Em Santarém (PA), educadoras criam material pedagógico acessível inspirado no Muiraquitã
Publicado dia 23/11/2022
Publicado dia 23/11/2022
Na região Norte do Brasil, há uma crença popular que atribui propriedades miraculosas ao Muiraquitã, um pequeno amuleto de pedra talhada em forma de sapo. Essa é a inspiração para o material pedagógico acessível “Aprendendo com os encantos do Muiraquitã”, criado por professoras da EMEF Dr. Everaldo de Sousa Martins, em Santarém (PA), para suas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental.
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Sua criação deriva da participação das educadoras na edição 2021 da formação Materiais Pedagógicos Acessíveis do Instituto Rodrigo Mendes, que visa promover a inclusão por meio de materiais que auxiliem o processo de ensino-aprendizagem de estudantes com e sem deficiência.
“A gestora de nossa escola incentivou muito nossa participação e sugeriu que a gente buscasse algum tema ligado à riqueza da Amazônia e sua cultura. Esse apoio fez toda diferença para nós”, afirma Eleci Mororó Guimarães, professora da sala comum.
O material pedagógico criado pelas educadoras tem o objetivo de diminuir as barreiras de comunicação e promover a aprendizagem de cálculos matemáticos de forma colaborativa e conectada ao território.
“É muito importante valorizar e preservar o que é nosso. Se não cuidarmos, vamos perdendo nossa cultura”, diz Cleiciane Araújo dos Reis, professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que também comemora o êxito do material em despertar a curiosidade da comunidade escolar para a cultura do território.
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“Nós fizemos muitas pesquisas, fomos a campo, estudamos sobre a história local e foi muito interessante ver quanto nós, professoras, também aprendemos com tudo isso”, complementa Eleci.
O sapo, feito de isopor e papel machê por Klinger Braga e colorido por Emerson Mafra, ambos artistas locais, também tem uma régua digital e sonora, programada para realizar um sorteio aleatório de faixas sonoras com tarefas relacionadas ao território e à cultura.
Quer aprender a fazer o Muiraquitã? Confira o passo a passo elaborado pelas professoras.
O jogo funciona da seguinte maneira: os estudantes escolhem um Muiraquitã em miniatura, numerado no verso, para decidir a equipe que começa.
Ao iniciar, o botão da escultura do Muiraquitã deve ser acionado. Nesse momento, as luzes da régua acendem e apagam em sequência.
Quando a luz para em uma faixa, o áudio correspondente toca, e o estudante deve, com seu grupo, responder à questão, continuar a música regional ou realizar outra tarefa. As perguntas indagam, por exemplo, sobre o nome de praias de Santarém e de um museu da cidade.
Cada faixa equivale a uma pontuação diferente e, a cada tarefa realizada ou no “bônus”, a equipe recebe pontos. Ganha o jogo a equipe que somar o maior placar.
“Fizemos esse jogo com uma turma que tem três crianças autistas e foi muito bacana ver todo mundo interagindo junto, fortalecendo a amizade, o conhecimento e trabalhando em grupo”, relembra Cleiciane.
Outra atividade proposta para a turma foi a criação de seus próprios amuletos da sorte feitos de biscuit. “Os estudantes criaram Muiraquitãs lindos, feitos inteiramente por eles próprios, com muita autonomia e criatividade”, comenta Cleiciane.