Tema muito caro à agenda de educação integral, a discussão de sustentabilidade é fundamental para o pleno desenvolvimento dos estudantes, na medida em que convida a comunidade escolar e cada indivíduo que a compõe a repensar seu papel no território e o impacto de suas ações – coletivas e individuais – na comunidade e no cotidiano de cada um.
É com essa proposta que nasceu a Virada Sustentável, que acontece anualmente em São Paulo, articulando organizações, escolas, empresas, poder público e indivíduos a repensarem suas ações a fim de construir uma sociedade mais inteligente e que garanta equidade a todos. Este ano, a semana começou ontem (28) e segue até domingo com atividades variadas pela cidade, com contações de histórias, shows, exposições, passeios, vivências comunitárias e outras sensibilizações.
Em entrevista ao Portal Aprendiz, André Palhano, coordenador da iniciativa, ressaltou que o tema está muito além da abordagem de valorizar e resguardar o meio ambiente. “Claro que tem ecologia, mas têm cidadania, erradicação da pobreza, redução de desigualdade, empoderamento, uso do espaço público, cultura de paz, direitos humanos e diversidade.”
Nessa perspectiva, reconhecendo a importância da discussão, o Centro de Referências em Educação Integral escolheu sete experiências de escolas e projetos educativos que têm a sustentabilidade – em diferentes perspectivas – como eixo fundamental de suas atuações. Confira:
1. Laboratório de Inteligência do Ambiente Urbano (LIAU)
O estudo do meio ambiente, sugerido por diversos professores da rede municipal de Porto Alegre, e o entendimento que essa leitura poderia ser feita de maneira compartilhada com a comunidade, deu início aos Laboratórios de Inteligência do Ambiente Urbano (Liau) em várias unidades escolares. Cada Liau entende a escola como ambiente propulsor do processo de identificação da população com a natureza, e também um espaço de estímulo à reflexão do estudante sobre seu papel de cidadão para com os locais por onde vive e circula. A experiência mostra que o estudo do meio ambiente considera também as relações sociais e as particularidades de cada território.
2. Programa Escola da Gente
Para qualificar as oportunidades educativas em diálogo com a educação integral, o município de Betim (MG) implementou, em 2009, o Programa Escola da Gente, que se moldou como uma política de gerenciamento intersetorial, pautada no território e no compartilhamento de saberes. A nova orientação curricular proposta às escolas da rede ressignificou o uso dos espaços públicos, a partir do entendimento de que cada um deles poderia acolher uma intencionalidade pedagógica, mediada pela escola e comunidade.
3. AGC (Academy for Global Citizenship)
Na instituição localizada em Chicago (EUA), a preocupação com a sustentabilidade é tão grande que ela pauta a orientação do currículo escolar, que prioriza a formação de cidadãos conscientes de um papel significativo no mundo. A lógica é mantida pela própria estrutura escolar, que possui painéis solares para prover parte da energia, lixo reciclado e refeições orgânicas. Lá, a aprendizagem se dá sobre o trinômio ensinar-aprender-colaborar.
4. Escola da Natureza
Promover atividades continuadas de educação ambiental. Esse é o principal objetivo do Centro de Referência em Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (Escola da Natureza), criado em 1996. O trabalho da instituição tem sido o de se aproximar das escolas e convidá-las a revisitar suas práticas, de forma que a temática se estabeleça a partir da relação saber/fazer, além do atendimento direto aos alunos em uma perspectiva de complementaridade ao currículo escolar.
5. United World College
A necessidade da promoção da cultura de paz veio inserida no cerne da United World College, que nasceu em 1962, no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria. A rede de escolas que se estende para 14 países, com 12 unidades ativas, atende alunos de diversas raças, culturas, nacionalidades, religiões e orientações políticas. Esta configuração impulsionou uma metodologia baseada no reforço de valores como compreensão internacional e intercultural, celebração da diferença, responsabilidade pessoal e integridade, responsabilidade e respeito mútuos, compaixão e serviço, respeito ao meio ambiente, senso de idealismo, desafio pessoal, ação e exemplo pessoal. A ideia é que a resolução dos problemas comuns à comunidade escolar possa ser espelhada para a sociedade, minimizando possíveis tensões desta natureza.
6. Quintal das crianças
Aproximar a educação regular da não-formal, valorizar a infância e propor um novo uso dos espaços públicos. Essas diretivas estão presentes no Quintal das Crianças, iniciativa encontrada nos municípios de São Gabriel e Boa Vista de Tupim, ambos no interior da Bahia. A partir de uma interlocução das próprias comunidades locais com redes e governos, esses territórios conseguiram garantir espaços que zelam pelas brincadeiras, culturas tradicionais, resgate da memória local e preservação do meio ambiente. A iniciativa aponta para uma reivindicação destes municípios pela garantia de espaços públicos para a infância como norteadora de políticas e programas locais.
7. Programa Cidades Sustentáveis
A iniciativa da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Ethos teve início em 2012, durante campanha eleitoral. O site nasceu com o objetivo de reunir indicadores de diversos municípios brasileiros sobre saúde, educação, cultura, mobilidade e meio ambiente, ação que também ajudava a identificar territórios que não faziam tais medições e precisariam dar início a técnicas para integrar seus sistemas de informações. O portal ainda reúne uma área chamada Boas Práticas em que reúne ‘cases’ nacionais e internacionais com melhorias nesses indicadores, ação que procurou inspirar demais gestores públicos na construção de cidades mais justas e democráticas.
Com informações do Portal Aprendiz e Porvir