com seus companheiros, família, docentes e comunidade. Esses são os princípios que norteiam a educação infantil na escola, situada na pequena cidade de Tilcara, no estado de Jujuy, no norte da Argentina.
Imagine uma escola em que todos os dias se iniciem com uma reunião entre toda a comunidade escolar para discutir quais serão as atividades desenvolvidas ao longo do dia. É assim que funciona a Riverside, na cidade de Ahmedabad, oeste da Índia. Ali, os professores discutem junto com os alunos o que será ensinado e aprendido e quais serão as atividades fora da sala de aula.
A cidade de Reggio Emilia, na Itália, organiza a sua educação a partir do pressuposto de que as crianças nascem com “cem linguagens” e que o papel do adulto é escutar sensivelmente, reconhecendo as múltiplas potencialidades dos pequenos, de maneira individualizada. As escolas na cidade italiana têm os chamados “laboratórios do fazer”, onde são combinadas linguagens gráficas, pictóricas e de manipulação de modelos e maquetes.
A escola espanhola não é uma instituição formal, mas sim um espaço educativo e ecológico, baseado nos princípios de atitude e no desenho da permacultura. Os estudantes aprendem o cuidado com a terra, com as pessoas e a como se relacionar de maneira igualitária.
O espaço físico é pensado de forma cuidadosa, de maneira a garantir às crianças e jovens espaços para reuniões, conferências ou cursos, além de dormitórios e cozinha coletivos que estimulam a convivência entre eles. Há ainda biblioteca e espaço para trabalhos com o corpo.
A Escola Emaus de Educação Infantil, em Camaçari (BA), organiza suas aulas e seus estudantes de maneira diferente. Seguindo o mesmo princípio de que as crianças chegam à escola com questões e indagações prévias que devem ser escutadas e valorizadas, os pequenos escolhem, no início do ano letivo, um tema que será trabalhado como guia para o professor desenvolver pesquisas e aulas junto com as crianças.
Todo semestre os estudantes da Escola Estadual Doutor Antônio Ablas Filho, localizada em Santos (SP), se reúnem para criar seus Clubes Juvenis. Uma vez definidos, a ideia é que esses grupos, que contam com um líder e um vice-líder, conduzam as aprendizagens acerca do tema escolhido, de maneira autônoma, junto aos demais alunos da instituição, que devem aderir por inscrição. Em 2015, a unidade da rede contou com 12 Clubes.
O próprio nome do colégio já demostra a intenção da Escola Democrática Rômulo Galvão, localizada no município baiano de Elísio Medrado. A direção, a coordenação e todos pessoas que participam da gestão escolar são escolhidas por meio de uma votação, na qual participam professores, estudantes e funcionários. A implementação de uma gestão democrática trouxe como benefício maior engajamento de todos nas ações da escola.
Estudantes desestimulados, desinteressados e sem ver sentido na escola. Os desafios enfrentados pela Escola Estadual Professor Antônio Alves Cruz eram comuns a outras instituições de ensino médio. A partir de um chamado da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a escola decidiu repensar seu funcionamento e implementar uma proposta de ensino de tempo integral, baseada na metodologia do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE).
Comunicação, cultura, protagonismo juvenil e educação. É em torno dessas áreas que se constrói a Rede Potiguar de Televisão Educativa e Cultural (RPTV). O projeto, encabeçado pelo Centro de Documentação e Comunicação Popular, em Currais Novos (RN), visa a formação de crianças e adolescentes para a produção e veiculação de conteúdos audiovisuais em um canal da televisão a cabo, além de levar cultura para escolas e comunidades.
Os princípios básicos que norteiam o projeto político pedagógico do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Paulo Rosas são aprendizagem, diálogo e respeito às etapas do desenvolvimento infantil.
A principal tônica é que todos os atores envolvidos são considerados construtores de saberes. Nesse sentido, é considerada e valorizada a forma como as crianças se relacionam umas com as outras e com os educadores, e estes com as famílias.
Na Escola Técnica Estadual (Etec) Tiquatira, os jovens possuem diálogo direto com a gestão. Líderes de sala se reúnem semanalmente com o coordenador da escola. A pauta é construída coletivamente e os estudantes trazem os assuntos mais diversos que vão desde problemas de estrutura até discussões sobre os projetos que eles querem desenvolver, ligados a temas como gênero e racismo, por exemplo.
Na Escola Municipal de Ensino Infantil Gabriel Prestes, localizada em São Paulo (SP), a principal ferramenta educativa é o diálogo por meio da roda de conversa entre crianças, famílias e professores. Esses espaços são utilizados a partir da perspectiva de estimular a escuta, a observação da fala do outro, e também são os locais em que ocorrem avaliações sobre a política escolar.
O colégio Viver, em Cotia (SP), tem como sua principal proposta de ensino a mediação da relação entre criança e aprendizagem, no qual o foco é valorizar as diversas dimensões do indivíduo, prevendo o seu desenvolvimento integral. Isso significa encorajar os alunos a lidar com a busca pelo conhecimento, a partir de uma perspectiva pessoal, dos interesses e afinidades de cada um.
A estrutura padrão de aulas dividas em 45 minutos e ministrada apenas por um docente é desafiada pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles. No lugar da aula expositiva, os estudantes passaram a receber roteiros de estudo, nos quais, desenvolvem percursos de aprendizagem individuais e em grupo sobre os mais diferentes campos do conhecimento.
Quando a diretora Eda Luiz chegou ao Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Campo Limpo, situada na Zona Sul da cidade de São Paulo, tomou uma decisão: ouvir os estudantes e entender a relação deles com o território. A diretora iniciou um processo de reconhecimento dos espaços de mobilização já existentes no bairro onde a escola está inserida e, com isso, aproximou-se dos moradores, para que, assim, as atividades escolares estivessem em diálogo constante com as iniciativas já em curso na comunidade.