Como fazer perguntas propositivas para os alunos
Publicado dia 04/04/2018
Publicado dia 04/04/2018
Não existem perguntas certas ou erradas, mas algumas têm capacidade maior de instigar a curiosidade e fazer refletir. É o que defende a norte-americana Rhonda Bondie, da Faculdade de Educação de Harvard, que esteve em São Paulo para a 4ª Conferência de Educação da St. Paul’s School, que ocorreu em março e reuniu especialistas de diversas partes do mundo para discutir a necessidade de promover um ambiente feliz, seguro e estimulante para que ocorra a aprendizagem dos alunos.
Leia + Como estimular que os estudantes criem suas próprias perguntas?
Perguntar é uma ferramenta essencial para ensinar e aprender e, segundo Rhonda, “não importa se a pergunta é elaborada e complexa, mas se cumpre a sua finalidade”. Nesta perspectiva, elas se distribuem em três categorias de acordo com os objetivos visados:
“Os alunos só desenvolvem conhecimento quando comparam suas experiências passadas com o que pensam, sentem e vivem no momento. E essas três características, que não podem ser separadas, precisam fazer parte do conjunto de perguntas”, explica a educadora.
Também é importante que todo esse processo esteja contextualizado ao território, cultura, repertório e interesse dos estudantes. “Quanto mais o professor souber sobre seus alunos, mais fácil será acessá-los”, diz Rhonda Bondie.
Deixe claro o momento em que vai propor uma pergunta. O professor pode ficar de pé em um local específico da sala ou segurar um objeto, por exemplo.
Dessa maneira, os alunos começam a entender a rotina de prestar atenção às perguntas e saber que são esperadas respostas delas. “Criar esse hábito é importante para os estudantes entenderem quando realmente precisam pensar e responder”, diz Rhonda.
Para reforçar o momento em que de fato se espera uma reflexão e uma resposta dos alunos, não faça perguntas que não precisam de respostas, como as perguntas retóricas. Se precisar dar coordenadas para os estudantes, ao invés de dizer “já pegaram seus cadernos?”, diga simplesmente “peguem seus cadernos”.
Isso aumenta as oportunidades dos alunos refletirem e pode diminuir a competitividade entre eles, muitas vezes expressa na agilidade em levantar a mão para responder primeiramente.
“Faça a pergunta, dê alguns segundos de pausa, em silêncio, e só então peça para os alunos erguerem as mãos”, recomenda Rhonda.
Para temas mais complexos, faça a pergunta, dê os segundos de pausa, e peça para que os alunos conversem com o colega ao lado sobre o assunto, trocando suas respostas.
Isso gera oportunidades de debate, reflexão e de confronto de opiniões. Passados os minutos estipulados para o debate — algo entre 4 e 6 minutos — ouça as respostas.
Para estimular que todos perguntem e respondam, é preciso criar um ambiente seguro. Isso pode ser feito por meio de uma escuta atenta, validando e mostrando interesse em todas as opiniões expostas, para deixar claro que não há resposta certa ou errada. Além disso, incentiva que todos participem, não só os alunos que sempre erguem a mão.
“Todo esse esforço dos professores de fazer perguntas melhores também ensina os alunos a perguntarem melhor. E isso se torna uma ferramenta fundamental para que eles acessem e construam conhecimento”, conclui Rhonda.
Referências:
Classroom routines for precise, efficient, and effective learning for all. Bondie, R. & Zusho, A. (2016)
Teaching questioning and learning. Morgan, N. & Saxton, J. (1991)