publicado dia 06/06/2023
Livro “Vozes da EMEI Nelson Mandela”: a escola pública contada por ela mesma
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 06/06/2023
Reportagem: Ingrid Matuoka
A EMEI Nelson Mandela, em São Paulo (SP), conquistou destaque ao se tornar protagonista de várias iniciativas na Educação Infantil, especialmente devido às relações étnico-raciais trabalhadas desde a primeira infância. Sob um Projeto Político Pedagógico (PPP) aberto à diversidade e à participação da comunidade, a escola liderou o trabalho de implementação da Lei 10.639 no município 15 anos atrás, tornando-se esta a principal missão da instituição.
Leia + Combatendo o racismo na escola: abordagens possíveis
Foi da necessidade de compartilhar essa trajetória que nasceu o livro “Vozes da EMEI Nelson Mandela“. “Nele, contamos como a Educação acontece em um território escolar, onde tudo é muito pensado e estudado por muitas pessoas. Esperamos que ele servia de inspiração, não de cópia, e que sirva de motivação para mudar o que precisa ser mudado”, diz Cibele Racy, que foi gestora da unidade por 15 anos.
Assim como a construção da própria escola, o livro foi elaborado de forma democrática, envolvendo a participação de todos, e é disponibilizado gratuitamente em formato PDF, garantindo o amplo acesso.
A obra também quebra o paradigma de que a educação precisa ser abordada apenas de forma acadêmica e fala sobre o que todos sentem falta: a prática.
“As vozes que falam são as de quem vivenciou a experiência, não teóricos ou estudiosos distantes, então ele pode alcançar as pessoas de outro jeito. O livro não possui bibliografia ou notas de rodapé acadêmicas, mas apresenta o poder transformador de uma escola na vida de uma comunidade inteira”, afirma Cibele.
A obra também aborda questões que ainda são tabus no contexto da educação, como a comemoração de datas festivas e a transição da abordagem tradicional para projetos que envolvem a comunidade. “O livro conta como encontramos saídas criativas para estes e outros nós que a escola pública enfrenta”, conta Cibele.
A proposta é que ele possa apoiar momentos de formação. É possível selecionar trechos e relatos específicos de acordo com os desafios que cada um está enfrentando no momento e propor momentos de reflexão e discussão em grupo.
“Fazer e pensar junto é das coisas mais importantes. E é com todo mundo. Na EMEI Nelson Mandela, quem fez essa educação de qualidade acontecer foram educadoras, merendeiras, profissionais da limpeza, pais, mães e outros responsáveis, profissionais que doaram seu tempo com palestras e formações, estagiários e doutorandos que conviveram com a gente. É essa comunidade de aprendizagem que formamos e que vem nesse livro contar por que a escola ficou conhecida”, diz Cibele.