Como iniciar uma proposta de atividade na perspectiva interdisciplinar?

Publicado dia 06/07/2016

Um trabalho na perspectiva interdisciplinar é pautado no diálogo entre os seres humanos e as disciplinas. Assim, entendemos que não existe um passo a passo inflexível, que seria incoerente, mas o registro das vivências que a equipe envolvida tenha percorrido. Por isso, enfatiza-se a importância de materializar a experiência por meio da escrita.

Por Rosangela Valerio, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade (Gepi) da PUC-SP

Em todos os lugares por onde passamos, surgem as perguntas: como iniciar um trabalho interdisciplinar? Como praticar a interdisciplinaridade? Como efetivá-la? Como isso é possível a partir do currículo? Na tentativa de iluminar esse caminho é que deixamos algumas proposições que podem nortear este diálogo.

 

Primeira fase

Os primeiros movimentos interdisciplinares exigem a leitura e compreensão sobre os aspectos históricos do bairro onde se localiza a escola; a formação da comunidade; a história de vida dos gestores, discentes, docentes e funcionários, entre outros aspectos. Essas informações devem tentar responder à pergunta: “qual a função social desta instituição?”.

Segunda fase

Entendido o papel social da instituição e dos atores que a compõem, é o momento de refletir sobre suas práticas. Como são as práticas em sala de aula? Por que a realizamos dessa maneira? Eu ou a equipe deseja fazer algo diferente? Por quê? É possível sensibilizar e encontrar outros parceiros? Como fazer? Essas sugestões são importantes para desencadear a reflexão e o diálogo.

Terceira fase

A mudança nas práticas escolares, por sua vez, refletem diretamente sobre o trabalho do professor. Por isso se faz necessário refletir como a interdisciplinaridade pode se colocar já no momento da formação desse profissional. Nas escolas públicas estaduais de São Paulo podemos utilizar o espaço e tempo do Hora de Trabalho Pedagógico (HTCP) e, nas demais instituições, o espaço reservado para as formações.

A perspectiva interdisciplinar exige que o docente esteja bem preparado em relação a disciplina que ministra e, além do mais, tenha o desejo de inovar, ser criativo, aberto ao novo e tenha a humildade de ensinar ao colega e também aprender com ele, interagindo em ciclos que não se fecham, mas que circundam.

transformacao_borboleta_ideia_inovacao_cores_interdisciplinar_Cranach Espera-se que a formação docente possibilite ao professor conhecer a história da interdisciplinaridade nos contextos brasileiro e mundial; seus conceitos, princípios e práticas, entre outros, para posteriormente efetivá-los com conhecimento, com sustentação teórica e metodológica.

As reuniões docentes necessitam também dialogar em torno do currículo prescrito, para superar o isolamento dos seres e dos conteúdos programáticos e caminhar em torno das convergências entre as áreas do conhecimento, os eixos temáticos, até encontrar as similaridades capazes de orientar o projeto político-pedagógico.

Entenda:
Por definição, o termo interdisciplinaridade é bastante autoexplicativo. Diz de algo “que estabelece relações entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento” ou “que é comum a duas ou mais disciplinas”. Na prática, no entanto, o movimento interdisciplinar precisa se ancorar em algumas diretrizes que o fortaleça como uma nova estratégia de pensar a educação e o afaste de algumas armadilhas comuns. Continue lendo…

Espera-se que isso resulte no diálogo entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando as redes de aprendizagem e a organização da Matriz Curricular em uma perspectiva de gestão democrática e participativa.

A Base Nacional Comum (BNCC) e a parte diversificada não podem ser vistas como incomunicáveis, com disciplinas específicas para cada uma das partes, mas sim  organicamente planejadas de modo a dialogar entre si.

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Quarta fase

No momento de realizar as atividades planejadas, é necessário ter em mente a corresponsabilidade e fazer bem a sua parte, entendendo que ela está interligada e conectada ao todo planejado. Na perspectiva interdisciplinar, as práticas se revelam como currículo vivo, permeado de alegria pela aprendizagem, e pelo gosto e desejo de aprender cada vez mais. São subsidiadas pela consciência de que o processo de ensino aprendizagem entre docentes e discentes é efetivado por meio de práticas alegres e significativas para todos os partícipes.  

Quinta fase

Por fim, espera-se a partilha da corresponsabilidade e  a avaliação do todo interdisciplinar. Nesta fase do diálogo, é possível refletir sobre todas as anteriores, registrando os avanços e os desafios no caminhar pedagógico na perspectiva interdisciplinar.

Aqui, é como se olhássemos o filme desta história, revendo as práticas da equipe, avaliando como eram e como se constituíram. Além do mais, é possível dar significado e ressignificado, partilhar da alegria e do agradecimento pelas vivências. Enfim, um trabalho na perspectiva interdisciplinar exige colocar em prática os quatro pilares da Educação: Aprender a Conhecer, Aprender a fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser, sendo o último essencialmente importante e capaz de ancorar a mais alta das aprendizagens, o ser interdisciplinar.

Escola

Como elaborar uma proposta pedagógica com foco em Educação Integral?

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