publicado dia 11/10/2023

Promover a saúde mental dos professores também é valorizá-los

Reportagem:

📄 Resumo: Durante a live Hora do Intervalo, especialistas conversam sobre por que a saúde mental dos professores(as) brasileiros está desgastada, o papel das privações de direitos e condições de trabalho nesse problema, bem como a importância desse cuidado para a valorização dos profissionais.

“Os professores não estão cansados da profissão, mas das condições que eles não têm para realizar o seu trabalho”, disse o psicólogo Renê Vieira Dinelli durante a live Hora do Intervalo que debateu a saúde mental de educadores(as).

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A discussão se insere no contexto de justa celebração aos profissionais da Educação e seu papel na sociedade, mas lembra que parte dessa valorização envolve salários adequados, formação, condições de trabalho e um cuidado atento à saúde mental dos professores.

“Há uma preocupação grande com a formação dos professores, mas não há nenhuma preocupação com a saúde mental dos professores. Um professor que não tem saúde mental, não dá uma boa aula por mais que você dê dez formações sobre aulas criativas, metodologias ativas, uso das tecnologias e todos os recursos […] ele não está funcionando no seu normal e precisa de ajuda, mas não há uma preocupação da rede pública ou particular com a saúde mental dos professores. Existe aí um tabu muito grande”, ressaltou Raphaela Gonçalves.

Uma das convidadas da live, a bióloga, pedagoga e mestre em Ciências, conduziu uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que mostrou que um terço dos professores da Educação Básica no Brasil sofre da síndrome de burnout.

Entre as causas, há o acúmulo de uma série de fatores, como cobranças por conteúdos e práticas que não foram trabalhados durante a formação inicial e continuada, ter que lidar com situações limite e ver seus estudantes submetidos a uma série de violências e privações, em meio a salas superlotadas e infraestrutura precária.

Os especialistas também destacaram que esses impactos não são sentidos por todos da mesma forma. “Essa discussão [da saúde mental] não pode acontecer sem as bases das interseccionalidades de racialidades, classes, gêneros, para entender quem está adoecendo, porque tem um CEP”, reforçou Renê, que idealizou o Projeto Lugar do Sentir, que desenvolve ações de cuidado e reparação em saúde mental da classe trabalhadora em Educação.

“Se a educação salva, como dizem várias políticas e documentos, quem está cuidando dos professores?”, indagou o psicólogo.

O debate também trouxe uma definição do que é o burnout, a dimensão individual e coletiva do problema, os estigmas e tabus em torno da saúde mental, bem como os caminhos para evitar que os professores adoeçam e como acolher quem precisou ser afastado.

Assista ao debate sobre saúde mental de professores na íntegra:

O que boas experiências de promoção de saúde mental nas escolas têm a dizer?

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