publicado dia 07/11/2017

O movimento de pais e mães pela educação integral em Manaus

Reportagem:

Por Ceane Simões, mãe de estudante da rede municipal de ensino, professora da UEA e membro do CEFA

Mais uma vez o Coletivo Escola Família Amazonas foi objeto de discussão em encontro acadêmico. No dia 20 de outubro de 2017, durante o IV Encontro Estadual da Associação de Política e Administração em Educação (ANPAE) – Seção Amazonas, sediado na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), foi realizada a comunicação intitulada “O movimento de pais e mães pela Educação Integral no município de Manaus: a experiência do Coletivo Escola Família Amazonas na indução de políticas públicas para esse setor”.

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Nesse trabalho proposto por Ceane Simões e Ana Bocchini, membros do CEFA, se discutiu a incidência do movimento pela educação integral em Manaus na política pública em (re)formulação pela Secretaria Municipal de Educação para esse setor, visibilizando a trajetória de luta do CEFA junto às escolas apoiadas e seus/suas educadores/educadoras, mas, sobretudo, destacando a atuação política dos sujeitos implicados nas práticas curriculares cotidianas, que têm contribuído para o aprofundamento do conceito de educação integral nos espaços-tempos escolares.

CEFA - Coletivo Escola Família Amazonas

O CEFA é um grupo independente formado por educadores, mães e pais que busca uma educação mais justa, humana, solidária e democrática

Crédito: Facebook

Isto, necessariamente, reflete a compreensão de que os espaços das escolas públicas são muito mais que espaços de implementação de políticas, configurando-se como verdadeiros espaços de atuação política.

No artigo proposto as autoras defendem que o currículo (ou a política curricular), na vida cotidiana da escola, é resultado sempre provisório e em constante devir dialógico com os que integram a sua rede de conhecimentos e no entrecruzamento com as condições objetivas e subjetivas inerentes a cada espaço-tempo escolar.

Por isso mesmo, a “incidência” do CEFA sobre a reformulação e a “implementação” da Política Pública de Educação Integral no município junto à SEMED deve ser analisada como parcial e provisória, mas, ao mesmo tempo, considerada a partir de suas possibilidades emancipatórias.

Os espaços das escolas públicas são muito mais que espaços de implementação de políticas, configurando-se como verdadeiros espaços de atuação política

É preciso reconhecer que, historicamente, a luta pela educação pública de teor emancipatório tem incorporado as pautas e vozes de pais, mães, crianças, jovens e educadoras/educadores em contraposição à monocultura do poder/do saber/do ser no campo das políticas hegemônicas.

Assim, uma ecologia de saberes (SANTOS, 2010), decorre do diálogo horizontal entre conhecimentos que resistem com êxito às relações desiguais de saber-poder que têm suprimido ou invisibilizado muitas formas de saber próprias dos sujeitos que participam da vida da escola.

Desta maneira, apostamos que credibilizar o trabalho que já vinha sendo realizado nas escolas por meio de suas práticas cotidianas é um ponto fundamental na relação estabelecida com os seus sujeitos praticantes e com a própria Secretaria Municipal de Educação.

Há uma aposta de que as “políticas práticas do CEFA em conjunto com o coletivo das escolas e suas comunidades; técnicos e gestores da educação pública, refletem o engajamento desses vários sujeitos nas formas de participação no dentro-fora dos cotidianos das recém-implantadas escolas de educação integral (em tempo integral) no município de Manaus, vislumbrando-se a criação de propostas de educação de natureza contra-hegemônica e visibilizando as práticas sociais de caráter emancipatório que estão se desenvolvendo na ampliação da articulação dialógica entre famílias-educadoras-dirigentes da educação no desenvolvimento de uma política de educação integral”.

Por fim, é importante que se ressalte que “Estamos tratando da visibilização e da formação de redes de ação política no interior de uma ‘rede’ maior, que são as escolas municipais em seu conjunto, que escapam a uma visão genérica e hierarquizada da política sobre as escolas. Não há intenção, portanto, de definirmos um modelo de educação integral a ser aplicado nas escolas, mas de lutar pelas condições essenciais para essas escolas possam formular os seus projetos educativos próprios, mais pluridiversos, situados e engajados nas comunidades onde se situam”.

Referência:

SANTOS, B. de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, B. de S; MENESES, M. P. (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. p. 31-83

BALL, J; MAGUIRE, M.; BRAUN, A. Como as escolas fazem as políticas – atuação em escolas secundárias. Janete Bridon (trad.) Ponta Grossa: UEPG, 2016.

Sobre o CEFA

O CEFA é um grupo independente formado por educadores, mães e pais que busca uma educação mais justa, humana, solidária e democrática.

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