publicado dia 17/04/2020
Entidades de São Paulo propõem criação de comitê para enfrentamento da crise na educação
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 17/04/2020
Reportagem: Ingrid Matuoka
O Fórum Municipal de Educação de São Paulo (FME), junto a outras entidades, propuseram à Secretaria Municipal de Educação criar um comitê para elaborar coletivamente propostas que garantam direitos às crianças, adolescentes e suas famílias durante e pós-pandemia.
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“A Secretaria é quem tem o poder e a obrigação de desenvolver políticas públicas diferenciadas para enfrentarmos esse momento, mas isso não pode ser feito somente por eles. É preciso ouvir também quem está na ponta, quem sabe das dificuldades reais, para não adotar ações excludentes.”, afirma Maciel Silva Nascimento, coordenador do FME.
Por isso, a proposta é que esse comitê seja composto, em um primeiro momento, por representantes do Fórum e da Secretaria, e também do Conselho Municipal de Educação, da Comissão de Educação da Câmara Municipal, do Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola (CRECE) e dos sindicatos ligados à área de Educação. Eles também planejam convidar representantes das secretarias de Saúde e Assistência Social, para ampliar as frentes de atuação e pensar em soluções conjuntas.
“Juntos poderíamos pensar ações para ajudar a cidade a passar por essa pandemia, e estamos abertos ao diálogo. Vale mencionar que a Secretaria de Saúde instituiu um comitê semelhante e tem sido muito proveitoso — foi a partir disso que ações mais amplas começaram a se desenvolver para proteger a população e os trabalhadores.”, explica Maciel.
Kezia Alves, que está à frente do CRECE, e é mãe de uma aluna do 9º ano da rede municipal, está em contato com dezenas de outras famílias e estudantes e reafirma a necessidade de ouvi-los.
“Eles estão preocupados com essa questão das atividades pedagógicas remotas, porque muitos não têm acesso à internet ou a qualidade é ruim, além de várias dúvidas sobre esses materiais pedagógicos que vão distribuir: como vão lidar, sendo que muitos pais e mães não têm condição de ensinar? Como os alunos vão tirar dúvidas? O que esse material aborda? E os próprios estudantes também estão preocupados e aflitos com tudo que está acontecendo. Como vão aprender assim?”
Além de abordar a questão da qualidade e acesso de todos aos trabalhos pedagógicos em tempos de isolamento social, o comitê deve aprofundar o debate sobre alimentação, uma vez que muitas famílias contam com as merendas escolares para subsistência das crianças e adolescentes.
A movimentação para criar esse comitê teve início ainda em março, assim que foi decretado o fechamento das escolas. Desde então, as entidades já enviaram três solicitações pedindo para a Secretaria criá-lo e, por enquanto, aguardam retorno. “O diálogo e as decisões em coletivo são o melhor caminho, porque nada que vem imposto pode oferecer bons resultados”, ressalta Kezia.
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