O que o currículo de boa parte das escolas brasileiras retrata é muito diferente da história, cultura e identidade das crianças e adolescentes que estudam a partir dele. Mudar essa realidade é o objetivo da Justiça Curricular.
Trata-se de construir coletivamente, com estudantes, famílias e comunidades, um currículo comprometido com a justiça social, por meio de reflexão crítica da realidade, e com conhecimentos e práticas avaliativas que dialoguem com o território da escola. Ele vai permear o trabalho pedagógico do ano todo, não apenas em eventos pontuais.
Justiça Curricular é valorizar a diversidade, as histórias, culturas, saberes e fazeres africanos, afro-brasileiros, indígenas e do território e das famílias dos estudantes. E também compreender conceitos como branquitude e privilégio branco e as manifestações do racismo na escola e em seu entorno.

Em Diadema, crianças participam do projeto “Ndapandula Mama África”, com músicas, contação de histórias, brincadeiras e exercícios de leitura.
Crédito: Secretaria Municipal de Educação de Diadema (SP)
Ampliar o leque de possibilidades metodológicas (práticas inovadoras, participativas, acessíveis e democráticas) e garantir que as metodologias empregadas estejam centradas nos(as) estudantes e suas comunidades e/ou grupos de pertencimento também é essencial.
A forma de pensar avaliação também faz parte de promover a Justiça Curricular. É preciso considerar aspectos de desenvolvimento e aprendizagens locais nos modelos de avaliação educacional, garantir que elas não sejam apenas quantitativas, não fragmentem o conhecimento e não reforcem a competição entre estudantes e o ranqueamento de escolas e promover avaliações que valorizem a aprendizagem de conhecimentos, valores e condutas antirracistas.
Condições para efetivar a justiça curricular
Para tanto, é primordial que os profissionais da Educação recebam condições para realizar esse trabalho, como formação continuada em serviço, materiais pedagógicos adequados e liberdade para trabalharem as temáticas das diversidades sem ameaças, políticas de censura e cerceamento de sua liberdade de cátedra.
As próprias escolas devem ter autonomia para construir seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) a partir das relações com a comunidade, território e contexto.
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