publicado dia 11/09/2024

Marco da Educação Inclusiva, Convenção de Salamanca completa 30 anos

Reportagem:

🗒️Resumo: Seminário 30 anos da Declaração de Salamanca: conquistas e desafios para a educação inclusiva, realizado nesta terça-feira (10/9), celebra o marco na defesa da Educação Inclusiva. O evento também lançou a pesquisa “Educação inclusiva e a formação continuada de professores: aprendizados nacionais e internacionais”, um dos principais desafios atuais para promover a inclusão de todas as pessoas na escola.

Há 30 anos a Declaração de Salamanca, tratado internacional que estabeleceu diretrizes importantes para a Educação Inclusiva, era assinado. Para celebrar a data, o Seminário 30 anos da Declaração de Salamanca: conquistas e desafios para a educação inclusiva recebeu especialistas para debater o tema nesta terça-feira (10/9). 

Leia + Inclusão demanda mudar a lógica das escolas

“Falar sobre o legado de Salamanca é muito importante pela mensagem trazida pela Declaração: todos aprendem, independente das suas necessidades educativas, e o melhor local para isso é a escola comum”, disse Alexandre  Mapurunga, diretor de Políticas de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).

Segundo o especialista, “a declaração foi um ponto de virada, que estabeleceu um novo paradigma para os sistemas educacionais, baseados em igualdade, dignidade e justiça, democratizando a Educação. As diferenças entre as pessoas não justificam as segregações sociais impostas”. 

O evento foi realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e Instituto Alana, em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, o Instituto Rodrigo Mendes e a Rede Globo.

Durante os debates, os especialistas analisaram os avanços da pauta nestas últimas três décadas, sobretudo a inclusão no Brasil de quase todos os estudantes com deficiência em escolas regulares, e apontaram um dos principais desafios atuais: a formação de professores, já que eles são atores centrais para promover a inclusão.

“No Brasil, 94% dos professores da Educação Básica e 58% dos profissionais de AEE [Atendimento Educacional Especializado] não possuem formação continuada em Educação Inclusiva”, afirmou Beatriz Soares Benedito, Analista de Políticas Públicas do Instituto Alana.

“É preciso dar condições de trabalho para os professores promoverem práticas pedagógicas de qualidade”, defendeu Beatriz Soares Benedito

Para contribuir com o tema, o Instituto Alana e a Unesco divulgaram no seminário a publicação “Educação inclusiva e a formação continuada de professores: aprendizados nacionais e internacionais”.

O estudo analisou políticas, práticas e estruturas organizacionais de oito casos de implementação da formação continuada de profissionais para a Educação Inclusiva.  

No Brasil, há três exemplos:  Maracanaú (Ceará), Pinhais (Paraná) e Santos (São Paulo).  Os demais são experiências da Argentina, da Escócia, da Espanha, de Portugal e do Uruguai. 

“É preciso dar condições de trabalho para os professores promoverem práticas pedagógicas de qualidade”, defendeu Beatriz, lembrando que a Educação Inclusiva “diz respeito a incluir todo mundo, não apenas as pessoas com deficiência”.

A formação precisa, portanto, mudar de promover uma Educação “diferente e para alguns” para “comum e para todos”. Isso contribui para superar o modelo médico da deficiência e reforçar o modelo social, que entende que as barreiras estão na sociedade, não nas pessoas. 

“O foco da formação continuada é a diversidade inerente a todas as pessoas, e não só as características – igualmente diversas – de alguns grupos”, diz um trecho do estudo.

Para além da formação de professores, Rodrigo Hübner Mendes, Superintendente do Instituto Rodrigo Mendes (IRM), lembrou a importância de outras dimensões para se efetivar uma Educação Inclusiva. 

“Precisamos de políticas públicas que garantam larga escala, recursos públicos para dar condições de implementação e perenidade, gestão baseada em indicadores […] o fortalecimento da rede de AEE, materiais acessíveis e atuação intersetorial”, disse o especialista durante o seminário.

Na hora de olhar para todas essas dimensões, é fundamental que sejam consideradas as particularidades de cada território e comunidade. Para apoiar esse trabalho, Rodrigo indicou o Painel de Indicadores da Educação Especial, que consolida dados de estudantes, professores e escolas de todo o Brasil. 

Seu objetivo é instrumentalizar gestores na criação de políticas públicas baseadas em dados e evidências locais. “Não dá para pensar em ações homogêneas, é preciso olhar os indicadores de forma particular, regionalizada”, reforçou.

Assista ao evento na íntegra abaixo ou à transmissão com audiodescrição:

Educação Inclusiva: 7 materiais e formações gratuitas

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.