publicado dia 29/09/2015
MEC valida projeto pedagógico que privilegia o desenvolvimento integral
Reportagem: Caio Zinet
publicado dia 29/09/2015
Reportagem: Caio Zinet
O Brasil inclui milhares de estudantes em suas redes de ensino municipais, estaduais e federal nos últimos anos, mas ainda existem muitos desafios, principalmente no que tange à qualidade de ensino e a garantia do direito a uma escola equitativa, plural e acolhedora. A partir dessa diagnóstico, o Instituto C&A desenvolveu o programa Paralapracá voltado para a educação infantil de cidades do Nordeste brasileiro.
O programa começou a funcionar em 2010 e atua em duas grandes frentes: a formação docente e o acesso a materiais didáticos de qualidade para os professores e para os alunos. A região Nordeste foi escolhida para abrigar o projeto porque as desigualdades regionais ainda são marcantes na educação brasileira.
O programa, que em meados de setembro foi validado pelo Ministério da Educação (MEC), é realizado por meio de parcerias com secretarias municipais de educação que aplicam a metodologia em suas escolas de ensino infantil.
Segundo a gerente da área de Educação, Arte e Cultura do Instituto C&A, Patrícia Lacerda, o programa funciona por meio de editais direcionados para as secretarias. O Instituto faz então uma seleção e a partir daí desenvolve o projeto.
Até o momento, foram realizados dois grandes ciclos. O primeiro entre 2010 e 2012, implementado nos municípios de Campina Grande (PB), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Teresina (PI). O segundo ciclo começou em 2013 e vai até o final do ano e atenderá as cidades de Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).
O reconhecimento do MEC obrigará o Instituto a rever o projeto porque, segundo Patrícia, a validação da metodologia permitirá que o programa vá para mais cidades.
“Estamos pensando um redesenho do projeto para conseguir dar conta do aumento da demanda que a validação do MEC deve trazer”, disse.
Um elemento essencial do programa é a busca constante de articulação entre escola e cidade numa perspectiva de que o território tem dimensões essenciais para a formação do ser humano. Além disso, o programa parte da premissa de que as crianças fazem parte de uma comunidade e que precisam ter voz dentro dela.
Uma das maneiras de incentivar as cidades a serem mais educadoras foi colocar prefeitos e secretários em contato com experiências desse tipo. Antes de começar o segundo ciclo, os gestores públicos das cidades participantes foram levadas para conhecer Reggio Emília (cidade da Itália) para vivenciar a experiência de uma cidade que priorizou a educação.
As escolas do programa incentivam a todo o momento que as crianças participem da vida do território. Assim, os estudantes são levados cotidianamente para conhecer o entorno e para que a comunidade também conheçam as crianças que estudam na escola. Essa inciativa faz parte de um dos seis eixos desenvolvidos no programa Paralapracá, o Assim se Explora o Mundo.
O Instituto também incentiva as escolas a formarem redes que ficam em contato permanente entre si para desenvolverem atividades em conjunto. Patrícia cita como exemplo o desenvolvimento de mostras que, com duração de uma semana, mostram o trabalho desenvolvido pelas crianças durante as aulas em algum espaço público da cidade.
“Todo semestre organizamos essa atividade em algum espaço público das cidades em que atuamos, o objetivo é fazer com as pessoas tenham contato com o trabalho das crianças”, afirmou Patrícia.
No trabalho com as escolas, um dos principais focos se encontra na formação dos coordenadores pedagógicos que têm relação com grande parte da vivência escolar, desde o contato com os professores até com os familiares dos estudantes.
Os profissionais de educação recebem formação nas modalidades presenciais e a distância em um projeto baseado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação infantil. Os seis eixos prioritários do projeto são: brincadeira, artes visuais, música, literatura, exploração do mundo e organização do ambiente.
A formação é realizada em parceria técnica com a Avante Educação e Mobilização Social, organização sem fins lucrativos, com sede em Salvador.