Em Currais Novos (RN), estudantes são protagonistas da comunicação em suas escolas e comunidades

Publicado dia 19/01/2015

Comunicação, cultura, protagonismo juvenil e educação. É em torno dessas áreas que se constrói a Rede Potiguar de Televisão Educativa e Cultural (RPTV). O projeto, encabeçado pelo Centro de Documentação e Comunicação Popular em Currais Novos (RN), visa a formação de crianças e adolescentes para a produção e veiculação de conteúdos audiovisuais em um canal da televisão a cabo, além de levar cultura para escolas e comunidades.

O embrião da iniciativa foi uma parceria entre a ONG e a secretaria estadual de educação do Rio Grande do Norte que possibilitava a exibição de filmes, debates e a realização de oficinas em escolas públicas. A partir dessa experiência e com a possibilidade de ocupar espaço na televisão a cabo é que se criou a Rede Potiguar de Televisão Educativa e Cultural.

Prestes a completar cinco anos, o projeto atende hoje diretamente vinte crianças e adolescentes, de 12 a 18 anos. Com apoio de educadores, o grupo recebe capacitação para realizar as diferentes etapas da produção audiovisual e produz os conteúdos para a emissora educativa. As atividades acontecem diariamente no período do contraturno escolar.

O projeto também se preocupa com a formação cultural e cidadã dos jovens participantes. Assim, a produção dos conteúdos passa também por debates sobre diferentes temáticas. “Há cinco temas que perpassam os conteúdos do projeto”, explica o coordenador Raimundo Melo. São eles: o uso da imagem para a construção da memória; os direitos da criança e do adolescente; cultura popular; meio ambiente e a diversidade.

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Crianças aprendem com a comunicação. Foto: reprodução.

De portas abertas

Além da produção de conteúdo, a RPTV realiza ações com escolas e com a comunidade. Aos estudantes da rede pública de educação de Currais Novos, são oferecidas exibições de filmes, debates e oficinas de audiovisual. O trabalho nas escolas pode também ser realizado em parceria com educadores que estejam abertos a envolver o projeto em suas aulas. Raimundo acredita que o audiovisual pode potencializar o trabalho dos professores e exemplifica com a possibilidade de realizar um diagnóstico do meio ambiente da comunidade com o uso de foto e vídeo. “Com isso, acreditamos que podemos contribuir com a dinamização do espaço escolar, contribuir com o diálogo entre a escola e a comunidade e abordar o papel da comunicação para a discussão da realidade local”, explica.

O terceiro espaço de atuação da RPTV é junto à comunidade quilombola Negros do Riacho. Ali, a cada semana são realizadas atividades que incluem a exibição de filmes, contação de histórias e produção de vídeos e fotográficas do local. A partir de discussões com a comunidade, o grupo percebeu a necessidade de preservação da cultura e identidade locais. Assim, a comunidade, em parceria com a ONG está construindo um local de memória com o material fotográfico produzido pelos próprios jovens, que tornam-se protagonistas no resgate e valorização da história da comunidade.

Principais resultados

Segundo Raimundo, professores relatam maior interesse pela escola e pelos conteúdos e atitudes mais solidárias e de cooperação são alguns dos impactos perceptíveis que a RPTV gera nas crianças e adolescentes que participam do projeto. “Há uma ampliação do olhar para a cultura local e para o próprio sentido do ato de aprender”, conta o coordenador da RPTV. “Estamos contribuindo para a formação de um cidadão que tem um olhar diverso e mais amplo”, complementa, associando o processo de comunicação local, ferramentas necessárias à aprendizagem, como pesquisa, leitura, escuta, construção textual e trabalho em grupo.

Crianças em atividade da RPTV. Foto: Reprodução.

Crianças em atividade da RPTV. Foto: Reprodução.

O coordenador explica também que o projeto apoia o desenvolvimento da comunicação pessoal, por meio do protagonismo que possuem na RPTV. “É um espaço em que o estudante é estimulado a falar e em que há a prática do diálogo; então temos a superação da timidez e adolescentes se expressando melhor.”

Além das 20 crianças e adolescentes atendidas diretamente, o projeto chega a 130 estudantes da rede pública e mais 80 crianças da comunidade quilombola, formando uma extensa rede de jovens comunicadores, engajados com sua própria aprendizagem e desenvolvimento sustentável de suas comunidades.

 

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