Formação continuada: 3 maneiras dos professores aprenderem entre si
Publicado dia 11/07/2018
Publicado dia 11/07/2018
Com horários lotados, pilhas de trabalhos e a pressão infinita para se preparar para amanhã, não é de admirar que muitos professores gastem pouco tempo fora de suas próprias salas de aula. Mas algumas escolas perceberam que, quando os professores têm oportunidades regulares e estruturadas de aprender juntos, é mais provável que boas ideias circulem de uma sala de aula para outra.
Texto de Suzie Boss, publicado originalmente no site Edutopia com o título 3 Ways to Unlock the Wisdom of Colleagues.
“Estamos pedindo aos professores que saiam da zona de conforto”, explica Pauline Roberts, especialista em instrução da Birmingham Covington School, em Michigan, Estados Unidos, onde os professores regularmente fornecem feedback sobre o ensino de seus colegas. “Somos criaturas que vivem atrás de portas fechadas”, acrescenta.
Incentivar os professores a aprender juntos não é uma ideia nova. Há mais de três décadas, pesquisadores identificaram a colaboração entre professores – incluindo tempo para os colegas discutirem os desafios da sala de aula, projetarem materiais de aprendizagem juntos e criticarem a prática uns dos outros – como uma pedra angular do sucesso escolar. A colaboração também é listada como uma característica-chave para tornar o desenvolvimento profissional eficaz, segundo pesquisa de 2017 do Learning Policy Institute feita pela professora Linda Darling-Hammond e seus colegas.
Colaboração leva tempo e planejamento. Se a observação em sala de aula se tornar parte da estratégia de uma escola, os gestores precisam reservar um tempo durante o dia escolar normal para a aprendizagem profissional compartilhada entre os funcionários. Os líderes das escolas também devem ter objetivos claros para o programa de observação e protocolos para manter a discussão nos trilhos e garantir que o tempo não seja desperdiçado.
Em Wyoming, Michigan, e Washington, DC, as seguintes escolas apresentam modelos inovadores de colaboração de professores que podem ser incorporados à rotina letiva.
A cada ano, mais de 1.000 pessoas visitam os corredores da Universidade de Wyoming Lab School em busca de inspiração. A escola, nacionalmente conhecida por sua inovação no ensino, está localizada no campus da universidade em Laramie e faz parceria direta com a Faculdade de Educação.
Um espírito de aprendizado contínuo permeia a escola, que encoraja todos os professores – desde o principiante até o veterano – a procurar e experimentar novas práticas sem medo do fracasso. O processo é apoiado ativamente por meio de trilhas de aprendizagem, durante as quais os professores se observam e obtêm insights e ideias que podem ser replicados em suas próprias salas de aula.
“Às vezes, as melhores coisas acontecendo estão acontecendo em seu próprio prédio, e você pode perdê-las porque está ocupado fazendo o que é de sua responsabilidade”, explica Abby Markley, professora do 5º ao 8º ano.
Durante as trilhas – que acontecem em um ritmo acelerado – professores e professores em treinamento participam de cinco a 10 aulas por cinco minutos, tomando nota de práticas de ensino particularmente eficazes e, em seguida, discutindo-as como um grupo. Como o tempo do professor é precioso, um facilitador marca o tempo e mantém o fluxo da reflexão.
Nas trilhas seguintes, a ordem é invertida. Um professor que anteriormente era um visitante agora pode hospedar um grupo inquisitivo – garantindo que os ciclos de feedback sejam contínuos e que todas as salas de aula se beneficiem da sabedoria de toda a comunidade.
Na Two Rivers Public Charter School, em Washington, DC, os professores se reúnem regularmente fora do horário de aula para examinar as trajetórias acadêmicas dos alunos em equipe. Nesta escola de alto desempenho, os alunos lidam regularmente com problemas do mundo real, olhando para a comunidade.
“A razão pela qual observamos o trabalho dos alunos é para ajudar os professores a se tornarem melhores professores”, diz Jessica Wodatch, diretora executiva da escola. Como resultado, acrescenta, os professores “são mais capazes de orientar e facilitar um nível mais profundo de aprendizado dos alunos”.
Usando um protocolo estruturado, os professores examinam amostras de trabalhos dos alunos da lição específica dada por um colega, como uma aula de matemática do 3º ano sobre gráficos. Primeiramente, pede-se aos professores que considerem como responderiam à tarefa se fossem os alunos. Em seguida, analisam o trabalho do aluno para procurar evidências concretas e específicas sobre o que os alunos aprenderam e, por fim, fazem um brainstorming de feedback sobre como melhorar o ensino do colega docente.
O professor que está recebendo as informações normalmente obtém novas ideias para melhorar o restante da matéria, junto com o incentivo para continuar fazendo o que já está funcionando bem.
Na Birmingham Covington School, escola pública em Bloomfield Hills, Michigan, os professores identificam-se como uma comunidade de aprendizes que usam o feedback planejado entre pares para ajudar a elevar os resultados dos alunos em toda a escola. O centro dessa abordagem é a prática dos laboratórios de professores, que permitem que os professores reflitam sobre suas habilidades com o apoio de seus colegas.
Cada laboratório de professor dura três horas e concentra-se em um tópico específico do ensino que os professores escolhem para explorar juntos, como estratégias para o envolvimento do aluno. Os participantes de diferentes áreas de conteúdo reúnem e discutem as melhores práticas relacionadas ao tópico antes de observarem uma aula em sala, facilitada por um professor que se ofereceu para ser o anfitrião.
Uma discussão estruturada com um orientador se dá em seguida, gerando conclusões que os participantes podem aplicar em seus próprios contextos de sala de aula.
Um laboratório de professores focado na resolução de problemas pelo aluno, por exemplo, começou com os professores ouvindo atentamente as conversas dos alunos. Durante o interrogatório que se seguiu à lição, eles compartilharam observações positivas com o professor anfitrião, como o uso frequente de linguagem acadêmica nas discussões dos alunos e a disposição dos alunos de pedir ajuda quando precisavam – para que “todo mundo saísse com algum novo conhecimento, alguma nova perspectiva adquirida ”, diz a especialista Pauline Roberts.
O desafio para muitas escolas é encontrar tempo para que os professores se conectem intencional e reflexivamente com a revisão de suas práticas para além do bate-papo informal no corredor ou no banheiro.
Abrir essas portas também pode provocar sentimentos de vulnerabilidade, especialmente se os professores não estiverem acostumados a observar colegas ou compartilhar suas lições. Manter o foco na aprendizagem profissional, não na avaliação do professor, é um passo importante na construção de uma cultura mais colaborativa.
Para incentivar mais colaboração dos professores em sua escola, é preciso considerar: