publicado dia 18/11/2025

6 organizações negras e antirracistas para conhecer e acompanhar o ano inteiro

Reportagem: | Edição: Tory Helena

🗒 Resumo: Conheça 6 das várias organizações da sociedade civil brasileiras que lutam para combater o racismo e garantir direitos. Acompanhe seus trabalhos e saiba como contribuir!

A forma como o Brasil se organizou desde a colonização portuguesa, em suas instituições, regras e práticas sociais, determinou diferentes condições de acesso a direitos, oportunidades e proteção para negros e indígenas no país, que ficam mais expostos à violência, pobreza e exclusão do que brancos. 

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Esse processo é o que chamamos de racismo estrutural: um sistema que nasce de séculos de escravização e de políticas que ativamente impediram o acesso a terras, empregos, educação e outros direitos básicos pelas populações marginalizadas. E suas formas de reprodução se atualizam continuamente ao longo do tempo.

O resultado disso se faz presente de variadas formas, mas todas contundentes. Em 2022, para cada pessoa não negra assassinada no Brasil, 2,8 negros foram mortos. No Brasil, mulheres negras ganham 53% a menos do que homens brancos. E em 2024, 63,4% das pessoas brancas tinham completado a Educação Básica, taxa que cai para 50% entre as pessoas negras.

Na linha de frente ao lado dos movimentos sociais na luta para reorganizar a estrutura do país, a partir do combate ao racismo e da garantia de direitos, há uma série de organizações da sociedade civil (OSCs) que produzem denúncias das violências e iniquidades, e outras ações que vão de pesquisas e formação política ao apoio jurídico, da mobilização territorial à incidência nacional, para construir outro presente e futuro.

Conheça 6 dessas iniciativas indispensáveis para um Brasil mais justo:

Odara – Instituto da Mulher Negra 

Com sede em Salvador (BA), a organização negra feminista foi criada em 2010 para fortalecer a autonomia e os direitos das mulheres negras e enfrentar violências raciais e de gênero.

Para tanto, se organizam nos seguintes programas: Direitos Humanos, Comunicação, Educação e Formação Política e Saúde das Mulheres Negras. A Odara também criou em 2013 o Julho das Pretas, que promove diversas atividades, como rodas de conversa, debates, palestras, apresentações artísticas e homenagens, além de participar da organização da Marcha das Mulheres Negras.

Também fazem formação de professores(as) para atuar a partir da Lei 10.639/03, criaram o Projeto Quilomba – Pela Vida das Mulheres Negras, a Escola de Ativismo e Formação Política para Mulheres Negras Beatriz Nascimento, o Nós Por Nós – Observatório de Justiça Reprodutiva do Nordeste, o projeto Pretas no Poder: Participação Política, Representatividade e Segurança de Ativistas Negras, entre outros.

Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (CEDENPA)

No bojo da redemocratização brasileira, mas ainda sob regime ditatorial, em 1982, nasce o Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (CEDENPA) para contribuir com a eliminação de todos os mecanismos que produzem discriminação racial. 

Nas primeiras décadas, atuaram junto aos territórios quilombolas, então conhecidos como comunidades negras rurais, pelo reconhecimento da propriedade definitiva de suas terras e garantia de que esse fosse um direito constitucional, posteriormente incluído no Artigo 68 da Carta Magna de 88.

Hoje, atuam em diversas associações e frentes amplas pelo controle social, participação em conselhos, fóruns e grupos de trabalho para a implementação de políticas afirmativas. 

Também lutam pela implementação da Lei 10.639/03, o acesso à Educação e a construção de protocolos e documentos fortalecedores da Educação Antirracista nas redes de Educação. Criaram, ainda, o Bloco Afro Axé Dudú pelo fortalecimento de grupos culturais, participam da organização da Marcha das Mulheres Negras, entre várias outras ações.

“As pessoas podem contribuir participando dos nossos movimentos de integração de educadores. Temos um núcleo de Educação e fazemos trabalhos nas escolas, com formações e oficinas. Temos toda uma programação anual para promover a Educação Antirracista”, conta Maria Malcher, ativista do CEDENPA.

Observatório da Branquitude

Fundado em 2022, a organização atua em três principais frentes: produção de conhecimento, comunicação e incidência política pela transformação social. A lente analítica da branquitude orienta os trabalhos. 

“Havia uma lacuna no campo para colocar sob escrutínio a branquitude. Quando falamos que existe um racismo estrutural na sociedade, ele parece intangível. Ao olhar para a branquitude, olhamos para os atores da manutenção dessa estrutura. Nosso objetivo é desvelar como esses lugares encastelados se organizam e colocar publicamente essas questões. A produção de conhecimentos a partir da lente da branquitude, é recente. Ganhou força nos Estados Unidos da década de 90 e, no Brasil, com a Cida Bento”, relata Manuela Thamani, diretora executiva e cofundadora do Observatório da Branquitude.

A especialista convida a sociedade a acompanhar as produções criticamente e dialogar com a organização para contribuir com a produção de conhecimentos. 

Instituto Peregum 

Fundada por militantes da educação popular em 2019, o Instituto Peregum se organiza a partir de 3 estratégias: Articulação e Fortalecimento do Campo e dos Movimentos Negros, Incidência Política e Racialização do Debate Público. Essas estratégias são aplicadas em 3 eixos principais de atuação: Educação, Justiça Racial e Segurança, Clima e Cidade.

Entre os projetos, há o Programa Malala Peregum, cujo objetivo é fortalecer o direito à Educação de meninas negras e imigrantes, a Uneafro Brasil, um movimento popular de cursinhos pré-vestibulares em defesa da educação descolonial, diversa e em prol da igualdade de oportunidades e justiça racial, entre outros. 

Também realizaram a pesquisa “Percepções sobre o racismo no Brasil”, participam do Fortalecimento de Lideranças Negras e criaram hortas comunitárias em São Paulo (SP), com formação de mulheres negras em horticultura agroecológica.

Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT)

Criado em 1990, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) produz conhecimento e desenvolve e executa projetos para a promoção da igualdade de raça e de gênero.

Os principais projetos são voltados para o acesso da população negra à Justiça, ao direito de igualdade racial, à liberdade de crença, e de implementação de políticas públicas de Educação, Saúde e relações de trabalho.

Para tanto, contam com uma ampla equipe multisetorial que faz diagnósticos, elabora e implementa programas de promoção da igualdade racial em sindicatos, escolas, empresas e órgãos públicos.

Além disso, fazem assessoria a órgãos governamentais, instituições privadas e movimentos sociais nas áreas de formação política, capacitação de pessoal e produção de materiais educativos.

Geledés Instituto da Mulher Negra

Com nome inspirado em Guelede, sociedades secretas femininas na cultura Iorubá, a organização foi fundada em 1988 por Sueli Carneiro, filósofa, escritora, ativista antirracista do movimento social negro brasileiro e uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

Nestes 37 anos de atuação, realizam ações de Advocacy e Incidência Política, Difusão e Gestão da Memória Institucional, Educação e Pesquisa, Gestão Administrativa e Financeira, Políticas de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, e Redes Sociais e Comunicação Institucional. 

A atuação contempla as áreas de Educação, saúde, comunicação e mídias digitais, mercado de trabalho, pesquisa acadêmica, violência estatal, genocídio, feminicídio, memórias negras, políticas públicas, tecnologia social, racismo ambiental, facismo, reparações e justiça racial, entre outros.

“Nossa atuação abrangente demonstra que o racismo e o sexismo estão amalgamados nos diferentes espaços de poder e convívio social, exigindo nossas constantes vigilância e renovação de estratégias, para a garantia dos direitos humanos de bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos negras e negros. Para nós, é muito importante que as pessoas indignadas com o racismo e o sexismo continuem a apoiar o nosso trabalho, juntas, juntes e juntos para que a igualdade de raça e gênero seja um princípio a reger nossa Nação”, diz o site do Geledés.

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