publicado dia 06/02/2023
PADAB: Projeto disponibiliza documentos históricos sobre Brasil e Angola
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 06/02/2023
Reportagem: Ingrid Matuoka
O que conecta Brasil com Angola? Ex-colônias portuguesas, os países mantiveram relações próximas do século 16 até meados do século 19. Além das trocas centenárias, estima-se que 70% dos escravizados que vieram para o Brasil eram da região hoje conhecida como Angola. Só no Rio de Janeiro, 1 milhão de africanos desembarcou entre 1808-1856, de acordo com dados do The Trans Atlantic Slave Trade Database.
A história da relações entre Angola e Brasil – que vai muito além da escravidão – está preservada em uma série de documentos de ambos os países, agora digitalizados pelo Projeto Acervo Digital Angola-Brasil (PADAB), sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
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“A documentação é majoritariamente administrativa, feita por órgãos governamentais, e mostram informações sobre o tráfico de mercadorias, notícias e de pessoas, os navios utilizados, códigos de lei da escravização, registros de trajetórias e as relações entre líderes brasileiros e angolanos”, explica Crislayne Alfagali, professora de História no Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que agora é responsável pelo PADAB.
Ao facilitar o acesso de educadores a documentos e materiais históricos do país angolano e do Brasil colonial, o projeto pode auxiliar na efetivação da lei 10.639 – que instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afrobrasileira – e contribuir para discussões sobre racismo e escravização.
Para tanto, a plataforma criou o PADAB na escola. Esta seção trabalha os documentos do acervo de uma forma mais acessível e didática, no formato de revistas. Uma delas, por exemplo, conta a história de Bento Pereira Henriques, que queria fundar uma tropa só de homens pretos.
“Cada revista traz documentos explicados, principais informações, verbete e comentários. Pode ser útil para o professor trabalhar com fontes, mostrar como se dá a construção do conhecimento historiográfico, e oferecer ao estudante a experiência de ser um historiador, vendo como as narrativas se constroem”, diz Crislayne.