publicado dia 05/03/2015
Empatia: o material mais importante na volta às aulas
Reportagem: Julia Dietrich
publicado dia 05/03/2015
Reportagem: Julia Dietrich
Por Homa Tavangar, traduzido do Edutopia
Meu material escolar mais importante para a volta às aulas não cabe em uma mochila, não pode ser encomendado online; é tão essencial quanto um lápis, mas diferentemente de um, nenhuma tecnologia pode substitui-lo. Por um lado, assim como uma caixinha de giz de cera, ele pode vir em diferentes cores. Melhor que o aparelhinho mais moderno, melhor que a última tendência, ele pode ser equipado em todos os estudantes e, quando o fazemos, ele pode transformar o mundo em que vivemos.
Ele é um “músculo” que eu exercitei bastante durante as férias. Meu material é a empatia.
Mas, qual a grande questão sobre empatia? Bom, a empatia começa com você se colocando no lugar de outra pessoa, um ponto chave para entender pessoas com perspectivas diferentes das suas. Isso não é apenas algo legal a ser feito; é essencial e uma habilidade ativa. É estruturante poder abraçar as diferenças, construir relações, poder estabelecer perspectivas globais e sistêmicas, conduzir análises mais ricas e aprofundadas e comunicar mais efetivamente. Essa habilidade é a maior de todas no século XXI. E, assim como um músculo, a empatia se fortalece passo a passo e que pode ser desenvolvida por qualquer cirança ou adolescente e em qualquer série ou ano escolar. Empatia é o músculo que permite que você defenda algo, e não fique apenas na defensiva.
Homa Tavangar é uma autora premiada, que escreveu os livros Growing Up global: criar filhos para estar em casa no Mundo e da Caixa de Ferramentas para Educação Primária. Sempre explorando maneiras criativas de escolas poderem cultivar uma cultura de cidadania global, Homa ajuda escolas a utilizar os recursos locais em uma perspectiva global, integrando as discussões de currículo e cultura.
Mas, também como um músculo, a empatia é fácil de esquecer, especialmente quando operamos como se estivéssemos apagando incêndios. Em um exemplo pessoal, tomamos um susto médico com a minha filha, que foi diagnosticada como extremamente magra. Contudo, sua aparência desmentia seu cansaço e baixo índice de resistência física. Isso nos fez pensar como algo que pode aparentar a necessidade de simples ajustes na superfície pode estar mascarando problemas mais profundos.
Quando nós pensamos em empatia em uma sala de aula, seu aspecto físico pode servir de metáfora para entendermos a saúde emocional do ambiente de aprendizagem. Uma sala pode parecer saudável na superfície, indo bem nas avaliações externas, memorizando fatos e números, mas seu funcionamento interno pode ser fraco. Fraqueza, nesse caso, sendo a ausência de competências mais sutis que efetivamente devem construir o século XXI. Ausência de empatia, bondade sincera e coletividade; quão útil é passar em provas na hora de transformar nossas comunidades em um mundo que adoece?
Mas vai além disso. Um ambiente empático é um ambiente mais inteligente. De acordo com a diretora de educação do Centro Ciências para o Bem Maior, da Universidade de Berkeley, Vicki Zakrzewski, ” a pesquisa científica está começando a nos mostrar uma relação intrínseca entre aprendizagem sócio-emocional e desenvolvimento cognitivo.” Ela complementa, dizendo que “se bebês já aos 18 meses exibem sinais de compaixão, empatia, altruísmo, então essas características são parte de quem somos. Mas, ao mesmo tempo, essas habilidades têm que ser cultivadas porque o ambiente em que vivemos pode inibir que elas se desenvolvam.” Em outras palavras, a empatia, assim como um músculo do corpo humano, está presente – mas para que possa se manifestar, precisa ser exercitada.
A volta às aulas oferece um tempo ideal para estabelecer as prioridades de sua sala de aula e o desenvolvimento ativo da empatia.
Um ponto de partida excelente é da Ashoka, uma organização não governamental dedicada a encorajar inovação social ao redor do globo. A iniciativa “Escolas Transformadoras” compartilha pesquisas, estudos de caso e histórias inspiracionais, e está construindo uma rede de escolas transformadoras dedicadas a construir ambientes empáticos e encorajadores na educação primária.
Eles desenvolveram um mapa para navegarmos em uma rota para a empatia – utilizável para qualquer idade. Você também pode entendê-lo como um plano de academia para desenvolver o músculo da empatia.
Crie as condições em que a empatia pode prosperar.
Crie um espaço seguro: Um ambiente em que há confiança é chave para destravar a empatia.
Seja um exemplo: Considere como interagir de forma empática com os demais, especialmente com seus estudantes, e faça disso um modelo.
Desenvolva Competências Emocionais: Entenda e lide com as suas próprias emoções para identificar e interpretar as emoções dos outros.
Atue em acordo com a sua personalidade e interesses. Não existe um curso fixo em como engajar pessoas, mas existem algumas atividades-chave.
Brincadeiras em grupo: Empatia começa no recreio, quando a imaginação naturalmente corre solta, quando as crianças aprendem a resolver seus próprios conflitos e reforçar suas próprias regras.
Contação de histórias: As histórias desafiam nossas percepções, possibilitando que possamos “vestir os sapatos alheios”, vivendo experiências diferentes das nossas.
Imersão: Ao imergirmos em experiências alheias, nós aprendemos a olhar para além dos rótulos e estereótipos, e passarmos de projeção para profunda compreensão.
Resolução de problemas: Colaborar constrói empatia por meio de vitórias e desafios compartilhados.
Ação e reflexão se completam ciclicamente e formam uma distinção vital entre “ensinar para provas” e internalizar conhecimentos para fazer a diferença com o que se aprendeu.
Identificando valores comuns e diferenças: como explicado pelo mapa da Ashoka, “empatia significa reconhecer aspectos de humanidade compartilhados nos outros, mas também significa saber nomear e apreciar as diferenças. É assim que saímos da projeção, quando imaginamos o que faríamos no lugar de outras pessoas, para empatia, quando entendemos e respeitamos as decisões do outro.”
Encoraje: Vá além de elogios para os bons comportamentos – de forma proativa combata as forças contrárias. É assim que aprendemos a defender o que pensamos e a deixarmos de ficar na defensiva.
Possibilite a ação: Por fim, crie oportunidades em que seus estudantes possam colocar a empatia em prática, e exercite comportamentos sociais que planejados para favorecer outros.
Esse plano pode ser traduzido em materiais simples para sua sala de aula e para a escola. Compartilhe essa ideia com os familiares dos seus estudantes em boletins, no site da sua escola, em qualquer canal que você utilize para se comunicar com a casa dos seu estudante. Esforços compartilhados em diferentes frentes podem apoiar a mudança da cultura de uma escola para a compreensão de que a empatia como uma força cultivada e praticada contribui para uma saúde permanente – dentro e fora do ambiente escolar.