Alagoas repensa desenho curricular para ensino médio em tempo integral
Publicado dia 14/03/2017
Publicado dia 14/03/2017
A institucionalização do Programa Alagoano de Ensino Integral, feito em abril de 2015 (via Decreto 40.207), formalizou o compromisso do Executivo com a educação integral, adotando-a como uma estratégia para responder às demandas educacionais de qualificação da educação ofertada aos estudantes do Ensino Médio, em diálogo com a formação profissional.
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A partir disso, a rede – que operava apenas com carga horária semanal de 25 horas, ou 5 horas diárias -, precisou refletir sobre seu currículo, prevendo a ampliação do tempo e o que ela poderia trazer em termos de diversificação das ofertas de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.
A tarefa, gerida pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), em parceria com três de suas superintendências ligadas à área pedagógica – Superintendência de Políticas Educacionais, Superintendência de Gestão do Sistema Estadual de Educação e Superintendência da Rede Estadual de Ensino – resultou em uma experimentação levada a uma das escolas da rede, ainda em 2015, em caráter piloto.
A escola piloto teve seu currículo dimensionado para 45 horas semanais, totalizando nove horas diárias. Os técnicos da Secretaria chegaram a esse modelo ao incrementar as horas dos componentes curriculares da Base Nacional Comum e reservaram parte do tempo para a oferta de atividades profissionalizantes e complementares.
Durante um ano, esse currículo – inicialmente colocado em prática em oito turmas do ensino médio – foi avaliado e discutido pela equipe técnica até que, em 2016, tomou-se a decisão de abrir um edital e ampliar o modelo para uma escola de cada gerência educacional. Ao todo, mais 13 unidades que, assim como a escola piloto, passaram a ofertar o ensino integral integrado à educação profissional.
Em 2016, foram trazidas mais três escolas do Centro Aplicado onde funciona a Seduc para operar no modelo integral. Ao final de 2016, a rede já somava 17 unidades com jornada estendida.
Nesse momento, a Secretaria decide então desenvolver duas possibilidades: o ensino em tempo integral regular e outro integrado à educação profissionalizante.
Como primeira medida, a equipe técnica discutiu com base nos componentes curriculares das Diretrizes Curriculares Nacionais, propondo adequações necessárias. Depois, pensaram a parte diversificada, levando em conta a presença de outras disciplinas destinadas à formação profissional ou não.
Assim, foi acrescentada uma hora a mais em todo componente curricular que tinha apenas uma hora de dedicação semanal no modelo parcial. Foi o caso de Arte, Filosofia e Sociologia, que passaram a ter duas horas de dedicação; o incremento também foi feito em Língua Portuguesa e Matemática, que passaram a ter cinco horas semanais, ao invés de quatro. Do mesmo modo, Biologia, Física e Química passaram a operar com três horas semanais, em vez de duas, contabilizando um total de 31 horas semanais.
A parte diversificada foi composta por: Língua Inglesa, com duas horas de dedicação semanal; oferta eletiva, com quatro horas; Projeto Integrador, Projeto Orientador de Turma, Estudos Orientados e Clube Juvenil, cada qual com duas horas. Nesta frente, há um acúmulo de 14 horas semanais.
Dessa maneira, o currículo na modalidade ensino integral, passou a operar com 45 horas semanais (ou nove horas diárias) e 1800 horas anuais.
Na modalidade integrada à educação profissional, continua a valer a regra de que nenhum componente curricular operaria com uma hora de dedicação semanal; no entanto, as horas são dimensionadas de acordo com a necessidade para que, além dos componentes da parte comum, sejam contemplados os eixos da formação profissional. São oferecidos cursos técnicos, de nível médio, de Marketing, Recursos Humanos, Cooperativismo, Manutenção e Suporte em Informática, Eventos e Hospedagem, temas identificados como pertinentes para o desenvolvimento do estado.
Nesse modelo, nem sempre se cumprem as 45 horas semanais e as 1800 anuais. Há uma variação de acordo com o desenvolvimento de cada curso.
No início de 2017, o Programa lançou mais 21 escolas na modalidade ensino integral, totalizando 38 escolas. Para o supervisor do ensino médio, Ilson Barboza Leão Junior, redesenhar o currículo, prevendo a integração com a educação profissional e com a ampliação da oferta educativa, fez com que as escolas discutissem a fundo o currículo.
“Foi possível fazer com que as escolas percebessem que no currículo de 1000 horas, com maior dedicação a Língua Portuguesa e Matemática, essas dimensões não estão consideradas”, coloca. O especialista também comenta que a procura por essas escolas vem crescendo, o que julga ser um bom indicador de sua qualidade.
Matrizes curriculares
Confira as matrizes curriculares operadas pela rede estadual de Alagoas no Ensino Médio
Para além de Programa de Ensino Integral, a rede estadual oferece outros arranjos educativos para o ensino médio. Os estudantes podem cursar a etapa na modalidade parcial, com carga diária de cinco horas, nos turnos diurno e noturno; ou cursar o ensino médio integrado ao técnico, sem ampliação de carga horária, nos turnos diurno e noturno, nas modalidades técnico de secretaria escolar e ludoteca.