No Maranhão, campanha Por Ser Menina mobiliza comunidade escolar a discutir questão de gênero

Publicado dia 02/12/2013

Iniciativa: Por ser Menina

Pública ou Privada: 3º setor

De acordo com a pesquisa London School of Economics (LSE), em parceria com a Plan International Brasil, realizada em 141 países mais de 1/4 das meninas em todo o mundo passam por situações de abuso sexual e violência e 66 milhões ainda estão fora da escola.

Para alertar meninas que moram no Maranhão sobre a problemática e trabalhar a questão de gênero nas escolas públicas locais, a Plan International Brasil, organização que trabalha em defesa dos direitos da infância, lançou a campanha Por Ser Menina, que tem como intuito fortalecer o direito à educação e à segurança de meninas e mulheres dos municípios da região.

Por Ser Menina/ Créditos: Divulgação

Por Ser Menina/ Créditos: Divulgação

A campanha promove diálogo sobre o tema com três públicos distintos a partir de oficinas sobre a temática. Com os professores, coordenadores pedagógicos, gestores, a organização realiza oficinas voltadas para a prática pedagógica, em encontros mensais,  que contam com a parceria das secretarias de educação de cada município.

Formação com profissionais da educação

A organização desenvolve aquilo que denominam de “currículo oculto” dos profissionais de educação, que diz respeito às referências pessoais que cada um traz para o cotidiano escolar, e que, por muitas vezes e não intencionalmente, reproduz as desigualdades de gênero. Como exemplo, é comum que educadores reproduzam que a prática de futebol é um esporte de meninos ou que “brincar de bonecas” é uma atividade voltada para meninas. Assim, para transformar essa situação, as aulas trazem dinâmicas, cases e textos teóricos, que ajudam os professores a enxergarem novas formas pedagógicas de atuação.

Em parceria com as secretarias estaduais de Direitos Humanos e Igualdade Racial e com secretariais municipais nas cidades onde acontecem as atividades, a organização já conseguiu que a discussão sobre gênero fosse implementada na formação continuada dos profissionais da rede municipal dos locais onde atua, por mais que o projeto aconteça diretamente apenas em 12 escolas.

O envolvimento das famílias

Para a organização, a fim de alcançar resultados positivos, a formação com os familiares deve ser realizada concomitantemente com a dos profissionais escolares. Com as famílias, o trabalho é desenvolvido tanto dentro das escolas, quanto em espaços comunitários dos municípios. A  formação contempla explicações sobre as diversas formas de violência contra a mulher, mostrando aos pais, mães e responsáveis que dividir tarefas de casa por gênero também é uma forma de reproduzir o machismo já na infância.

Oficinas para meninas e meninos 

PROJETOS PLAN - CODO

Comunidade Santo Antonio dos Preto-MA/ Crédito: Plan/LeoDrummong

As meninas e também meninos, participam de oficina sobre o assunto uma vez por semana, com parte das atividades escolares das unidades de ensino onde estudam. Com linguagem distinta dos materiais utilizados com adultos, as aulas mostram os mesmos temas, desenvolvendo com as meninas práticas de autoconhecimento, nas quais têm a oportunidade de aprender sobre diferentes tipos de violência da qual podem ser vítimas e como podem se defender. Com os meninos, o trabalho tenta mostrar que as garotas têm os mesmos direitos de brincar e aprender sobre temas que são socialmente considerados masculinos.

As estudantes participam ainda de aulas de capoeira, percussão, hip hop, judô e futebol. A escolha dessas atividades tem como intuito mostrar que essas modalidades esportivas não são realizadas apenas pelo gênero masculino, quebrando possíveis paradigmas existentes no ambiente escolar.

A iniciativa acontece em 12 escolas públicas maranhenses, localizadas nos municípios de São Luís, São José do Ribamar, Paço do Lumiar, Codó, Peritoró e Timbiras, em parceria com as secretarias municipais de educação de cada cidade.

Início e duração: o projeto foi dividido em duas fases, sendo a primeira para 2012 a 2014 e a segunda fase de 2014 a 2017
Local:  São Luis, Codó, Paço de Lumiar, São Jose do Ribamar, Timbiras e Peritoro, no Maranhão.
Responsáveis:
Plan Brasil
Envolvidos e parceiros: Secretarias municipais de São Luis, Codó, Paço de Lumiar, São Jose do Ribamar, Timbiras e Peritoró, além de escolas, associações de bairro e comunitárias e secretarias estaduais da igualdade racial e dos direitos humanos.
Financiamento: Nívea, HSBC, entre outros.

Principais resultados

A partir das atividades, as meninas participantes passaram a compreender as formas como poderiam se defender da violência que sofriam. Foi constatado também que o número de denúncias aumentou, identificando que as meninas passaram a falar sobre possíveis violações de direitos. Os professores (as) também passaram a diversificar suas formas de ensino, o que aumentou a participação das meninas em diversas atividades.

Em Codó, um dos municípios participantes, o dia 11 de outubro foi instituído como o dia municipal da menina, reconhecendo as barreiras de gênero e combate à violência contra a menina/mulher.

Por meio do contato com as secretarias municipais de educação criado durante as oficinas, o projeto influenciou que a Secretaria Municipal de Educação de São Luís incluísse a questão de gênero no sistema de treinamento continuado do grupo gestor de cada escola, fazendo com a questão fosse inserida no calendário letivo das unidades, mesmo que ela não esteja participando diretamente do projeto da Plan.

Já foram realizadas oficinas para mais de 80 profissionais da educação, que se tornaram multiplicadores das práticas em suas comunidades e instituições de ensino.

Por que falar de gênero na escola?

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