publicado dia 21/05/2024

Como a Educação Integral pode contribuir para o contexto de crise climática

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Resumo: Em evento virtual, MEC reúne especialistas para compartilhar as orientações e contribuições que a Educação pode oferecer no contexto da crise climática global. 

O Ministério da Educação (MEC) realizou, em 16/5, um evento virtual sobre emergência climática e Educação Integral, para compartilhar reflexões e orientações para o acolhimento das comunidades escolares, a proteção social de todos e a reformulação dos currículos para dar mais centralidade à Educação Ambiental e ações pautadas no território.

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O debate foi promovido no âmbito do Programa Escola em Tempo Integral (ETI) e com transmissão ao vivo pelo canal do MEC no YouTube. Assista na íntegra abaixo:

A contribuição da Educação Integral para o contexto de crise climática

Raquel Franzim, Coordenadora Geral de Educação Integral e Tempo Integral do MEC, lembrou que a atual crise que o Rio Grande do Sul enfrenta vem acompanhada de outros episódios recentes, como a seca no Amazonas e Acre, bem como as enchentes na Bahia e Maranhão.

Isso configura um contexto atual e contínuo de emergência climática, alertou a especialista, lembrando que ele afeta diretamente milhões de crianças e adolescentes, suas famílias, e toda a comunidade escolar, além das próprias unidades físicas, destruídas ou reorganizadas como abrigos, e exige que a escola repense seu papel diante desse cenário e fortaleça a atuação intersetorial para prevenir maiores danos em outros eventos climáticos extremos.

“A Educação Integral traz a vida, e tudo aquilo que afeta a vida, para as escolas, para o currículo, para as políticas públicas de Educação”, disse Raquel. “Precisamos unir esforços para promover uma Educação plena para a cidadania, em diálogo com o mundo do trabalho, que proteja as trajetórias escolares e fale de justiça social, ambiental e climática”, continuou. 

Ir na contramão das Secretarias que dedicam esforços para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e olhar para outros pontos mais urgentes, é o que defende Jaqueline Moll, professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Entre as questões, está mudar a formação de professores para que a interdisciplinaridade ganhe centralidade e torne possível uma nova pedagogia, mais integral. 

“Uma Educação que nos faça pessoas, que leve à solidez dos conhecimentos nas diferentes áreas, e a um compromisso humano de fazer esse planeta ser possível para as novas gerações e para os que já estão aqui. E a Educação Integral fala de um outro jeito de viver e de conviver, de ser e estar no mundo”, disse Jaqueline.

A professora também lembrou a importância de toda a sociedade, inclusive das escolas, romperem com o distanciamento da natureza, e sugeriu uma forma de trabalho para lidar com a crise atual: 

“Podíamos construir uma rede de apoio entre escolas do país inteiro. Três ou quatro escolas, uma de cada região, trabalha junto com cada uma das escolas que foi destruída pela enchente”, propôs.

Educação Ambiental e Justiça Climática

A Educação Ambiental, entre outros aspectos, é necessária para que a população possa reconhecer os riscos e agir. É o que explica Rita Silvana Santana dos Santos, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).

“Ela inclui no seu processo de formação compreender como agir diante das emergências climáticas considerando estratégias de prevenção, adaptação e mitigação, frente aos desafios e às potências que o território traz”, afirmou.

Rita também anunciou que está em desenvolvimento pelo MEC um curso chamado “Territorialização da Educação Ambiental”. Ele é voltado à formação de profissionais da Educação de todas as secretarias estaduais e algumas secretarias municipais, de acordo com um índice de maior vulnerabilidade climática e quantitativo de população quilombola e indígena, e visa incentivar projetos elaborados pelos estudantes a partir de problemas reais do território.

“No contexto de emergência climática, a justiça climática precisa chegar junto. Mais do que pensar como nós estamos sendo atingidos, temos que pensar quais são as populações que também precisam de maior apoio”, destacou Rita.

No Rio Grande do Sul, a Educação Ambiental faz parte do currículo das escolas estaduais há 3 anos. “Estamos acompanhando para ver se de fato está ocorrendo nas escolas, se há formação continuada e se ela é trabalhada no contexto dos territórios”, explicou Antônio Maria Melgarejo Saldanha, Presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul.

O especialista também destacou que a responsabilidade não cabe apenas às escolas e lembrou as flexibilizações de legislações ambientais no estado e em todo o país. “De 2018 para cá houve, um grande conjunto de estados praticaram e elaboraram a flexibilização da legislação ambiental e do desmatamento”. 

A centralidade do acolhimento na Educação Integral 

Desde o começo de maio, as escolas do Rio Grande do Sul vêm se organizando para receber os estudantes de volta. Nesse processo, é fundamental que todas as pessoas sejam acolhidas de forma permanente.

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“Que nós possamos olhar os estudantes em todas as dimensões do que eles precisam, e também o grupo de professores, de funcionários, que também precisam desse olhar cuidadoso e carinhoso, assim como é necessário acolher as equipes das Secretarias de Educação e conselheiros”, disse Fabiane Bitello, vice-presidenta da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (UNCME) da Região Sul. 

Ela destacou, ainda, a proximidade das eleições municipais e a necessidade de construir currículos que levem a crise climática para o centro do debate. “Precisamos de informação para construir um Brasil mais comprometido com o meio ambiente, um Brasil que não deixe uma boiada passar”, defendeu.

Ana Carolina Silveira Fonseca, que é representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef),  disse que a partir da busca ativa escolar e o retorno das pessoas às escolas, é fundamental que haja um trabalho intersetorial entre Educação, Saúde, Assistência Social, Segurança Pública e outras áreas, para que todos possam ser cuidados integralmente.

“Temos que construir uma rede de solidariedade em cima do que está acontecendo, principalmente para quem trabalha com crianças e adolescentes, porque é muito difícil vê-los em situação de sofrimento, é um fator que nos angustia. Então é importante entender que para dar força para o outro, a gente também precisa estar fortalecido”, definiu Ana Carolina.

*Na foto de Júlio Ferreira/PMPA, o retorno às escolas da rede municipal de Educação de Porto Alegre, que começou nesta segunda-feira (20/5).

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