Protagonismo dos estudantes é pilar do tempo integral na UMI Tânia Leite Santos

Publicado dia 03/12/2024

Selo que identifica o Especial Escolas de Educação IntegralCom aulas de robótica, astronáutica e clubes criados pelos estudantes, a Unidade Mais Integral (UMI) Tânia Leite Santos, em Açailândia (MA), usa o tempo integral para favorecer os interesses e potencialidades de seus estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental. Conheça a história da escola e confira um Raio-X detalhado do trabalho da Tânia Leite Santos no Especial Escolas de Educação Integral.

Os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental da Unidade Mais Integral (UMI) Tânia Leite Santos, em Açailândia (MA), criaram uma solução prática para ajudar um funcionário da escola a fazer a contagem diária de estudantes para planejar a quantidade de merenda e reduzir o desperdício de alimentos. 

Antes, a contagem era manual, até que os estudantes desenvolveram e implementaram um cartão de acesso que é utilizado na entrada da escola. Os dados vão para uma planilha, além de uma mensagem para a família com o horário de entrada e saída. A iniciativa também ajuda a monitorar a falta dos estudantes e conter a evasão escolar. 

“Ganhamos duas bolsas do CNPQ [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] com esse projeto. Temos outro que foi aceito na Feira Nacional de Ciências, em que os estudantes desenvolveram um um repelente à base de Melão de São Caetano”, relata Fabiana Barros, gestora pedagógica da unidade. 

Inovação e criatividade em meio aos desafios estruturais 

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O projeto de cartão de acesso, desenvolvido pelos estudantes, em uso na entrada da escola

Crédito: Fabiana Barros

As inovações dos estudantes são fruto do espaço que a escola dá para que a criatividade deles ganhe vida. São eles que criam e conduzem clubes de leitura, culinária, dança e jogos de tabuleiro, por exemplo. 

A cada seis meses, também participam de uma grande feira de projetos, em que os professores apresentam propostas a serem desenvolvidas com as turmas, como estudar a cultura maranhense ou a poluição do ar. Os estudantes se inscrevem no que mais se interessar, independentemente da seriação. 

“Temos um projeto de Protagonismo, em que as meninas tiveram a ideia de sempre ter absorvente, cremes e outros produtos de higiene e cosméticos no banheiro, depois que elas perceberam que muitas colegas não tinham acesso a isso”, conta a professora Ana Claudia Leal de Sousa.

A professora também conduz o Estudo Orientado com as crianças e adolescentes, em que duas vezes por semana eles conhecem diferentes métodos de estudo e aplicam às áreas do conhecimento.

“Usamos jogos, grupos interativos, exploramos outras áreas da escola e ao ar livre”, afirma a professora Ana Claudia Leal de Sousa.

“Ano passado eles tiveram a ideia de gravar um podcast explicando alguns conteúdos para os colegas. Eles também já criaram músicas sobre os conteúdos e montaram grupos de estudos para ajudar quem estava com mais dificuldades”, lembra a professora, que leciona Geografia.

Nas aulas do currículo comum, a equipe docente também se empenha em diversificar as metodologias e os espaços. “Usamos jogos, grupos interativos, exploramos outras áreas da escola e ao ar livre. Como passamos dois turnos aqui, fazemos essas mudanças e acabamos tendo uma ligação maior com os estudantes”, relata Ana Claudia, que está na escola há três anos.

A escola também trabalha com tutores, professores responsáveis por acompanhar um pequeno grupo de estudantes de perto. “Uma de suas funções é registrar qual é o sonho do aluno, o que ele deseja e pensa”, explica Fabiana. 

Os encontros são quinzenais, podem ser individuais ou em grupo, e convocados sempre que necessário. O foco é sempre estar atento à função da escola para a vida de cada um. 

No caso dos filhos de 13 e 14 anos de Tereza de Jesus Pires Moraes Santos, que estão na escola há três anos, a mãe relata perceber o despertar das potencialidades de cada um.

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Equipe de astronáutica prepara foguete de materiais recicláveis para ser lançado

Crédito: Fabiana Barros

“O mais velho está na equipe de robótica e já ganhou várias competições. Percebo quanto isso tem estimulado, motivado ele, que já sabe o que quer no Ensino Médio e no Ensino Superior. A autoestima dele mudou. Até então, ele só fazia o que mandavam, agora é ele quem vai atrás do conhecimento porque sabe que é importante para ele”, diz Tereza.

O filho mais novo integra a equipe de astronomia e astronáutica, que entre outros estudos e projetos, monta e lança pequenos foguetes. “Ele cresceu muito em termos de conhecimento e a dificuldade de concentração dele melhorou, porque ele encontrou algo pelo que ele realmente se interessa”, comemora a mãe. “Agora ele diz que quer ser cientista”, afirma.

A riqueza do trabalho da UMI Tânia Leite Santos acontece apesar de dificuldades estruturais. Falta um pátio grande o suficiente para realizar atividades com todo mundo junto, uma cobertura para a quadra e apoio para saídas pedagógicas. “Também queremos trazer as famílias para mais perto da escola”, diz Fabiana.

Inclusão: currículo e prática

Para garantir a inclusão de todos os estudantes nas atividades da escola, há acessibilidade física, professores auxiliares e intérpretes de Libras. Para adaptar o currículo, atividades, avaliações e o que for necessário para garantir a participação de todos, as professoras trabalham em conjunto com a profissional do Atendimento Educacional Especializado, que também realiza formações em Educação Inclusiva para a comunidade escolar.

“Mas em geral os próprios colegas da turma acolhem, ajudam e se preocupam com nossos estudantes com deficiência. Raramente temos algum conflito por causa disso”, afirma Ana Claudia.

Ela atribui boa parte dessa conquista ao trabalho pedagógico, que aborda constantemente questões sociais, como racismo, capacitismo, lgbtfobia e machismo. “Os que compreendem mais rápido, ajudam os demais. Vemos eles corrigindo os colegas e incentivando a mudança de comportamento”, diz.


Ficha técnica | Especial Escolas de Educação Integral

Coordenação técnica: Fernando Mendes, Natacha Costa e Raiana Ribeiro
Edição: Tory Helena
Reportagem: Ingrid Matuoka
Conteúdo digital: Larissa Alves
Design: Vinicius Corrêa

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