publicado dia 05/01/2018
13 animações diferentes para adultos e crianças assistirem juntos
Reportagem: Julia Dietrich
publicado dia 05/01/2018
Reportagem: Julia Dietrich
Filmes animados são sem dúvida bons caminhos para aproximar crianças, jovens e adultos. Mesmo quando tratam de temáticas sérias, por sua estética convocam certa leveza e apresentam outras formas de expressão da realidade ou da imaginação.
Contudo, muitas vezes, produções de estúdios menores ou de países externos ao universo de Hollywood acabam passando desapercebidas. Por isso, o Centro de Referências em Educação Integral listou 13 animações para crianças, jovens, pais e educadores assistirem juntos e que têm a potência de ilustrar outras culturas e formas de viver, evitando estereótipos, mas sem perder a leveza e o diálogo inter-geracional.
Ancestralidade, identidade, história, cultura e concepções com território são algumas das temáticas – tão caras à concepção de educação integral – presentes e discutidas nos filmes. Confira-os!
A animação narra uma lenda tradicional dos povos escocês e irlandês sobre os selkies, espécie de híbridos de humano e foca, com poderes mágicos. Na história, a pequena Saoirse se descobre como uma das últimas da sua espécie e tem como tarefa ajudar criaturas marinhas que estão em perigo. Além de uma ótima oportunidade para discutir as semelhanças e diferenças dos diferentes folclores, o filme é bastante divertido e fala da coragem de uma garotinha ao descobrir e assumir sua ancestralidade e história.
2. O Fantástico Sr. Raposo (Wes Andersen * 2009 *86 min * 10 anos)
Indicado para crianças a partir dos 10 anos, o filme realizado na técnica de stop motion é uma adaptação de obra do escritor Roald Dahl – o mesmo que escreveu a Fantástica Fábrica de Chocolates. A história narra como um ex-ladrão de galinhas, o Sr. Raposo, tenta viver uma vida nos padrões impostos pela nova comunidade, respondendo a uma promessa feita a sua esposa e filho. A partir de um cenário do universo adulto, mas traduzido em uma trama acessível e compreensível para pré-adolescentes e jovens, a animação é prato cheio para discutir questões relacionadas à moralidade, liberdade e vida em sociedade.
Como o próprio nome indica, a animação conta a história de Azur e Asmar, dois jovens que foram criados pela mesma mulher: um, filho de um nobre e que é loiro e de olhos azuis, e o outro, de pele morena e que é filho da ama de leite do primeiro. Quando adultos, ambos decidem ir atrás do gênio (jhin) das fadas, que se liberto, ajuda o libertador a encontrar o amor. A narrativa discute questões de classe, raça e preconceito com bastante cuidado e apresenta uma estética e trilha sonora do Oriente sem cair em estereótipos e banalizações.
O desenho animado conta a história do pequeno Kiriku, um menininho que já nasce falando e é dono de uma autonomia ímpar e capacidades singulares e, que desde o primeiro dia, tem uma missão: enfrentar a feiticeira Karaba. Baseado em lendas do folclore do oeste africano, o filme tem um traço impressionante, bastante diferente da estética comumente encontrada nas películas da Disney e conta com a trilha sonora do compositor e cantor senegalês Youssou N’Dour. Além de ser uma super obra para entrar em contato com a cultura da região, a animação discute a coragem e a capacidade criativa das crianças. Em 2005, foi lançada a sequência Kiriku e os animais selvagens, outro filme que vale a pena!
A produção narra a história do jovem Brendon, que vive no mosteiro de uma vila no século IX na região da Irlanda e que está sob ameaça das invasões bárbaras. Com a ajuda do abade da sua comunidade, ele deve encontrar as respostas para concluir o livro mais importante de todos – o Livro de Kells, que guarda os segredos fundamentais de seu povo. Ao se tornar escriba desta história, o garoto descobre muito sobre si e sobre a história da região. Ao mesmo tempo que apresenta uma estética que combina diferentes técnicas de ilustração e o repertório cancioneiro tradicional da região, o filme discute a era medieval e a história da cultura cristã na região de um jeito leve e contextualizado.
A animação argentina combina a estética dos filmes da Pixar com uma das grandes paixões da América Latina: o futebol. Bem divertido, o filme conta a história de Amadeu, um homem, que desde pequeno adora jogar pebolim – ou totó -, mas no campo é um grande desajeitado. Após uma confusão e o desafio de um valentão chamado Ernesto, como num passe de mágica, os jogadores de pebolim ganham vida e decidem se unir a Amadeo em uma partida no estádio. O filme, além de bastante engraçado, convoca uma série de imagens e símbolos que normalmente não aparecem nas telinhas norte-americanas.
Também indicado em nossa lista “15 filmes nacionais para crianças e adolescentes verem em cada momento do desenvolvimento”, a animação brasileira traz elementos estéticos muito diferentes do que as crianças e jovens estão acostumados. Trata-se de um trabalho quase artesanal, que acompanha música e trilha sonora inspiradoras, narrando a forma como crianças enxergam o mundo. “Como poucas obras, é um filme importante para todas as idades, pois há muitas camadas de leituras possíveis. Para crianças pequenas, pode ser uma experiência estética inédita. À medida que aumenta a idade do espectador, mais elementos da densidade dramática podem ser compreendidos”, afirmou a pesquisadora Claúdia Mogadouro, especialista em cinema e educação, em entrevista ao Centro de Referências.
Filme do Estúdio Gibli, um dos mais importantes do mundo e dirigido pelo mestre Hayao Miyazaki, Meu amigo Totoro apresenta uma história de imersão no mundo da infância, da imaginação e da capacidade que todos têm de aprender uns com os outros. Na película, duas garotinhas se mudam para o interior de uma aldeia japonesa, e lá, com a ajuda de um professor, descobrem e passam a se relacionar com uma espécie de entidade que congrega os espíritos da floresta. Sensível e indicado para todas as idades, o filme traz à tona a importância de enfrentar os medos e dificuldades do processo de crescimento das crianças.
9. Coraline e o mundo secreto (Henry Selick * 2009 * 100 min * Livre)
O filme conta a história de Coraline Jones, uma menina destemida e que acredita fortemente que o mundo pode ser melhor, mais divertido e menos entendiante. Ao abrir o armário de sua casa, Coraline se transporta para um outro mundo – igualzinho ao seu, mas onde todas suas vontades acontecem. Contudo, rapidamente, o que era sonho se torna um grande pesadelo, discutindo que as coisas difíceis de crescer são importantes, mesmo que não divertidas. A história do escritor Neil Gaiman, mesmo autor de Sandman, além de muito interessante, ganha na adaptação para o cinema uma versão cuidadosa e que pode ser assistida por muitas idades diferentes.
Um dos filmes da franquia Wallace e Gromit, a Batalha dos Vegetais apresenta o cãozinho Gromit e seu amigo humano em uma super empreitada para proteger o concurso anual de legumes da sua cidade. Wallace, que é inventor, tem a ideia de criar uma máquina capaz de proteger os alimentos dos animais, sem machucá-los, mas ao colocá-la em prática, a casa da dupla acaba com uma coleção infindável de coelhos, gerando muita confusão. Além de bastante engraçada, a animação discute lealdade, amizade e o poder que grandes ideias têm de transformar o mundo.
Em um mundo pautado pelo medo, em que ratos e ursos são inimigos, nasce uma amizade improvável. A ratinha Célestine, uma órfã que foge de casa, é acolhida pela casa do urso Ernest, músico e palhaço. Baseado nos livros da escritora e ilustradora belga Gabrielle Vincent, e vencedora do César de melhor animação [prêmio francês equivalente ao Oscar], a película ensina muito sobre “não julgar um livro pela capa” e sobre a importância da alteridade e disponibilidade para aprender e amar quem é diferente.
Kubo é um garotinho que vive uma vida normal ao lado de sua mãe no Japão, que tem sua rotina completamente transformada por um espírito mau que decide fazer com que diferentes espíritos e monstros o persigam. Para lidar com a situação, o pequeno deve ir atrás de uma espada que pertenceu ao seu falecido pai e entrar em contato com a tradição e história samurai da sua família. Divertido e bastante leve, Kubo apresenta um pouco da cultura tradicional japonesa e a simbologia ligada à ancestralidade e rituais familiares do país.
Uma aventura psicodélica ao som dos Beatles apresenta personagens para lá de inusitados e situações que trazem a potência da imaginação e provocam reflexões para todas as idades sobre a vida e os limites entre sonhos e realidade. Com uma mensagem muito atual, mas sem ser piegas, o filme reflete sobre a importância e o poder transformador do amor entre as pessoas.