publicado dia 24/02/2025

Matriz Curricular na Educação Integral é tema da live Diálogos sobre Educação Integral

Reportagem:

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🗒 Resumo: Educadores e gestores escolares de Almirante Tamandaré (PR), São Luís (MA) e Belo Horizonte (MG) compartilham como construíram a Matriz Curricular na Educação Integral garantindo a participação de todos, a escuta das infâncias e a integração entre todas as dimensões do currículo.

Nesta quinta-feira (20/02), o Centro de Referências em Educação Integral (CR) inaugurou a série de lives no YouTube “Diálogos sobre Educação Integral”, com o tema Matriz Curricular na Educação Integral e no tempo integral.

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Com mediação da educadora e formadora do CR, Ana Paula de Pietri, gestores e educadores que participam da nossa comunidade de Educação Integral no WhatsApp compartilharam suas práticas.

Um currículo construído a muitas mãos

Em Almirante Tamandaré (PR), o currículo municipal das 55 unidades de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental foi elaborado com a participação das 10 mil famílias que compõem a rede e suas crianças, educadores, trabalhadores dos territórios, lideranças religiosas e comunitárias, entre outros.

O processo começou em 2019 e foi batizado de “Caravana da Educação”. O próprio Secretário de Educação à época, Jucie Parreira, junto a técnicos da Secretaria e a equipe responsável por conduzir as entrevistas percorreram as ruas da cidade para realizar a escuta. 

Depois, foram formados grupos de trabalho para sistematizar as informações. O resultado foi a publicação de cadernos que norteiam o trabalho da rede, a realização de seminários sobre cada um deles, uma consulta pública e a aprovação em lei do currículo municipal. 

“Foi muito gratificante para todos os que estavam envolvidos porque a gente conseguiu ver de vários pontos de vista aquilo que a gente não conseguia olhar enquanto um grupo menor na Secretaria de Educação ou até nas escolas”, afirmou Kelly Rossa, coordenadora pedagógica na rede.

Entre os cadernos, há um dedicado exclusivamente à matriz curricular da cidade. Ela une a Base Nacional Comum Curricular aos objetivos autorais que dialogam com o território de Almirante Tamandaré. 

“O que mais importante disso tudo é que fizemos algo que não é vertical. Não vem da Secretaria de Educação para as escolas só realizarem. Nós somos uma grande engrenagem, cada um executando uma atividade, com uma responsabilidade diferente, mas todos com o mesmo objetivo que é a qualidade e a equidade”, disse Kelly.

Um currículo das infâncias

São Luís (MA) abriga o maior quilombo urbano da América Latina. Em 2021, a Secretaria Estadual de Educação do Maranhão abre uma creche nesse território. “Como trazer os saberes desse território para dentro da instituição e para crianças tão pequenas e bebês?”, questionou Márcia Porto, gestora da Creche Liberdade.

Essa pergunta foi o que norteou a construção do currículo da unidade. O primeiro ponto pactuado foi a garantia de equidade no cuidado entre todos os bebês e crianças. 

O segundo, trazer a cultura quilombola para as atividades diárias e permanentes, como brincadeiras, literatura, músicas e alimentação. “O currículo das crianças é o currículo da vida”, afirmou Márcia.

Também garantiram motricidade livre para todos, já que “os bebês e crianças pensam pelo movimento”, bem como levar os bebês e crianças até os espaços externos para realizar atividades e nunca passar o dia inteiro dentro da sala de referência.

“O que marca essa jornada são as relações afetivas, o tempo e a escolha de bons materiais e espaços potentes para as crianças”, sintetizou.

Por fim, aproximar as famílias foi decisivo para conquistar o pertencimento ao território. “Na reunião de famílias, fazemos a cartografia da profissão dessas pessoas. Então quando precisamos contratar um serviço, buscamos na comunidade. Isso trouxe um estreitamento de laço muito forte”, contou Márcia.

A unidade também realiza trabalho intersetorial com a Saúde e Assistência Social para garantir os direitos dos pequenos e de suas famílias, e investem tempo e recursos para garantir que todas as decisões sejam tomadas de forma coletiva e em formação para todas as pessoas que trabalham na escola. “Sem um processo formativo a gente não sustenta um currículo”, disse a gestora.

Um currículo integrado

Na Escola Municipal Polo de Educação Integrada (EMPoeint), em Belo Horizonte (MG), os Anos Finais do Ensino Fundamental são atendidos em tempo integral. A prática da escola foi detalhada no especial Escolas de Educação Integral.

Em um amplo salão, os estudantes trabalham em grupos multisseriados a partir de seus próprios roteiros de atividades interdisciplinares, desenvolvidos pelos professores da escola. 

Para elaborá-los, os educadores partem do currículo de referência mineiro e da Base Nacional Comum Curricular, bem como a Mandala da escola. Nela, o sujeito está no centro e ao redor os vários princípios que norteiam o currículo da escola.

O primeiro fator a ser considerado é a multidimensionalidade desse sujeito, que precisa ser desenvolvido para além da dimensão cognitiva, mas também estética, corporal, social e afetiva. “Pensamos em uma escola que possa ter dispositivos pedagógicos que possibilitem o desenvolvimento do sujeito como um todo”, explicou Edmar Gomes, gestor escolar. 

O segundo fator é a intencionalidade pedagógica, os sentidos da aprendizagem. São eles: participação, criticidade, sociabilidade e multiletramento. Depois, tem as áreas do conhecimento, que devem ser articuladas aos saberes do território e comunitários. “Trabalhamos os modos de vida, territórios, movimentos sociais, organizações, políticas, expressões culturais, festas e celebrações”, disse Edmar.

O tema de cada roteiro é pautado por uma questão ligada à identidade, diversidade, memória, patrimônio, bem-viver, corpo, saúde, trabalho, cidadania, tecnologia e comunicação, e espaço e território.

Na escola, não há aulas expositivas. Os professores atuam como mediadores e os estudantes realizam atividades autônomas, rodas de conversa, projetos de trabalho e vivências educativas ligadas ao audiovisual, teatro, dança, Educação Ambiental, música, robótica, informática, capoeira, circo e outros esportes. 

Diálogos sobre Educação Integral 

A série de lives foi idealizada a partir da grande quantidade de interação, busca e oferta de apoio sobre Educação Integral na comunidade do WhatsApp.

A proposta é visibilizar experiências reais e promover o compartilhamento entre educadores sobre diferentes temáticas da Educação Integral e contribuir com a implementação da Educação Integral em Tempo Integral nos territórios brasileiros.

Assista ao primeiro encontro:

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