Colégio aposta em gestão democrática para aumentar envolvimento com a aprendizagem
Publicado dia 28/08/2015
Publicado dia 28/08/2015
A gestão da Escola Democrática Rômulo Galvão começou a mudar a partir de 2010 quando os professores, estudantes, funcionários e pais começaram a eleger diretamente seus representantes dentro do conselho escolar. Desde então, todos os participantes da comunidade se tornaram atores mais ativos na dinâmica do colégio.
As eleições para o conselho ocorrem a cada semestre. Além disso, também são eleitos os docentes que irão compor a equipe de gestão, formada por um gestor/a e dois vice-gestores/as, cujo mandato dura um ano.
Essa equipe cuida do cotidiano do colégio e executa as deliberações decididas no conselho escolar. Segundo a professora e ex-gestora, Irenice Peixoto de Andrade, a implementação de uma gestão democrática trouxe como benefício um maior envolvimento de todos nas ações da escola. Para ela, isso decorre do fato de que, nesse modelo de funcionamento, as politicas são discutidas e não impostas.
“O corpo do colégio sabe o que está acontecendo e isso cria um envolvimento muito maior. Quando queremos implementar um projeto, por exemplo, todos participam e influenciam nas discussões sobre como ele será formatado. Dessa forma não é algo imposto pela direção, mas pensando conjuntamente e isso aumenta muito o comprometimento dos alunos”, afirmou.
O espaço do conselho não serve somente para discutir temas ligados à dinâmica acadêmica, mas também para dirimir alguns possíveis problemas de relação entre professores, estudantes e funcionários.
Quando alguém se sente incomodado por alguma postura de algum membro da escola pode procurar o conselho para expor as suas questões e, dentro daquele espaço, haverá uma tentativa de trabalhar tais problemas.
A prática da gestão democrática vai para além da existência de um conselho formado por pais, professores e estudantes. Tradicionalmente, os únicos avaliados no espaço escolar são os alunos, mas no Rômulo Galvão os professores também são avaliados periodicamente.
A professora Irenice explica que todo bimestre as classes se reúnem e fazem uma avaliação dos professores e de outros elementos que influenciam na dinâmica de aprendizagem, como infraestrutura e projetos. Após a discussão, o representante de classe sistematiza o debate da reunião e entrega uma ficha para o gestor.
Após esse processo, o diretor senta junto com o conselho e diante dos temas levantados nas fichas faz as mudanças debatidas e necessárias para melhorar o funcionamento da instituição.
Segundo a docente, a prática tornou o ambiente escolar melhor como um todo. Os comentários e insatisfações dos alunos ganham espaço e “deixam de circular nos corredores e no pátio do colégio”, uma vez que a escola cria um fórum para que suas opiniões possam ser escutadas e influenciar de fato a escola.
“Percebemos que os gestores muitas vezes não sabem o que acontece dentro da sala de aula e nas relações entre alunos e funcionários. A partir das fichas, identificamos muitos problemas que estavam passando desapercebidos pela gestão”.
Os alunos avaliam, mas também são avaliados pelos professores durante todos os bimestres. Todos os docentes de uma determinada sala de aula se reúnem e, assim como fazem os estudantes, produzem um relatório. Nesse caso, o balanço é individual para cada aluno. Após a reunião do conselho de classe, os professores chamam cada estudante e expõem quais foram os méritos e o que pode ser melhorado.
Outro instrumento incentivado pelo colégio para aumentar a participação dos estudantes é a confecção de um jornal feito por eles próprios na oficina de “Rádio e Jornalismo Escolar”. A publicação foi criada em 2011 e, desde então, já foram publicados 18 exemplares.
O jornal é importante porque ele se torna uma espécie de mural dos estudantes que podem expor materiais próprios ou que tenham sido produzidos em alguma outra disciplina. No último exemplar, por exemplo, foram publicados textos produzidos pelos alunos do ensino médio nas oficinas de Literatura.
Outra forma de garantir o acompanhamento dos estudantes é que cada sala possui um “padrinho”, um professor que se preocupa em aconselhar cotidianamente os estudantes daquela sala.
Apesar dos méritos também existem dificuldades e elas também são discutidas por todos os membros do colégio. Segundo Irenice, nos últimos meses, a participação de todos diminui um pouco e os membros do colégio se reuniram nesse sábado para discutir o que fazer.
“Democracia é assim mesmo, a gente precisa construir cotidianamente e quando surgem os problemas precisamos discutir juntos o que fazer. Nesse sábado vamos reunir todos os pais, professores, funcionários e estudantes para discutir como resolver alguns problemas que têm surgido”, afirmou.
A escola ainda mantém diversos projetos com os bairros da cidade, conforme retratado no vídeo abaixo:
Escola