publicado dia 13/11/2024

Seminário faz balanço da formação de educadores do Programa Escola em Tempo Integral

Reportagem:

🗒 Resumo: Durante o 3º Seminário Nacional de Educação Integral, educadoras e especialistas analisaram o primeiro ano do “Programa de Formação Continuada para Profissionais da Educação Básica na Perspectiva da Educação Integral em Tempo Integral”. O curso começou em março deste ano e já formou quase 6700 profissionais em todo o Brasil para apoiar a implementação do Programa Escola em Tempo Integral.

Desde o ano passado está em implementação pelas escolas públicas brasileiras o Programa Escola em Tempo Integral, que visa expandir o tempo dos estudantes em atividades educativas dentro e fora da escola a partir da perspectiva do pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes, como definido pela Portaria nº 2.036/2023.

Além do apoio financeiro, a política prevê apoio técnico por meio do “Programa de Formação Continuada para Profissionais da Educação Básica na Perspectiva da Educação Integral em Tempo Integral”, do Ministério da Educação (MEC). O objetivo é formar gestores e técnicos de secretarias municipais e estaduais de Educação que aderiram ao programa Escola em Tempo Integral.

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Nesta quarta-feira (13/11), a mesa “A retomada da formação de professores para a Educação Integral na experiência das Universidades Federais: aprendizagens e desafios”, que aconteceu durante o 3º Seminário Nacional de Educação Integral, fez um balanço do primeiro ano da formação.

“O eixo Formar do programa foi firmado em parceria com universidades nas cinco regiões do Brasil para trabalhar o conceito da política de Educação Integral em tempo integral, uma das demandas mais importantes para a continuidade da agenda”, disse Aline Zero, que integra a Coordenação-Geral de Educação Integral e Tempo Integral do MEC.

Cada região formulou seu próprio curso, a fim de adaptar às realidades locais. A formação de professores começou a ser realizada em março deste ano, liderada pela Universidade Federal do Pará, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal da Fronteira Sul.

Ao todo, foram formados quase 6700 profissionais da Educação. Confira, a seguir, como foi a experiência de cada região brasileira com a formação.

Assista à mesa “A retomada da formação de professores para a Educação Integral na experiência das Universidades Federais: aprendizagens e desafios” na íntegra:

Norte

Ney Cristina Monteiro de Oliveira, professora na Universidade Federal do Pará (UFPA), compartilhou como foi o primeiro ano de formação de educadores do Programa Escola em Tempo Integral nas universidades federais da Região Norte.

Ao todo, foram 751 professores formados em todos os municípios da região que aderiram ao programa. “Eles nos contaram que foi muito rico ter espaço para as redes trocarem experiências entre si, e até surgiram iniciativas locais para se manterem em contato, como fóruns”, disse Ney Cristina.

Ao final da formação, Ney relatou que muitos dos participantes puderam reformular suas políticas municipais à luz dos conceitos aprendidos na formação.

“Também ficou muito forte a compreensão de que não dá para implementar essa política com professores precarizados, com alta rotatividade e tendo que atender a demandas de avaliações externas”, afirmou.

Entre os desafios para realizar a formação, a especialista destacou a dificuldade de acesso à internet e de deslocamento para encontros presenciais, o que fez com que muitos deixassem a formação. “Falaram também da dificuldade de proposta uma política municipal por falta de compreensão sobre o conceito no interior das Secretarias de Educação”, acrescentou.

Nordeste

A formação de professores na Região Nordeste chegou a 1706 municípios e formou 70% (2725) dos matriculados. “Fizemos um trabalho de busca ativa dos participantes e recuperamos 700 cursistas. Muitos deles não tinham sido informados pelas Secretarias de que estavam inscritos no curso”, explicou Silvia Maria Leite de Almeida, professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Dos participantes, a maioria se autodeclarou parda e, em segundo lugar, branca. 70,13% possuíam formação até o Ensino Médio, 53% integravam equipes técnicas e coordenação das Secretarias de Educação, e 750 cursistas (27,3%) eram secretários municipais de Educação.

“Peço ao MEC que pense com cuidado uma formação para as equipes técnicas das Secretarias, que pensam a Educação nesse país”, disse Silva Maria, que também é coordenadora do Observatório Nacional de Educação Integral.

“Só com essa formação, municípios que não tinham nada conseguiram construir suas políticas”, celebrou.

Centro-Oeste

No Centro-Oeste, onde a densidade populacional é menor, 434 pessoas se inscreveram para participar da formação. Destes, 177 concluíram.

“Vamos chamar o pessoal de novo que quiser terminar o curso no ano que vem”, disse Rosana Beatriz Garrasini Sellanes, professora na Universidade Federal de Goiás (UFG), que destacou que as razões para a evasão se assemelham às da Região Norte e Nordeste.

Dos que finalizaram o curso, 40% eram técnicos da secretaria e 10% eram Secretários de Educação. Rosana relatou que eles compartilharam a importância da formação para rever as ações do município e avançar.

Além disso, que ela contribuiu com o aprofundamento dos estudos dos planos municipais de Educação, envolvendo vários segmentos das secretarias e dos conselhos municipais de Educação.

Entre os desafios, mencionaram a resistência em implementar a Educação Integral por parte de professores.

No final, toda a turma se reuniu presencialmente para apresentar os trabalhos. “Os encontros presenciais são fundamentais pelas trocas de experiências”, afirmou Rosana.

Sudeste

As universidades federais da Região Sudeste formaram 1305 profissionais da Educação, o que corresponde a 80% dos inscritos. Destes, 99% acharam os temas do curso relevantes para pensar a Educação Integral em tempo integral.

“Eles afirmam conseguir perceber as dimensões sociais, emocionais, culturais e físicas dos estudantes, que a Educação vai além dos conteúdos curriculares e visa formar cidadãos completos, e que a abordagem prática e aplicada dos conteúdos facilita sua aplicação em situações reais”, disse Bárbara Bruna Moreira Ramalho, professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Mais uma vez, as trocas de experiências presenciais foram um ponto alto da formação. Por outro lado, os cursistas indicaram a falta de tempo livre para realizar essa formação em serviço como um dos maiores problemas que enfrentaram.

Entre os avanços que podem ser feitos para 2025 na formação, Bárbara destaca a oferta de vagas para gestores escolares e professores. “Essa formação acontece para que a política chegue no chão da escola, então temos esse desafio de articular a política com a realidade das escolas”, afirmou Bárbara, que também é coordenadora do núcleo de ensino, pesquisa e extensão Territórios Educação Integral e Cidadania (TEIA) da UFMG.

Sul

Foram 1738 profissionais da Educação formados na Região Sul. As enchentes no Rio Grande do Sul durante o primeiro semestre forçaram muitos a deixaram o curso.

“Abordamos a Pedagogia da Emergência, adaptamos o calendário, e teve muito acolhimento e sensibilidade com esses cursistas”, afirmou Gilza Maria de Souza-Franco, professora na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Ao longo da formação, criaram o podcast Educação Integral em Foco para ajudar a disseminar os conhecimentos. Os episódios abordam inclusão, periferia e diversidade étnico-racial, diversidades sexuais e de gêneros, participação social, diversidade linguística e multiculturalismo.

A equipe da Região Sul também decidiu acrescentar um módulo extra ao curso para abordar temas contemporâneos como a relação entre Educação Integral e saúde, meio ambiente e Educação Financeira.

“Foi importantíssimo e tem repercutido muito, eles falam que querem mais formação sobre isso, assim como os relato de experiências presentes em todos os módulos. Trouxemos escolas quilombolas, de diferentes territórios, e eles gostaram muito e pediram mais relatos”, disse Gilza.

A criação e organização de uma central de dúvidas dos participantes também auxiliou a realização da formação e deve estar presente no curso do ano que vem.

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