Colégio Chico Anysio estimula jovens a criarem ações para a comunidade escolar

Publicado dia 31/08/2015

A constatação de que havia desperdício de alimentos pelo Colégio Estadual Chico Anysio veio dos próprios alunos. Especificamente de um grupo do 1º ano do ensino médio que, a partir dessa crítica, se propôs a criar uma solução. Como primeira estratégia, os estudantes calcularam o impacto financeiro decorrente dos oito quilos de alimentos que, diariamente, iam para o lixo. Esse foi o ponto de partida para desenharem uma proposta de conscientização que, entre outras medidas, definia que os estudantes passassem a se servir, ao invés de receber os pratos feitos.

Apresentado para uma banca – composta por funcionários, alunos e professores -, que tem o papel de medir a relevância dos projetos para a comunidade escolar, a iniciativa vem sendo executada desde 2014 e possibilitou que a escola reduzisse para apenas um quilo o total do descarte diário de alimentos. A expectativa é que, em 2016, a proposta se integre ao plano político pedagógico da instituição, como anuncia o diretor geral Willmann Costa.

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Entrada do colégio, localizado no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro /Crédito: Cris Torres/divulgação Seeduc

 

Espaços democráticos

Essa a iniciativa é fruto do Projeto de Intervenção e Pesquisa (PIP), uma das frentes mantidas pelo núcleo articulador da escola, que tem o intuito de integrar à base comum os conhecimentos oriundos da formação cidadã, na perspectiva da educação integral. No PIP, todos os 250 alunos da instituição são incentivados a criarem ações em prol da comunidade escolar. “Nós os apoiamos a serem cidadãos e a interferirem positivamente no meio ambiente, a pesquisar, argumentar, defenderem seus pontos de vista”, esclarece Willmann. Os estudantes cumprem uma jornada de tempo integral, das 7h às 17h.

A orientação vem fazendo com que os alunos tenham mais liberdade de participação, criem suas demandas e regras, e tomem decisões conjuntas com os demais atores da instituição. Foi o caso da Varanda Literária, projeto que nasceu de uma turma do 2º ano do ensino médio, mas que também se incorporou às práticas e deve ser igualmente integrado ao plano político pedagógico o ano que vem. Trata-se de uma estante, colocada na área de convivência comum do colégio, em que a comunidade escolar pode trazer e levar obras livremente.

“O grupo nos procurou falando sobre o desinteresse dos jovens pela leitura e propôs uma solução bem menos burocrática do que a das bibliotecas”, relembra o diretor. A ideia é que o “leva e traz” de livros aconteça pelo interesse dos jovens em intercambiar leituras. “Não só vem funcionando bem, como já percebemos que os estudantes vêm lendo mais em seus horários vagos”, comemora o gestor.

Outras relações

Para a instituição, é fundamental que os jovens saibam de seus espaços participativos e os ocupem, aprendendo, inclusive, a administrar as suas próprias regras de convivência. Entre eles, há lideranças estudantis nomeadas por votação – há dois representantes por turmas. Em caso de demandas, eles se encarregam de levá-las aos diretores adjuntos e, posteriormente, à direção geral. Esses diálogos com as equipes da escola não são pré-determinados e acontecem de acordo com a necessidade.

Também se busca essa maior proximidade entre professores e estudantes, fazendo com que essa relação se dê na perspectiva da mediação do conhecimento e da formação de vínculos. Por entre os corredores da instituição é bastante comum a interação entre eles, com surgimento de questões tais como: “Você tem amigos?” “De que matéria mais gosta?” “Passa por algum problema familiar?”. Longe de se configurar como um divã, como brinca o diretor geral, esses momentos são tidos como fundamentais para que haja um diálogo real, que também podem originar intervenções pedagógicas.

“Cada problema compartilhado é inserido em um viés social e, com isso, o professor vai construindo conhecimento, percepções e buscando significado no coletivo. Entendemos que, com isso, vamos criando uma rede de atendimento para esse jovem”, defende Willmann. Essa prática é comum ao Projeto de Vida, outras das frentes mantidas pelo núcleo articulador, que a exemplo de outras instituições do ensino médio, busca refletir junto ao estudante quais seus desejos e anseios, sempre em diálogo com os conteúdos abordados.

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Crédito: Cris Torres/divulgação Seeduc

A escola também oferta os Estudos Orientados, tempo pensado para que os estudantes possam executar suas tarefas e trocar conhecimento, já que esses momentos também se dão coletivamente – com vários professores e alunos – e inclui a interdisciplinaridade, colocando em diálogo disciplinas e áreas do conhecimento.

Principais resultados

A proposta curricular inovadora do Colégio Colégio Estadual Chico Anysio (Ceca) foi desenvolvida pela Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), em parceria com o Instituto Ayrton Senna. Para o diretor Willmann Costa, a partir da reorganização dos conteúdos, fica o entendimento de que “no século 21, não podemos apenas dominar conhecimentos, mas também as habilidades necessárias para se relacionar com o outro”.

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Crédito: Cris Torres/divulgação Seeduc

A escola mostrou um desempenho médio 50% melhor nas diversas disciplinas da matriz curricular do ensino médio, comparado às escolas avaliadas pelo Sistema de Avaliação Bimestral do Processo de Ensino e Aprendizagem (Saerjinho), evidenciando que o desenvolvimento de habilidades socioemocionais melhora a performance cognitiva.

Os conhecimentos adquiridos com o processo podem ser utilizado para replicação em toda a rede estadual do Rio de Janeiro. Para tanto, Wilmann chama a atenção para a necessidade de capacitação de profissionais. “A gente tem que despertar o desejo  de mudar o foco para que tenhamos uma educação mais significativa. Para isso, a ideia é que eles não se sintam já formados, mas em constante formação”, finaliza.

Contato da Escola Estadual Chico Anysio 

Telefone: (21) 2332-1896

Mais informações: Página no Facebook

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