publicado dia 03/12/2025
Livro propõe a floresta como metáfora para uma Educação inclusiva e humana
Reportagem: Ingrid Matuoka | Edição: Larissa Alves
publicado dia 03/12/2025
Reportagem: Ingrid Matuoka | Edição: Larissa Alves
🗒️ Resumo: Conheça a obra A escola como floresta: Revolução das plantas para pensar a escola inclusiva, de Maria Antônia Goulart, que quer plantar uma nova Educação, que valorize as diversidades e promova o respeito entre todos.
Uma floresta pode ser muito parecida com uma escola inclusiva. Nela, diferentes plantas se complementam: as que precisam de sombra se abrigam sob as mais altas, a que tem um crescimento mais lento prepara o solo para as de crescimento acelerado, e cada uma floresce em seu próprio tempo.
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Essa é a metáfora proposta pelo livro A escola como floresta: Revolução das plantas para pensar a escola inclusiva, escrito pela diretora do Centro de Referência em Educação Inclusiva Sesc Senac RJ, Maria Antônia Goulart.
“A nossa tecnologia mais desenvolvida é ancestral: a agrofloresta, que sustenta a plenitude da vida há milhares de anos. Ela cria condições para que todas as plantas se desenvolvam em sua melhor potência e não se descarte nada. O que cada uma das plantas é, é suficiente justamente por ser o que se é. Não há expectativa de que elas mudem ou tenham uma produção padronizada”, diz a autora.
A ideia para o livro surgiu durante o trabalho de agroecologia no jardim sensorial do CREI, enquanto conversavam com as turmas como pensar a junção de diferentes espécies para criar um ambiente saudável para elas e dispensar o uso de agrotóxicos e fertilizantes.
A obra também se inspira no livro Revolução das plantas – Um novo modelo para o futuro (Ubu Editora, 2019) de Stefano Mancuso, que sugere caminhos para reequilibrar o planeta e pensar o futuro da tecnologia, da ecologia e dos sistemas políticos inspirado na forma que as plantas têm de aprender, memorizar e se comunicar.
“A escola que temos hoje é da monocultura, uma situação que não é natural, em que as espécies devem crescer no mesmo ritmo, ao mesmo tempo. Para isso é preciso fazer uso intensivo de fertilizantes, seleção de sementes, agrotóxicos, para artificialmente sustentar essa homogeneidade. E gera contaminação para os trabalhadores, quem vai se alimentar, o solo e o lençol freático, além de grande quantidade de descarte de tudo que está fora do padrão”, diz Maria Antônia.
Cada capítulo do livro explora um elemento da escola como agrofloresta e traz instrumentos práticos para implementar essa Educação. Reconhecer e valorizar diferentes saberes, como os tradicionais, da família, da cultura local ou de um funcionário, e relacioná-los a situações reais da vida e do cotidiano é um dos eixos centrais da proposta que quer plantar uma nova escola para ver a diversidade florescer.
“A escola da monocultura não funciona. São alunos que não aprendem e estão cada vez mais infelizes. Há educadores adoecendo e processos de exclusão e sofrimento. Mas quando reimaginamos a escola como uma agrofloresta, cada um pode ser feliz com o que se é, e o que dá conta de fazer é suficiente. Nela, não há terreno para comparação com o outro, mas um solo fértil para que cada um se desenvolva de sua forma própria”, diz Maria Antônia.