O conceito de Comunidades de Aprendizagem dialoga estreitamente com os conceitos de Bairro-escola, Território Educativo e de Cidade Educadora. Comunidades de Aprendizagem dizem respeito a projetos educativos que extrapolam os limites da escola, envolvendo toda a comunidade no processo de formação de seus indivíduos.
Podemos definir Comunidades de Aprendizagem como uma proposta de transformação social e cultural que envolve alunos, professores, pais e demais cidadãos locais na construção de um projeto educativo e cultural próprio, para educar a si, suas crianças, seus jovens e adultos.
No entanto, apesar de haver consenso quanto à necessidade de envolver os diferentes sujeitos de uma comunidade em seus projetos educativos, existem diferentes visões sobre como estas propostas devem ser construídas. Assim, o termo Comunidades de Aprendizagem tem sido utilizado por diferentes projetos pedagógicos em andamento e por diferentes autores, acadêmicos e especialistas no Brasil e no mundo.
Na Espanha, segundo a abordagem do Centro Especial de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades (CREA) da Universidade de Barcelona, Comunidades de Aprendizagem se referem a um conjunto de escolas que tomaram pra si o desafio superar o fracasso educacional e reverter os baixos índices de aprendizagem. A metodologia, surgida por volta de 1995, em Barcelona, tem foco tanto no aspecto instrumental do saber quanto nos laços da comunidade com a escola, e é hoje aplicada em mais de 120 instituições de ensino. Nas Comunidades de Aprendizagem espanholas, pais de estudantes, lideranças comunitárias e até ex-alunos são convidados a contribuir para o sucesso escolar de todos.
De acordo com Roseli de Mello, pesquisadora do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (Niase), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que após conhecer a experiência das Comunidades de Aprendizagem espanholas vem desenvolvendo o conceito no Brasil, “as comunidades de aprendizagem são aquelas onde há diversificação de interações e atividades e intensificação dos tempos de aprendizagem”.
Em diálogo com a metodologia das Comunidades de Aprendizagem espanholas e a partir de pesquisa Includ-ED realizada pelo CREA, o Instituto Natura passou a desenvolver, em algumas cidades brasileiras, projetos para transformar centros educativos em Comunidades de Aprendizagem. O foco dessa proposta está na aprendizagem dos alunos e no envolvimento de familiares e membros da comunidade em um ambiente de diálogo igualitário que, por meio de sete atuações educativas de êxito, converte a escola em um espaço onde “todos são responsáveis, todos aprendem, todos ensinam”.
Já o educador José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, em Portugal, e apoiador do Projeto Âncora, em Cotia (SP), defende que Comunidades de Aprendizagem não são projetos de escolas, mas justamente a superação do modelo educacional baseado em aulas, séries e disciplinas. Para o educador, as Comunidades de Aprendizagem são “práxis comunitárias baseadas em um modelo educacional gerador de desenvolvimento sustentável. É a expansão da prática educacional de uma instituição escolar para além de seus muros, envolvendo ativamente a comunidade na consolidação de uma sociedade participativa.”
Para saber mais
Site do instituto Natura sobre a concepção de comunidade de Aprendizagem: http://www.comunidadedeaprendizagem.com/
Reportagem do Portal Aprendiz sobre o tema: “José Pacheco: Cotia deve ser uma cidade educadora com 300 mil alunos“.
Mello, Roseli, Gabassa, Vanessa e Bragam Fabiana. Comunidades de Aprendizagem: outra escola é possível. 2012, São Carlos: EDUFSCar.
Torres, Rosa Maria. Comunidade de Aprendizagem: A educação em função do desenvolvimento local e da Aprendizagem. Instituto Fronesis. www.fronesis.org. In. MEC, Tv Escola/Salto Para o Futuro – Educação Integral: Elementos para o Debate Necessário. Disponível online.