publicado dia 30/11/2016

Professora dá orientações para uma prática educativa inclusiva

Reportagem:

A luta pelo direito à educação sempre fez parte da vida de Sara Mendonça Ramos. Ainda estudante, a garota protagonizou ao lado da família alguns embates para garantir a sua inclusão efetiva – Sara possui deficiência visual com acuidade entre 5% e 2%.

Embora sempre tenha estudado em escolas regulares, a estudante teve que driblar a negativa de seu acesso por algumas unidades e ainda enfrentar a dificuldades que os professores tinham de lidar com ela em sala de aula.

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“O primeiro sentimento que eles tinham era medo e a partir disso não se colocavam no meu lugar na hora de planejar as aulas e executar as avaliações, fazendo com que eu me sentisse excluída do processo de educação”, conta Sara que foi alfabetizada em casa. “Cheguei a ouvir de alguns professores que não seria necessário me alfabetizar já que eu não iria pra frente”, relembra.

O outro lado da pedagogia

Anos depois, finalizada a educação básica, a estudante acabou optando por estudar Pedagogia e já no primeiro dia de aula se apaixonou, como conta. “Falamos sobre o olhar do professor, sobre o quanto ele precisa buscar por outras possibilidades e se colocar no lugar do aluno para construir o processo de ensino-aprendizagem. Com isso, percebi que era ali que eu queria ficar para fazer a diferença na vida das crianças”.

Já formada, também encontrou dificuldades para ingressar na educação, o que a fez atuar em diversas áreas até se deparar com um concurso para a rede municipal de Vila Velha, no Espírito Santo, sua cidade natal. Há quase um ano, a professora atua na Unidade Municipal de Ensino Fundamental (Umef) Alger Ribeiro Bossois, em Cidade da Barra.

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Sara, que tem deficiência visual, leciona para crianças do ensino fundamental em Vila Velha/ES.

Crédito: Divulgação

Nesse tempo, ela diz ter percebido que para uma efetiva educação inclusiva não há apenas uma metodologia e que o processo deve se dar com base nas necessidades de cada criança.
Em conversa com o Centro de Referências em Educação Integral, a docente elencou aspectos importantes nessa condução. Confira!

Práticas pedagógicas para educação integral
Confira um conjunto de materiais que tem a proposta de trazer subsídios, ferramentas e dicas para implementar práticas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento integral dos estudantes.

#1. Empatia
“Ela é fundamental para que a gente possa se colocar no lugar do outro, enxergue as dificuldades e as habilidades envolvidas e construa uma metodologia diferente, para que a balança não pese somente para um lado”. Sara defende práticas pedagógicas que contemplem todos os estudantes.

#2. Envolvimento com o estudante
Sara considera imprescindível que o professor conheça o estudante em profundidade ao pensar suas práticas pedagógicas. “É importante saber como é a vida dele, sua estrutura familiar, suas habilidades e necessidades”, defende, para que as atividades aconteçam em contextos dialógicos e inclusivos.

#3. Respeito
Outra questão diz do professor se responsabilizar por cada um dos estudantes de uma turma. Para ela, embora o aluno tenha que ser visto em sua singularidade, ele deve ser contemplado em meio ao todo. “Infelizmente, ainda temos casos em que estudantes com deficiência são deixados de lado em sala de aula”, critica, reforçando o compromisso de educar todos.

#4. Planejamento
Diante dessas questões, outra etapa fundamental na visão de Sara é o planejamento das atividades e das avaliações, que também não devem perder de vista as especificidades da turma. “Por exemplo, eu tenho dois estudantes autistas. Um deles se comunica oralmente e o outro usa linguagem não verbal, o corpo dele fala. É da minha responsabilidade considerar essas necessidades”, colocou. Para Sara é papel do professor reconhecer as diferenças e diminuir a distância entre elas, para que a aprendizagem caminhe para o mesmo nível.

#5. Educação compartilhada
Por fim, Sara ainda defende que a educação seja um projeto de todos na escola. “O que mais importa dentro de uma unidade escolar é o capital humano”, considera. Para ela, é fundamental contar com a comunidade escolar inteira para pensar estratégias inclusivas e se responsabilizar pelo dia a dia escolar. “O professor também precisa de apoio, e trocar com coordenadores, acompanhantes pedagógicos e gestores é fundamental”, reitera.

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Sara defende que todos se responsabilizem pela educação inclusiva nas escolas.

Crédito: Divulgação

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