Qual o papel da comunidade na Educação Integral?
Publicado dia 07/10/2013
Publicado dia 07/10/2013
O desenvolvimento integral das crianças e jovens não é responsabilidade apenas da escola e da família. Quanto maior o envolvimento da comunidade, maiores são as possibilidades da educação integral se tornar uma realidade e alcançar seus objetivos.
Para tanto, é preciso que todo o entorno da escola se torne efetivamente um território educador, permitindo que os alunos aprendam a toda hora, em diferentes lugares e com as mais variadas pessoas, cada qual contribuindo com uma parcela da sua formação.
Nessa perspectiva, com o objetivo de estimular a participação da comunidade (seus indivíduos, organizações e equipamentos) nas escolas e na discussão sobre Educação Integral, mais de 50 especialistas (organizações e indivíduos) no tema* indicam as seguintes recomendações às escolas, às instituições da comunidade e à gestão pública:
Compreende seu território como uma grande sala de aula, na qual a educação acontece a toda hora e em todo lugar, como resultado de um esforço compartilhado por toda a comunidade.
Entende que a educação integral não acontece apenas nas instalações e com os profissionais que trabalham na escola, mas como uma prática pedagógica que reconhece e integra as oportunidades educativas do território.
Colabora com a realização de diagnósticos participativos e mapeamento de recursos educativos locais, para apoiar a escola a conhecer melhor o território e utilizar seus ativos no processo de educação integral.
Participa da construção e gestão do projeto político pedagógico de suas escolas.
Integra as instâncias de participação das escolas, como comitês escola-comunidade, conselhos escolares, comissões de trabalho, etc.
Atua como protagonista de processos educativos, compartilhando seus saberes, apoiando os professores na condução de atividades, relacionando os conteúdos acadêmicos com a cultura local.
Cria canais de escuta para ouvir a comunidade sobre o que ela espera da escola e como pode agregar ideias e conhecimentos ao processo de educação integral.
Comunica-se frequentemente com a comunidade, difundindo suas ações de educação integral e convidando-a a participar, por meio de linguagem e canais adequados, inclusive via processos de educomunicação e comunicação comunitária.
Investe na formação dos gestores, coordenadores pedagógico e professores para que reconheçam a importância e saibam como promover a participação da comunidade na escola, inclusive podendo contratar ou designar educadores comunitários que cuidem prioritariamente desta relação.
“Logo quando assumi, um muro alto de alvenaria e com arames farpados nas pontas cercava todo o prédio: quem estava dentro não enxergava nada que ocorria na rua e quem estava de fora, muito menos. E, dentro da escola eu tinha questões sérias de violência e muito desrespeito entre todos. Nessa época eu pensei, como eu posso mudar a relação dentro da escola sozinho? Eu preciso da comunidade aqui, dentro, fazendo parte do cotidiano. Meu primeiro passo então, tem que ser derrubar esse muro e tornar essa escola permeável ao seu entorno.” Braz Nogueira, diretor da EMEF Presidente Campos Salles, na capital paulista. A escola é o ponto central do Bairro Educador de Heliópolis.
Desenvolve novas metodologias e práticas pedagógicas que valorizam os conteúdos e saberes locais, envolvendo agentes e espaços da comunidade no processo de ensino e aprendizagem.
Estimula a participação da comunidade no planejamento e gestão do programa de educação integral, gerando sentimento de corresponsabilidade em relação ao desenvolvimento integral das crianças e jovens.
Cria e/ou fortalece instâncias de participação que envolvem a comunidade, como comitês de articulação escola-comunidade, conselhos escolares, comissões de trabalho, etc.
Atua com transparência, compartilhando seus planos e suas dificuldades com a comunidade, para que esta possa contribuir com a viabilização do seu projeto de educação integral.
Constitui e trabalha em rede para articular ações intersetoriais que deem conta do desenvolvimento integral dos alunos.
Contribui para a construção do imaginário da comunidade como um território educador, evidenciando o impacto da educação integral no desenvolvimento local e vice-versa.
Reconhece que o desenvolvimento integral dos alunos envolve as dimensões política e social, cujas competências se constroem na interação com a comunidade, inclusive com o envolvimento dos estudantes na busca de soluções para os problemas do seu território.
Mapeia e participa dos movimentos sociais em prol de melhorias para a própria comunidade, percebendo-se como um agente de transformação local.
Promove espaços e ações que favorecem a interação com a população local, inclusive abrindo a escola para atividades da comunidade.
Repensa seu projeto arquitetônico, a fim de abrir mais canais de interação com a comunidade.
Assista a vídeo de Braz Nogueira, diretor da EMEF Campos Salles, que realiza intenso trabalho de aproximação entre a escola e a comunidade de Heliópolis, em São Paulo: