Escola peruana centra projeto pedagógico nas relações com a aprendizagem
Publicado dia 26/05/2015
Publicado dia 26/05/2015
Em um movimento contrário ao panorama educacional conservador da cidade de Cusco, no Peru, surge em 2008 o Colégio Talentum. A instituição nasce com o intuito de tornar-se um espaço de aprendizagens integradas para crianças, com projeto pedagógico direcionada a elas, impulsionada pela experiência frustrante de uma de suas fundadoras, Carmen Echarry, com as escolas tradicionais. É recorrente a lembrança da educadora de salas de aula lotadas de alunos e aulas ministradas em microfones, de maneira padronizada.
De início, a escola tomou para si o princípio da inclusão e buscou trabalhar com crianças aparentemente “fora da curva de aprendizagem”, ou seja, tanto aquelas com dificuldades quanto as que possuem altas habilidades reconhecidas, a partir de um projeto político pedagógico que dialogasse com a diversidade presente nesse processo.
Umas das inspirações de Carmen para a consolidação de um outro modelo escolar veio do documentário A Educação Proibida, realizado em 2012 pelo diretor Germán Doin, e também do contato com alguns projetos de escolas alternativas. Essas experiências apoiaram o desenho da instituição como uma escola livre.
Vídeo do documentário A Educação Proibida.
Durante a consolidação da proposta, a gestora enfrentou algumas incompreensões como caso de familiares que, acostumados a propostas mais tradicionais, acabaram por deixar a instituição. Outra dificuldade foi estabelecer uma relação de parceria com os professores, já que, impelidos por condições de não valorização profissional, acabavam por flutuar no mercado em busca de mínimas diferenças salariais e possibilidades de certificação.
Isso fez com que a escola se organizasse do ponto de vista da gestão para garantir uma política interna de valorização dos professores, que conta com plano de carreira e planejamento salarial. Se por um lado alguns familiares negaram a proposta, outros, por já terem acompanhado e se decepcionado com os processos tradicionais de educação, viram na escola uma possibilidade de proporcionar a seus filhos o acesso a outros métodos educativos.
Por ser uma instituição privada, a escola concede bolsas de estudos para estudantes de baixa renda, alguns com cobertura integral. A instituição vive das mensalidades e também do aporte financeiro feito pela própria diretora e seu marido, grande apoiador do projeto desde o início. Atualmente, a instituição conta com 70 alunos e 13 professores, proporção entendida como essencial para garantir uma educação mais personalizada, de acordo com as necessidades das crianças.
A gestora tem buscado articulação para a possível formação de uma rede de escolas alternativas na região de Cusco; a organização pode fortalecer as instituições em seus processos e experiências pedagógicas.
A experimentação está em todos os espaços do Colégio Talentum. A ideia é que pela manipulação de objetos e recursos diversos, os alunos transitem por cores, texturas, odores e sabores. A proposta pedagógica é que, com essas ações, as crianças possam estimular a autonomia e o protagonismo.
É comum vê-los manipulando os próprios alimentos, lavando e picando, sob acompanhamento dos professores; as atividades físicas livres ou motivadas por algum jogo também estão presentes. Há uma sala de psicomotricidade na qual as crianças também são estimuladas a conhecer as formas por meio de estruturas de montagem. Os alunos maiores também são envolvidos no planejamento das atividades e convidados a organizar os materiais necessários para o desenvolvimento delas.
Entre o desenvolvimento integral das crianças também está posta a dimensão espiritual que, segundo a gestora, não está diretamente relacionada à orientação religiosa. Ela é associada às demais frentes necessárias para a formação, como a cognitiva, cultural, social, entre outras.
O projeto político pedagógico da escola tem como princípio promover a educação integral das crianças, considerando o diálogo entre as habilidades acadêmicas e as socioemocionais que, por sua vez, favorecem a consolidação da identidade delas.
Para além disso, a metodologia que prioriza a experimentação contribui na formação autônoma e protagonista dos alunos, além de ampliar as possibilidades educativas e o repertório cultural deles e de toda a comunidade escolar.
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Colegio Talentum
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