publicado dia 02/12/2016
São Paulo constrói fórum permanente para pensar a educação integral na rede municipal
Reportagem: Ana Luiza Basílio
publicado dia 02/12/2016
Reportagem: Ana Luiza Basílio
A educação integral ganhou mais um importante reforço na manhã desta sexta-feira (02/12), data em que foi lançado oficialmente o Fórum de Educação Integral para uma Cidade Educadora. Fruto de uma articulação entre diversas instâncias e pastas da Prefeitura Municipal de São Paulo, como o núcleo de Educação Integral e Conselho Municipal de Educação, instituições do terceiro setor, academia e representantes da sociedade civil, o fórum surge com o intuito de defender a educação integral laica, pública e gratuita e contribuir para a tradução de tais princípios em práticas.
Os marcos da educação integral
Conheça as principais políticas que respaldam a educação integral e o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.
Ele também surge como consequência do próprio percurso da educação integral na cidade de São Paulo. Os debates sobre essa concepção se iniciaram ainda na 1930, sem nunca, entretanto, ter se consolidado como política pública.
Para a diretora da Fundação SM, Pilar Lacerda, que esteve durante o lançamento do fórum representando o Centro de Referências em Educação Integral, a instância vem ao encontro de um projeto de educação contemporâneo em que não basta aumentar a jornada dos estudantes. “É preciso valorizar os saberes que estão nas escolas, nas comunidades e mobilizar uma rede de pessoas pela educação”, refletiu a especialista, que também reforçou que não se trata de uma modalidade, mas de uma concepção que deve mexer com os princípios e com o imaginário do que deve ser uma escola.
Representando a academia, o professor de Sociologia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), Elie Ghanem, colocou que a educação não decorre de planos pré-concebidos e que, portanto, se faz necessário identificar pontos importantes junto à comunidade educativa, função que o fórum será capaz de exercer. “A educação requer ação coordenada de agentes educacionais, articulação entre as escolas, da educação básica com o ensino superior”, elencou.
O objetivo é que as construções provenientes do fórum garantam uma continuidade que supere a lógica das políticas de governo, geralmente passíveis de descontinuidade. Nessa perspectiva, a integrante do Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos, Diana Mendes Machado da Silva, defende o fortalecimento dos representantes da sociedade civil. “Pra mim, os grandes mobilizadores das políticas públicas são os professores”, afirmou.
A professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e integrante do Conselho Municipal de Educação, Emília Cipriano, explicou que a instância vai atuar a partir da tríade currículo, gestão e território. “Queremos um currículo que dialogue com as artes e com os saberes da comunidade, que aponte outros caminhos para a gestão que não só a expansão do tempo e que traga essa visão intersetorial, ofertando possibilidades qualificadas de aprendizagem”, concluiu.
Também se reforçou a necessidade de que o fórum reforce o compromisso da cidade de São Paulo com o Plano Municipal de Educação (PME) e o Plano Nacional de Educação (PNE), leis que, se traduzidas em políticas públicas e ações reais podem viabilizar a construção de uma educação de qualidade, voltada para a superação das desigualdades e compromissada com a oferta de oportunidades educativas para todas as crianças e jovens.
Saiba + Desvendando o PNE: aumento do tempo na escola não basta, é preciso repensar o modelo
Os princípios e eixos do Fórum de Educação Integral para uma Cidade Educadora foram apresentados por uma carta de apresentação ainda não finalizada. Durante o lançamento, foi aberta uma plenária para que os presentes fizessem suas contribuições e o texto pudesse ser alterado.
Também serão votados os representantes das Diretorias Regionais de Ensino (DREs) que ficarão responsáveis pela comunicação direta com o fórum. Ficou definida uma agenda de atuação presencial da instância a cada dois meses, sendo a primeira reunião no dia 17 de fevereiro de 2017.