publicado dia 20/05/2016
8 formas de engajar familiares no Ensino Médio e Fundamental II
Reportagem: Dafne Melo
publicado dia 20/05/2016
Reportagem: Dafne Melo
Não podemos falar seriamente sobre sucesso acadêmico dos estudantes, sem ter uma conversa séria sobre o engajamento de seus familiares. Mas essas conversas precisam ir além de convites para a “Noite de Cinema com a Família” ou à “Festa da Primavera”. Tem que ser uma discussão sobre a criação de ambientes onde todas as famílias se sintam participantes da cultura escolar, e não apenas convidadas a participar de eventos.
Por Heather Wolpert Gawron*
Traduzido do Edutopia
Muitas vezes, percebemos diferenças entre o engajamento das famílias nas escolas de Educação Infantil e Fundamental I e nas escolas de Fundamental II e Ensino Médio. Muito disso diz respeito aos próprios professores – é como se só aproximássemos os pais quando planejamos atividades sobre o calendário de festas e datas comemorativas.
Parte diz respeito às próprias famílias. Talvez pelo fato de representarem um grupo minoritário na escola, uma perspectiva que pode ser bastante intimidadora para tanto familiares, quanto para estudantes. Talvez eles próprios não tenham tido a oportunidade de estudar, e não ficam completamente confortáveis no ambiente escolar; podem inclusive estar “dando espaço” para seus filhos, parentes, entendendo que estão fortalecendo sua independência. E aí vemos que existe uma diferença grande entre fortalecer sua autonomia e deixar de acompanhar suas trajetórias escolares.
Outra parte ainda diz respeito à falta de esforço da escola em alcançar ativamente todas as famílias, de forma equânime e com determinação.
Por que essa aproximação é vital?
Todos sabemos que o impacto que a escola e os professores têm no desenvolvimento dos estudantes. Contudo, como apresentado pelo Departamento Nacional de Educação dos Estados Unidos, “educar a nova geração é uma tarefa compartilhada. Quando famílias, comunidades e escolas trabalham juntas, os estudantes têm mais sucesso e toda a comunidade se beneficia.”
Quando uma escola toma a decisão de engajar as famílias, em toda a diversidade que apresentam, os benefícios compensam e muito o esforço empreendido. De acordo com a DropOutPrevention.org (organização especializada em evasão escolar), estudos apontam que quando se amplia o engajamento familiar, conquista-se maiores resultados acadêmicos e de desenvolvimento dos estudantes, tais como:
– Diminuição significativa das faltas
– Maiores taxas de conclusão
– Abuso de álcool é menor
– Estudantes de contextos diversos e com dificuldades acadêmicas se beneficiam muito
Mas, então como a escola pode pensar estratégias apropriadas de envolvimento das famílias de jovens? Tudo começa com comunicação.
Na Prática: engajamento das famílias
No início deste ano, eu falei com Lisa Debbs, consultora educacional, sobre engajamento das famílias que não falam português** como primeira língua ou que são de contextos demográficos específicos. Nossa conversa discutiu a importância das escolas buscarem essas famílias não apenas de forma justa, mas com determinação. Não é apenas garantir que essas famílias tenham a oportunidade de acessar as informações da escola; é sobre garantir que nós estamos fazendo todo o possível e que estamos esgotando todas as possibilidades para encorajar que o diálogo aconteça. Lisa e eu falamos bastante sobre o assunto, e eu resumi nossa discussão em 8 estratégias para engajar a participação das famílias.
#1. Engaje, primeiro, famílias na Educação Infantil e Ensino Fundamental I
As escolas para jovens, de Ensino Fundamental e Ensino Médio, tendem a ter reuniões maiores, com mais gente e isso pode ser intimidador para muitas famílias que não estão prontas ou envolvidas ativamente na escola. Apoie a transição da Educação Infantil para o Fundamental, criando grupos com os familiares e acompanhando visitas a escolas da região ou apresentando a nova etapa com a ajuda da Associação de Pais e Mestres da escola. Para o caso de familiares imigrantes, ter alguém que fale a língua e possa traduzir ajuda bastante e essa tradução pode ser feita em paralelo ou em momentos de pausa da reunião para que elas consigam acompanhar a pauta das atividades.
#2. Crie um grupo de incidência de familiares
Identifique familiares que falam determinadas línguas, e ajude-os a entender temas importantes da gestão escolar. Com o apoio deles, crie uma espécie de identificação para que outros familiares possam acessá-los para informações. Veja se esses familiares poderiam organizar uma atividade informal, um café, em suas casas ou em um lugar da comunidade para falar sobre os assuntos de interesse do coletivo. Garanta que estes familiares compartilhem as características das outras famílias da escola, especialmente das que não estão engajadas.
#3. Leve a informação da escola para a rua
Mapeie igrejas, centros comunitários e locais onde grupos de famílias se encontram. Vejam se aquele lugar pode receber uma reunião de apresentação da escola com essas pessoas. Encontre os familiares onde eles se encontram no lugar de esperar que eles sempre venham até a escola. Para muitas famílias, o ambiente escolar pode ser bastante assustador. Ajude-as a entender os papeis de cada um na escola, e ela pode acabar se tornando mais confortável para estes familiares no futuro.
#4. Faça uso do comércio local
Peça aos comerciantes para manter um quadro de aviso em mercadinhos, padarias e lanchonetes da comunidade. Anuncie um evento ou atividade escolar, e celebre as conquistas dos estudantes da sua escola.
#5. Descubra o que as famílias precisam
Aplique pesquisas ou conduza entrevistas com os familiares (em idiomas estrangeiros, dependendo da sua comunidade) na matrícula dos seus estudantes. Peça que outros pais ou estudantes o ajudem na sala de informática para que pais que não tenham contas de e-mail possam criá-las, se eles não tiverem uma registrada ou não souberem como utilizá-la. Peça que eles preencham um questionário rápido perguntando sobre como gostariam de ser acessados ao longo do ano escolar, e quais são suas maiores preocupações. Garanta que as temáticas por eles indicadas sejam tema das reuniões e atividades coletivas.
#6. Se aproxime das famílias apenas para construir uma relação
Muitas vezes buscamos os familiares apenas para discutir questões de disciplina, mas proatividade positiva pode gerar muitos frutos, especialmente para construir uma relação mais confortável de família e escola.
#7. Ofereça oportunidades formativas
Escolas podem apoiar familiares em como acessar informação online. Recepcione as famílias para mostrar o blog, site ou Facebook da escola. Mostre aos pais que não falam a língua como usar ferramentas como o Google Translate, e de como eles podem utilizá-las para ler os veículos de comunicação digital. E o mesmo pode ser feito pelos profissionais da escola – que eles possam utilizar a ferramenta para passar recados (e mesmo as tarefas para casa) na língua dos familiares dos seus estudantes.
#8. Faça conferências e assembleias com as famílias
Convidem os familiares e envolva a equipe escolar, e até os estudantes para um espaço de conferência informal. Trabalhe a partir de tópicos de interesse dos pais, levantados anteriormente ou no próprio dia. É fundamental que as famílias sintam que estão sendo ouvidas e que elas podem participar da cultura escolar.
Nós sabemos que em todas as escolas existem aqueles familiares que sempre se envolvem e tem aqueles que, por diferentes razões, não participam das atividades escolares. A escola, porém, não pode compactuar com essa separação. E o caminho é esgotar todas as possibilidades e alcançá-los nas formas que funcionarem para eles.
E, na sua escola, como os pais são engajados?
*Professora, autora de livros e consultora em design de currículos (http://tweenteacher.com/)
** no artigo original, inglês