publicado dia 26/05/2017

“Nunca Me Sonharam” mostra as realidades dos jovens do Ensino Médio no Brasil

Reportagem:

O sonho de um futuro melhor e a desilusão de percebê-lo distante, inacessível. A educação como o caminho para a realização e mudança e um sistema escolar alienado das necessidades e interesses dos jovens. Ou, como resume um entrevistado, “muito sonho, muita ideia, pouca gente escutando pra realizar”.

Lançado nesta quarta-feira (24/05) na mostra Ciranda de Filmes, em São Paulo, o documentário Nunca Me Sonharam costura essas ambiguidades para traçar um sensível retrato das realidades presentes no Ensino Médio das escolas públicas brasileiras a fim de compreender porque a etapa persiste como a mais problemática da Educação Básica, marcada pela evasão e distorção idade-série.

Na mesma proporção em que mostra a adolescência como um período povoado por desejos e questionamentos, o filme dirigido por Cacau Rhoden (de Tarja Branca) e produzido pela Maria Farinha Filmes evidencia a ineficiência da sociedade e rede de ensino em respondê-los. “Dizem que os jovens são o futuro da pátria, mas o que eles estão fazendo pra melhorar nosso futuro?”, resume uma estudante.  

Racismo, machismo, exclusão socioeconômica, gravidez precoce, o poder do tráfico, entre outras questões também são abordadas para compor o quadro e desmistificar a imagem do jovem resistente à escola porque desinteressado. Para tanto, dá voz a estudantes de oito estados de todas as regiões do País.

Um sonho possível

Para além dos percalços enfrentados pelos jovens e educadores, o filme aponta caminhos. Um deles é a aproximação dos conhecimentos transmitidos pela escola e, na maioria das vezes, tratados de forma abstrata, do cotidiano dos alunos.

Em uma das cenas, um professor explica aos seus alunos porque nos sentimos mais leves quando estamos imersos na água. O cenário da aula, no entanto, dispensa carteiras, lousas e paredes. A turma escuta atenciosamente suas palavras banhada pelo próprio rio da região. Enquanto aprendem sobre as noções de Física, se movimentam e brincam com a água.

Outro momento do filme conta a história de um diretor que convocou alunos desmotivados para compor, às pressas, um time de futebol e, após a primeira derrota, conseguiu fazê-los visualizar a importância da dedicação.

Apesar de trazer como inspiração casos de professores e escola que conseguiram impactar suas comunidades com esforços individuais, o filme não transfere para esses atores a responsabilidade de mudar a educação.

Pelo contrário, convoca a sociedade como um todo para repensar como estamos tratando nossa juventude. “Como podemos ter uma escola emancipatória em uma sociedade opressora?”, provoca Macaé Evaristo, secretária de Educação de Minas Gerais, uma das especialistas entrevistadas.

Nunca Me Sonharam ficará disponível gratuitamente na plataforma Video Camp entre 01 e 07 de junho e chegará aos cinemas no dia 08 do mesmo mês em São Paulo e Rio de Janeiro.

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