Em Novo Hamburgo, diferentes caminhos da educação integral buscam garantir a aprendizagem

Publicado dia 15/12/2014

A educação integral no município de Novo Hamburgo começou a partir de uma problemática comum a todo o Brasil: os baixos níveis de aprendizagem dos estudantes. A gestão da cidade colocou como central o tema para que a rede municipal garantisse que todos ­estudantes pudessem aprender, buscando equidade nos processos de ensino e aprendizagem e a educação como um direito de cada indivíduo.

Como resposta, a gestão municipal, em diálogo com as unidades de ensino, decidiu apostar em uma proposta de educação integral, partindo de quatro eixos complementares e indissociáveis: a interlocução do poder público para o atendimento das necessidades dos estudantes e comunidades, a diversificação de oportunidades de aprendizagem e extensão da jornada escolar; o incentivo à participação discente e das famílias na gestão das escolas e a formação docente para qualificar os processos de ensino e aprendizagem na perspectiva do desenvolvimento integral do estudante.

Pesquisa Socioantropológica

Metodologia de pesquisa em que a comunidade é convidada a analisar sua própria realidade, buscando, a partir dos dados promover uma transformação social, em benefício das próprias pessoas que dela participam.

Mas, antes de tudo, foi preciso entender a situação geral das escolas e estudantes, buscando conhecer melhor a realidade de suas comunidades. Assim, em 2009, cerca de 2.000 pessoas, entre professores e funcionários das escolas, foram conhecer as casas e as comunidades das crianças e adolescentes. Desde então, a chamada Pesquisa Socioantropológica se repete duas vezes por ano, a fim de aprimorar os processos e monitorar os avanços da proposta. “O objetivo é conhecer a condição real de vida dos alunos e trabalhar com um ensino mais contextualizado. É um elemento fundamental que orienta toda nossa ação”, explica o secretário municipal de Educação, Alberto Carabajal, à frente da pasta há duas gestões.

Os diagnósticos realizados a partir das pesquisas possibilitaram que as escolas passassem a construir metodologias e conteúdos mais adequados à realidade dos estudantes. Além disso, a visita permitiu que as instituições de ensino entendessem melhor o contexto familiar e percebessem questões que interferiam na aprendizagem do estudante, mas que extrapolavam suas atribuições.

Em diálogo com o poder municipal, foi possível acionar outras áreas da gestão pública, como assistência social e saúde, para atender adequadamente os estudantes e famílias que necessitavam de apoio. Embora um desafio, a interlocução entre as áreas segue como um ponto fundamental do programa de educação integral na cidade, reunindo os diferentes representantes em fóruns periódicos para discutir as necessidades das diferentes comunidades e escolas.

Educação em novos espaços      

O programa de educação integral de Novo Hamburgo tem como principal objetivo ampliar as oportunidades educativas dos alunos, assim como os locais de aprendizagem e também os atores envolvidos no processo. “Trabalhamos a educação integral como ampliação e qualificação dos tempos e espaços escolares”, apresenta Alberto.

Os cerca de 12 mil alunos do programa se dividem em dois tipos de escola. Na primeira, em que o Mais Educação é o carro-chefe, os estudantes possuem carga horária de sete horas nos cinco dias da semana. Há uma ampliação do tempo e dos espaços educativos dentro da própria rede: o Núcleo de Apoio Pedagógico, Laboratório de Aprendizagem, Ateliê Livre (música, dança e teatro), Salas de recursos multifuncionais, ginásios e quadras esportivas estão entre as opções de espaços que os estudantes frequentam e acessam novas oportunidades de aprendizagem.

Outros seis mil alunos possuem jornada ampliada em dois ou três dias da semana e em espaços fora da escola, vencendo o problema da estrutura física tão comum em outras redes e ampliando o diálogo dos estudantes com o território em que vivem.

Assim, em cada localidade há parcerias com diferentes organizações que recebem os alunos para atividades, como clubes esportivos, igrejas, centros de tradições gaúchas, associação de moradores, escolas de samba. A secretaria de educação supervisiona pedagogicamente essas atividades e oferece apoio financeiro aos parceiros.

O esforço de articulação com a comunidade passa também pela aproximação com as famílias. A gestão municipal incentiva o envolvimento e a participação dos familiares dos estudantes nas instituições de ensino. Regularmente, as escolas promovem mostras culturais e ofertam serviços para a comunidade, como apoiar o cidadão a tirar carteira de trabalho ou adoção de animais, entre outras atividades que podem surgir em cada localidade, de acordo com suas demandas e características.

Gestão escolar

Para além deste entrosamento mais pontual, a participação das famílias na gestão escolar foi fortalecida.  Os diretores de cada unidade de ensino agora são eleitos de maneira direta pelo voto de mães e pais, e também de professores, funcionários e alunos com mais de 12 anos. As escolas também abriram mais espaço para as associações de pais que em algumas localidades são bastante fortes e acompanham de perto o cotidiano escolas. “Os pais participam muito destes grupos e, inclusive, levantam recursos para a escola e ajudam na sua manutenção.”

Neste processo da escola se abrir para as famílias, as associações de pais se fortaleceram e consequentemente a comunidade escolar. “Nas escolas com grande participação dos pais é onde os índices de aproveitamento são melhores”, aponta o secretário.

Formação de professores

A estruturação do programa de educação integral passou também pela capacitação e valorização dos educadores. Os professores recebem formação continuada da secretaria e também das universidades da região e incentivos para realizar um curso superior ou a pós-graduação.

O município mantém também capacitações específicas como música, meio ambiente e tecnologia educacional, a fim de diversificar o aprendizado e as habilidades dos docentes envolvidos no processo pedagógico, convidando-os a ter em suas atividades abordagens interdisciplinares e contextualizadas.

Principais resultados

Criado há cinco anos, o programa de educação integral de Novo Hamburgo já dá frutos. O secretário de educação destaca a melhoria da aprendizagem, que tem se refletido no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que superou a meta para 2013, e na socialização e participação dos estudantes na escola e na comunidade.

A relação entre escola e família assim como a diálogo dessas na vida escolar também se aprimorou. Alberto relata que as instituições se fortalecem com o apoio da comunidade: “O programa ajuda a derrubar os muros e a proteger com muros invisíveis por que quanto mais querida a escola for, mais protegida estará.”

 

Gestão Pública

Governador Valadares traz a perspectiva do desenvolvimento integral para rede municipal

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.