Escola da Natureza: instituição promove aprendizagem a partir da relação fazer/saber
Publicado dia 30/06/2014
Publicado dia 30/06/2014
Envolver e mobilizar as comunidades escolares por meio de atividades continuadas de educação ambiental. Esse é o principal objetivo da Escola da Natureza – Centro de Referência em Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, criada em 1996.
Pautada pela construção do conhecimento a partir da relação do saber/fazer, a instituição vem apoiando as escolas parceiras a revisitarem suas práticas, e romper com o isolamento do sistema educacional vigente, convidando-as a uma abordagem multi, inter e transdisciplinar que efetive a educação ambiental entre suas comunidades. A ideia é desenvolver um novo olhar para a educação, imprimindo-lhe mais sentido ao dialogar com a complexidade da vida.
Além desse trabalho, há um atendimento direto aos alunos, em caráter complementar ao currículo regular, com a oferta de oficinas pedagógicas sobre a temática e suas correlações. Por ano, a Escola da Natureza atende de seis a oito unidades de ensino da rede estadual do Distrito Federal.
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A equipe gestora parte do princípio de que, para trabalhar a educação ambiental e propor uma nova consciência, é preciso fortalecer as noções de ética e cidadania, a partir de uma abordagem integradora. Então, os alunos que são atendidos na instituição passam por um percurso de vivência e aprendizagem.
Ao chegar à Escola da Natureza, eles são recebidos no arco das boas vindas e, logo em seguida, vão para o espaço cultural – delimitado por uma tenda – em que podem fazer suas apresentações e serem iniciados no conceito de meio ambiente e seus desdobramentos. Após esta etapa, partem para a trilha dos sentidos, caminho pelo qual reconhecem e investigam espécies vegetais e animais, têm contato com bioconstrução, viveiro de plantas, composteira e minhocário.
Após o percurso, os alunos passam para as oficinas pedagógicas, que promovem um diálogo entre o conhecimento prático, adquirido com a observação, e o científico. A instituição já prevê quatro temas – Consumo consciente; Diversidade biológica e cultural; Água, ecologia e permacultura; e Doenças decorrentes do desequilíbrio ecológico – mas as abordagens podem ser personalizadas de acordo com a necessidade da escola e o momento de aprendizagem de seus alunos.
Nas atividades, ganha destaque o protagonismo dos alunos, já que a ideia é que o conhecimento parta da experimentação. São práticas comuns entre eles, por exemplo, o preparo de alimentos feitos com casca e talos de alimentos, a construção de adobe (tijolo de barro), entre outras atividades.
Essa condução é acompanhada de perto pelo professor da escola parceira e equipe de educadores da Escola da Natureza. Ao término, equipe e alunos se reúnem em uma roda de encerramento onde compartilham as experiências e avaliam coletivamente os aprendizados adquiridos.
Para Lêda Bhadra, diretora da Escola da Natureza, o trabalho realizado dialoga com a educação integral por se ater a quatro dimensões constituintes do ser humano, como base de seu desenvolvimento: a física, com o envolvimento do corpo dos alunos em atividades de caminhada e relaxamento; a mental, que se relaciona ao aspecto cognitivo; a vital, relacionada ao emocional; e espiritual, que não diz de uma abordagem religiosa, mas da percepção da sacralidade da vida.
A ideia da Escola da Natureza é aproximar as atividades de educação ambiental do cerne das escolas. Por isso, além do atendimento aos alunos, propõe um trabalho de imersão junto às escolas em duas frentes de atuação. Uma vez por semana, a equipe participa da coordenação coletiva dos professores – reunião que engloba todos os docentes da rede; ali são discutidas propostas e ações tendo em vista o diálogo com a educação integral, como um contínuo espaço formativo.
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Além disso, as oficinas pedagógicas também são integradas às práticas em sala de aula, de forma a propor uma continuidade do trabalho em meio ao universo escolar. A ideia é que o conhecimento curricular possa ser refletido nas abordagens da educação ambiental.
Segundo a equipe gestora da Escola da Natureza, os professores das escolas parceiras relatam que a aproximação com o tema da educação ambiental sensibilizou e mobilizou as escolas para novas práticas escolares, auxiliando as abordagens multidisciplinares. A aproximação também reforçou a importância das práticas coletivas, com maior participação no planejamento e execução das atividades.
Para Lêda Bhadra, diretora da Escola da Natureza, as relações abertas e flexíveis favorecem o percurso para uma educação de qualidade. “Justamente por isso nosso processo é bastante efusivo. É preciso fazer com que os alunos se sintam pertencentes ao processo de ensino e aprendizagem“, conclui.
A expectativa é de que o trabalho com as escolas permaneça, delineando um trabalho de assessoria e acompanhamento da educação ambiental nas práticas escolares. No entanto, a ação não dura mais do que um ano pela falta de investimentos atual; a cada ano, novas escolas são atendidas pela instituição, que ainda quer conquistar uma atuação mais ampla com cada unidade escolar.