publicado dia 20/07/2017
Astronomia para crianças: o ensino das ciências pelo fascínio
Reportagem: Ingrid Matuoka
publicado dia 20/07/2017
Reportagem: Ingrid Matuoka
“Toda criança é uma cientista nata, e então nós arrancamos isso delas”, já dizia o cientista estadunidense Carl Sagan (1934-1996) sobre como a educação formal e a perspectiva adulta podem ser danosas para a imaginação e curiosidade dos pequenos – elementos essenciais para a exploração científica e seu desenvolvimento integral.
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Neste contexto, mais do que somente apresentar conteúdos curriculares, a escola tem um papel decisivo para estimular o gosto pela ciência. E sabendo do fascínio que os fenômenos e corpos do universo costumam despertar entre as crianças, a Astronomia desponta como um caminho de enorme potencial para essa aproximação.
“Aguça o intelecto, a imaginação, o desenvolvimento de tecnologia e se relaciona com perguntas que todos fazemos: onde estamos, quem somos, o que faremos?”, diz Oliveira sobre a Astronomia
“É a ciência mais emocionante. Aguça o intelecto, a imaginação, o desenvolvimento de tecnologia e se relaciona com perguntas que todos fazemos: onde estamos, quem somos, o que faremos?”, resume Antonio José Oliveira, professor de Física na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Para disseminar conhecimentos sobre o cosmos, o professor criou a Ilha da Ciência, projeto que conta com um planetário 3D, laboratório e o Ciência Móvel – unidade itinerante que percorre diferentes cidades com telescópios para que crianças e adultos possam observar os astros.
Nesta jornada, tem a chance de aproximar da Astronomia pessoas que não teriam esse acesso facilmente. No seu primeiro ano de funcionamento, em 2013, a Ilha visitou 12 comunidades quilombolas, por exemplo.
“Quando sai de uma sessão do planetário, a criança tem outra percepção de mundo e, em seguida, pode observar pelo telescópio os anéis de Saturno ou Júpiter e suas luas. Queremos, com isso, despertar o gosto pela ciência que está contida na Astronomia. Pode até ser que ela não se torne uma grande física ou astrônoma, mas com certeza será uma profissional mais humana”, diz o professor da UFMA.
Para Adilson Aparecido de Oliveira, professor de Física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Astronomia pode ser o ponto de partida para introduzir diversos conteúdos de Ciências, Matemática, Geografia, entre outros, na escola.
“O desafio é propor atividades que possam fazer a integração entre essas disciplinas”, diz.
Para tanto, ele sugere a realização de atividades práticas, como a observação dos movimentos do Sol ou o uso de imagens e filmes. “O importante é sempre estimular a criatividade e a imaginação dos alunos para aproximar esses conteúdos, porque o fascínio já está lá, nessa conexão profunda entre nós e o universo, e porque a ciência faz parte da cultura”, diz.
O professor Antonio Oliveira afirma ainda que a aproximação do cientista com a população, principalmente a excluída socialmente, é indispensável. “O cientista tem que estar onde o povo está, porque é lá que encontramos jovens com capacidade para desenvolver a ciência no Brasil. De maneira análoga, é a camada pré-sal do conhecimento”
O filme Viagem à Lua, de George Méliès, é considerado o primeiro filme de ficção científica do mundo. Foi lançado em 1902 e narra a história de um grupo de cinco astrônomos que viajam à Lua em uma cápsula lançada por um canhão gigante, onde são capturados. Com duração de 12 minutos, pode ser assistido na íntegra pelo YouTube:
A série Cosmos: uma odisseia no espaço-tempo, é um documentário científico que conta com a apresentação do astrofísico Neil deGrasse Tyson. Está disponível na Netflix e tem por base a minissérie de mesmo nome apresentada por Carl Sagan (1934-1996), lançada na década de 80. Sua abordagem didática e inspiradora parte do ceticismo próprio da ciência para revelar os mistérios e maravilhamentos do universo, mostrando como todas as coisas estão conectadas. Como lembra Tyson, “somos todos feitos do mesmo pó de estrelas”.
Pará
Centro de Ciências e Planetário do Pará
UEPA — Av. Augusto Montenegro, Km 3, Belém
R$ 5
Bahia
Observatório Antares
UEFS — R. da Barra, 925, Feira de Santana
Gratuito
Distrito Federal
Observatório da UnB
Fazenda Água Limpa, Vargem Bonita, Quadra 17, Brasília
Gratuito
São Paulo
Planetário Prof. Aristóteles Orsini
Parque Ibirapuera, São Paulo
Gratuito
Rio de Janeiro
Observatório do Valongo
UFRJ — Ladeira Pedro Antônio, 43, Rio de Janeiro
Gratuito
Santa Catarina
Observatório da UFSC
Campus Reitor João David Ferreira Lima, s/nº, Florianópolis
Gratuito