publicado dia 12/01/2021

Currículo de transição pode auxiliar escolas neste início de ano letivo

Reportagem:

Selo Reviravolta da EscolaMuitas escolas e redes de Educação não conseguiram concluir o ano letivo de 2020 no prazo ou sentem a necessidade de retomar alguns desses conteúdos e aprendizagens agora, em 2021. Há, ainda, a missão de planejar e estruturar a passagem do ensino remoto para o híbrido e, futuramente, para o presencial. Para realizar essas tarefas, um currículo de transição pode ajudar.

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“Trata-se de uma forma de organizar o trabalho pedagógico que leva em consideração o contexto de pandemia e faz com que gestores, docentes e a comunidade escolar redirecionem o planejamento, a didática, a metodologia e a avaliação para o contexto atual, adaptando conteúdos e objetivos de aprendizagem”, explica o professor Francisco Thiago Silva, que é especialista em currículo e docente na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). 

Quer saber mais sobre o tema? Leia o artigo “Currículo de transição: uma saída para a educação pós-pandemia”, do professor Francisco Thiago Silva.

Ele recomenda, durante a elaboração do currículo de transição, planejar o cronograma do ano para que não haja excesso ou falta de conteúdos. “Currículo de transição não é currículo mínimo, como acontecia nos anos 90, e nem é projeto permanente, porque ele deve se encerrar junto com a pandemia. Assim, a intenção é priorizar os direitos de aprendizagem e os conteúdos que podem virar conhecimentos essenciais de acordo com cada realidade e demanda, e que efetivamente prepare os estudantes para o mundo que os espera”, diz Francisco.

É preciso, ainda, ter por base a BNCC, as Diretrizes Nacionais Curriculares, os Parâmetros Curriculares Nacionais, e os documentos de cada estado e município, além de promover um processo democrático e participativo, que envolva todos os educadores. Sem isso, as chances de concretizar o currículo adequadamente diminuem.

“Além disso, os professores precisam receber formação para usar as tecnologias digitais nos trabalhos pedagógicos atuais e na retomada presencial, mas por enquanto há uma total ausência de política pública consolidada no Ministério da Educação e em alguns estados e municípios”, lamenta o professor.

Para colocar em prática

Não há uma receita unificada de como elaborar e implementar um currículo de transição, porque é preciso levar em conta as especificidades de cada território e comunidade escolar. Mas existem algumas recomendações gerais que podem orientar esse trabalho. O professor Francisco listou dez delas, mas indica que a principal é ter sensibilidade. 

“Pessoas morreram, perderam emprego, e não podemos minimizar isso e imaginar que a escola pode continuar sem trabalhar os impactos psicológicos que a pandemia trouxe para estudantes e professores. Educadores lidam com a vida, com formar pessoas, por isso temos que ter sempre em vista a humanização da educação”, afirma o especialista. 

Confira as dez recomendações do professor Francisco Thiago Silva para elaborar um currículo de transição:

  1. Precisaremos  de  um  esforço  coletivo  e solidário  para  adaptar  a  OTP (currículo, didática e avaliação).
  2. Devemos  repensar  horários  e  carga  horária,  além  das  metodologias de trabalho que sejam mais dinâmicas, flexíveis e seguras.
  3. Implantar  formas  de  avaliar  mais  humanas  e  eficientes  ao  mesmo tempo.
  4. Não se trata de um “currículo mínimo”: aquele no qual apenas alguns conteúdos são pinçados e considerados relevantes, normalmente sem uma ampla discussão. 
  5. Não é só uma adaptação/adequação do que não poderá ser trabalhado (ou seja, o currículo precisa superar essa visão meramente como uma grade conteudista).
  6. Priorizar uma proposta pedagógica que não cause mais sofrimento do que houve esse ano.
  7. Contar  com  a  colaboração  de  todos  os  sujeitos  implicados  com  a prática  pedagógica.  Isso  inclui,  sobretudo,  as  famílias  de  nossos estudantes.
  8. Uma boa saída é o chamado “trabalho por projetos”, por temas, por eixos (integradores/estruturantes) e transversais.
  9. Investir  em  mídias  e  tecnologias  (desde  que  o  acesso  seja  de  100% dos  usuários)  que  a  escola  permaneça  como  um espaço  democrático de acesso ao conhecimento.
  10. Enxugar   matérias,   temas,   excesso   de   tarefas   e   otimizar   tempo, espaço, conteúdo e forma.

O que é a #Reviravolta da Escola?

Realizado pelo Centro de Referências em Educação Integral, em parceria com diversas instituições, a campanha #Reviravolta da Escola articula ações que buscam discutir as aprendizagens vividas em 2020, assim como os caminhos possíveis para se recriar a escola necessária para o mundo pós-pandemia.

Leia os demais conteúdos no site especial da #Reviravolta da Escola.

Conheça a campanha #ReviravoltaDaEscola, que visa debater o papel da escola agora e no pós-pandemia

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