Aproximação das famílias aumentou autoestima dos estudantes e melhorou indisciplina
Publicado dia 22/03/2016
Publicado dia 22/03/2016
A Escola Estadual Professor Joaquim Pimenta de Araújo, localizada Água Boa (MG), detectou um problema: os estudantes do ensino fundamental eram indisciplinados e tinham baixo autoestima. Os professores e gestores resolveram, então, entender a origem dos problemas, para poder apresentar soluções.
A conclusão foi que os estudantes da escola se encontravam expostos a um cenário de carências sociais e violência, o que trazia reflexos no comportamento e no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, em muitos casos, as famílias não valorizavam a escola como um espaço que poderia proporcionar outros horizontes de futuro para seus filhos.
Diante dessa análise, a escola decidiu agir. A principal ferramenta para melhorar a autoestima dos alunos foi trazê-las para dentro do ambiente. O objetivo foi mostrar para as famílias a importância de valorizar a educação, para que elas pudessem transmitir isso para as crianças e jovens da Joaquim Pimenta.
“Acreditamos que as famílias são a base da educação e que a escola se sustenta no diálogo e parceria recíproca com ela e a comunidade. Quando os familiares sentem confiança no trabalho desenvolvido pela escola e é respeitada em suas peculiaridade todos saem vitoriosos: aluno, família, escola e sociedade. Nenhuma instituição é capaz de desenvolver uma educação de qualidade se a família não comunga com seus princípios éticos e educacionais”, afirmou a diretora Elenita Alves Xavier Barreiros.
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O projeto é calcado na realização de múltiplas atividades, tais como dinâmicas de acolhimento das famílias em reuniões e eventos promovidos pela escola, rodas de conversas com os responsáveis, alunos e professores, campeonatos esportivos com participação da família e comunidade, entre outros exemplos. As ações são pensadas e planejadas com antecedência. Ao todo estão pensadas 39 ações envolvendo a família dos estudantes ao longo dos próximos dois anos.
“Inicialmente, apresentamos o projeto para os pais ou responsáveis, com todas as etapas do seu desenvolvimento. De acordo com as atividades, eles eram convidados a participar; como a programação é mensal, ao final dos trabalhos é feita uma avaliação, considerando os pontos fortes e fracos e o impacto na aprendizagem”, conta a diretora.
Para a escola, a aproximação das famílias também traz muitos desafios e impulsiona mudanças positivas na instituição.
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“Torna-se um desafio ser mais atrativa, dinâmica e criativa para suprir as carências detectadas, conscientizar as famílias de seu importante papel na formação dos filhos e fazer com o que o aluno se torne protagonista de uma educação de qualidade em uma escola em que as diferenças se completam atrás do respeito, cordialidade e empatia”, afirmaram as gestoras da escola no documento que embasa os próximos dois anos de trabalho do projeto Escola em Ação”.
A política de ampliar a participação da família nos espaços da escola começou em 2012. A diretora indica que até o momento os resultados que estão sendo colhidos são positivos, com mais envolvimento familiar e aumento da autoestima dos estudantes.
“Na realidade, sempre houve presença dos pais e responsáveis na escola, mas de forma menos significativa. Após o início do projeto a participação deles, bem como de toda a comunidade, tornou-se mais efetiva. Aumentou a quantidade de pessoas que procuram a escola para saber como está o desempenho de seus filhos, a participação nas reuniões e plantão pedagógico cresceu também. Os responsáveis divulgam e elogiam os trabalhos realizados, reconhecendo o compromisso da equipe escolar”, conta Elenita.
Quanto aos estudantes, mostram-se orgulhosos de onde estudam e mais confiantes em seu desempenho. Os desafios, porém, nunca terminam. “É claro que ainda temos aqueles responsáveis que não se conscientizaram do seu papel no sucesso escolar dos filhos, mas o projeto será permanente aqui, ganhando as adequações necessárias de acordo com as questões atuais e as exigências educacionais”.
Algumas pesquisas corroboram que a participação familiar auxilia na melhora de resultados. Pesquisa da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) aponta que das 36 melhores escolas do Nordeste, 86% têm Conselho Escolar e 92% contam com um Projeto Político Pedagógico, no quais a família tem papel preponderante.
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Trazer os familiares para a escola não é uma tarefa simples e que se realiza do dia para a noite. É necessário muito empenho e comprometimento de todas as partes envolvidas que precisam compreender a importância da educação na formação dos novos sujeitos.
“Estimular a participação dos familiares na vida escolar não é um exercício contínuo de insistência e credulidade. Primeiramente, é importante que os pais saibam que a escola acredita na capacidade de seus filhos e que se empenha para oferecer a melhor educação a eles; depois passamos a manter dialogo constante utilizando todos os meios disponíveis; telefone, bilhetes, reuniões, plantão pedagógico. Os trabalhos que envolvem apresentações artísticas como: recitais, teatros, festival da canção e homenagens contribuem positivamente para fortalecer os laços com a família”, conclui Elenita.