publicado dia 10/06/2015
Seminário permite vivências dos arranjos necessários para a educação integral
Reportagem: Julia Dietrich
publicado dia 10/06/2015
Reportagem: Julia Dietrich
“A educação integral é, hoje, o debate mais avançado no campo da educação no Brasil, entendendo que o que esperamos é o desenvolvimento integral dos sujeitos. Não apenas o desenvolvimento intelectual, mas o emocional, o físico, político, ético e tantas outras dimensões”.
A afirmação, de Helena Singer, assessora especial do ministro da educação, abriu o debate do Seminário Internacional de Educação Integral: Práticas para uma Cidade Educadora, que teve início hoje (10/6) na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e reuniu mais de 400 pessoas, entre gestores públicos de educação, diretores escolares, educadores e agentes educativos de diferentes cidades brasileiras.
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Organizado pelo Movimento de Ação e Inovação Social (MAIS) e Centro de Referências em Educação Integral, o evento trará painéis e conferências de discussão e atividades práticas, com o objetivo de fortalecer a experimentação do conceito. “Queremos experimentar práticas que nos alimentem como gestores e educadores para que, parafraseando Rubem Alves, possamos criar escolas que não sejam gaiolas e estudantes e educadores com asas para alcançar seus próprios caminhos para uma sociedade mais justa”, explicou Maria Antônia Goulart, coordenadora Executiva do Movimento Down.
Com base na experiência da EMEF Amorim Lima e EMEF Campos Salles, escolas da cidade de São Paulo, os participantes do seminário poderão vivenciar possibilidades de organização das atividades em sala de aula a partir de temas e não disciplinas. A ideia é que todos possam explorar os conteúdos de forma autônoma, apoiados por educadores e por um roteiro de pesquisa.
Mediada pelo Movimento Entusiasmo, a oficina de intervenção no espaço público, trabalhará tanto a literatura e a arte quanto o conceito de ocupação do cenário urbano. Na atividade, os participantes criarão seus textos e os imprimirão pelas ruas da cidade.
Na atividade que tem como ponto de partida a experiência do Bairro-escola Nova Iguaçu, os participantes farão uso de embalagens de alimentos para publicação de informações, comunicando suas discussões sobre educação e desenvolvimento integral.
Mediada por urbanistas e arquitetos, a oficina discutirá acessibilidade e educação na cidade, levando os participantes a refletirem sobre as barreiras físicas e imaginárias que impedem a livre circulação no território. De forma prática, os presentes serão convidados a identificar, demarcar e ultrapassar as barreiras do espaço urbano.
Originalmente proposto pelo movimento Mundial da Educação, o jogo “Aprender na cidade” convoca as pessoas a criarem situações de aprendizagem usando os recursos de um território, combinando conteúdos disciplinares às imagens, símbolos e conhecimentos que cada comunidade oferece.
Também com base na experiência do Bairro-escola Nova Iguaçu, a oficina apresenta de forma prática caminhos para a interlocução entre escolas e comunidades. Os participantes irão vivenciar estratégias de diálogo para promoção de relações educativas no território.
Para Natacha Costa, diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz, organização parceira da atividade e proponente do Centro de Referências em Educação Integral, as oficinas e debates foram pensadas para aproximar a relação entre os conceitos de educação integral e cidades educadoras. “Na nossa perspectiva, essas são discussões indissociáveis. Por mais que as nossas escolas e secretarias se esforcem, só alcançaremos o pleno desenvolvimento dos sujeitos quando nossas cidades se reorganizarem, recebendo e apoiando os estudantes em seus processos de aprendizagem”, justifica.
A fim de apoiar gestores nessa discussão, o Seminário marcará o lançamento de um kit de apoio e plataforma virtual para implementação de políticas de educação integral e caminhos para fortalecimento dos territórios como espaços educativos. “Mais do que guias, os instrumentos vêm para reconhecer o conhecimento que há muito tempo vem sido produzido por nossas escolas, secretarias e movimentos sociais. Nosso papel foi o de sistematizar essa produção em um debate comum a todos nós: o de promover a educação que queremos para alcançar um país mais equânime, justo e solidário”, complementa Natacha.