publicado dia 13/08/2021

7º SIEI traz diversos atores para debater como garantir direitos durante a pandemia

Reportagem:

Selo Reviravolta da EscolaO atual momento que vivem as escolas e redes pelo país é dos mais desafiadores. Envolve desde a suspensão da atividade econômica, com o agravamento das desigualdades, sobretudo em relação à população negra e às mulheres, até a fragilização da rede de proteção social, a exclusão escolar e digital e a incerteza na vida de todos e todas.

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Por isso, pensar coletivamente nunca foi tão necessário. Foi nesse sentido que o primeiro dia do 7º Seminário Internacional de Educação Integral (SIEI) trouxe para debate diferentes atores envolvidos na garantia de direitos de todos e todas. Durante a conversa, compartilharam as estratégias a que têm recorrido para enfrentar esse cenário.

“Para que o direito à Educação possa se efetivar, é fundamental que os demais direitos sejam garantidos, para que todos possam estar na escola, aprender e se desenvolver integralmente”, disse Natacha Costa, diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz, na abertura do evento.

Uma das participantes da mesa inaugural do SIEI foi Raquel Lyra, prefeita de Caruaru (PE). Ela contou que o retorno presencial da rede deve acontecer a partir de 16 de agosto de forma escalonada. Para apoiar esse processo, uma frota terceirizada de ônibus foi contratada para garantir que os estudantes cheguem às escolas sem aglomerações. Também vão contratar, em parceria com o Ensino Superior, tutores de educação para engajar as famílias e os estudantes a voltarem para a escola “Antes faltava vaga na creche e agora está sobrando”, disse a gestora.

No município, há um processo estabelecido para busca ativa dos estudantes. Se um aluno falta uma vez, o professor entra em contato com a família para saber se está tudo bem. Em uma segunda falta, o gestor escolar faz esse contato. Na terceira vez, a escola entrega uma notificação na casa da família solicitando que compareça à escola para conversar. Na maior parte das vezes, encontram casos de violência doméstica, trabalho infantil, abuso sexual e mudanças frequentes de bairro, devido à dificuldade de pagar o aluguel.

Caruaru também conta com um forte trabalho intersetorial entre as secretarias de Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e de Políticas para a Mulher, que garantem um olhar integral para os estudantes e as famílias. “Precisamos ter estratégias e um engajamento muito claro da nossa política para permitir que a educação de fato esteja no centro prioritário do governo e faça com que nossos alunos possam ter o direito de sonhar com seu futuro”, ressaltou Raquel Lyra.

Assista ao debate na íntegra:

Do outro lado do Brasil, em Belo Horizonte (MG), Maíra Colares, secretária municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, compartilhou que um dos principais focos de atuação da área foi a segurança alimentar. Eles desenvolveram um sistema que cruzava os dados da Educação referentes ao local de moradia das famílias com a localização dos supermercados da cidade e, assim, organizava a distribuição de cestas básicas sem aglomeração, em um ponto do bairro acessível para as famílias. 

No mês seguinte, ampliaram essa entrega para todas as famílias do Cadastro Único, trabalhadores informais registrados em cadastros oficiais e mulheres com medida protetiva de violência doméstica. “Temos um cenário muito difícil, que vai demandar a responsabilização do poder público e trabalho intersetorial, sobretudo em relação ao trabalho infantil e à evasão escolar”, afirmou a secretária.

Maíra também chamou atenção para o desfinanciamento e retração nos sistemas públicos brasileiros, com sistemas de proteção fechando. “Não podemos recuar nos sistemas de proteção social, seja dos serviços e dos benefícios”, alertou. 

Outro convidado da mesa foi Fábio Gomes, diretor de ensino urbano de Marabá (PA). Ele compartilhou que têm sido um grande desafio manter os estudantes engajados, principalmente no Ensino Médio. “Por mais que hajam experiências exitosas no país, há muitos professores que tiveram dificuldades, medos, traumas, para poder fazer uso da tecnologia e permitir que os alunos tivessem aula. Fora que muitos professores não tinham acesso à internet ou não tinham formação para uso dos recursos”, relatou.

Para apoiar a reabertura das escolas do município, que deve ocorrer a partir de 6 de setembro, a Secretaria de Educação organizou cinco formações com todos os diretores e coordenadores pedagógicos das escolas que terão como resultado o planejamento do trabalho pedagógico. O foco estará em acolher toda a comunidade escolar, em primeiro lugar, e depois garantir a aprendizagem das crianças, com atenção especial às que estão no ciclo de alfabetização e que fizeram a transição do Ensino Fundamental 1 para o 2 durante a pandemia.

“Precisaremos sair da concepção tradicional de educação para poder criar um engajamento em prol da educação que precisamos. Não dá para a educação fazer isso sozinha, tem uma responsabilidade social e precisa ser compartilhada, porque tanto o pedagógico impacta no social quanto o contrário. Depois é formar os professores para essa nova realidade”, indicou Fábio Gomes. 

O 7º SIEI é uma iniciativa da Fundação SM e conta com o apoio para realização da SM Educação e com a parceria de Comunidade Educativa CEDAC, CENPEC, CIEDS, Centro de Referências em Educação Integral, Fundação Roberto Marinho/Futura, Instituto Alana, Instituto Rodrigo Mendes (IRM), Instituto Tomie Ohtake e SESC.

Confira a programação dos próximos dias no SIEI 2021:

20 de agosto

09:30 – 12:00 – Mesa | Políticas públicas e a garantia da aprendizagem. Com Ana Lúcia Fernandes Moura, Cleuza Repulho e Claudia Galian. Mediação: Tereza Perez

14:00 – 16:00 – Oficina | A literatura como cuidado de si e do outro. Com Cristiane Fialho, Sheila Ferreira Costa Coelho, Cristiane Tavares e Ana Paula Lopes Leme

14:00 – 16:00 – Oficina | Práticas curriculares integradas e democráticas no Novo Ensino Médio. Com Lilian L’Abbate Kelian

14:00 – 17:00 – Oficina | Diversidade de gênero e garantia do direito à Educação. Com Ana Muniz e Débora Silva

25 de agosto

09:30 – 12:00 – Mesa | Clima escolar e a saúde emocional da comunidade em contexto de crise. Com Ilana Katz, Clélia Mara dos Santos, Lucia Santos e Marcia Calçada. Mediação: Pilar Lacerda

14:00 – 16:00 – Oficina | Cultura Digital – experimentações entre arte e tecnologia. Com Equipe de Ação e Pesquisa Educativa do Instituto Tomie Ohtake

14:00 – 16:30 – Oficina | A busca de soluções colaborativas frente aos desafios da pandemia. Com Regina Mercurio, Cecília Barreto e Katia Cibas

O que é a #Reviravolta da Escola?

Realizado pelo Centro de Referências em Educação Integral, em parceria com diversas instituições, a campanha #Reviravolta da Escola articula ações que buscam discutir as aprendizagens vividas em 2020, assim como os caminhos possíveis para se recriar a escola necessária para o mundo pós-pandemia.

Leia os demais conteúdos no site especial da #Reviravolta da Escola.

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