Nesta terça-feira (24/10), Jaqueline Moll, professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), abriu os debates da tarde do seminário “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral”.

“A Educação Integral não é um puxadinho, é a característica estrutural da Educação brasileira”, começou Jaqueline durante a mesa “Educação Integral em tempo integral: desafios para as políticas públicas, as escolas e as cidades”.

Nesse sentido, ela definiu que é essencial resgatar a experiência que o país já tem com a agenda, garantir financiamento adequado, valorização dos professores e articulação entre União, Estados e municípios, sobretudo por meio da implementação e regulamentação do Sistema Nacional de Educação (SNE).

Assista ao debate na íntegra:

Além disso, disse que “não dá para ter um novo Plano Nacional de Educação que seja de brincadeira. Temos que ter um novo PNE que seja de efetivamente executado”. Na tarefa de elaborar o novo documento, Jaqueline destacou que é necessário revisitar as metas que não foram atingidas e criar as condições para que ele seja materializado.

“É para que ninguém, nunca mais, pare os investimentos em Educação, abandone obras, políticas e ações que podem de fato fazer diferença para o acesso, permanência e aprendizagem que, de fato, se configurem em desenvolvimento humano que vai reverberar no desenvolvimento do país”, afirmou Jaqueline.

Em relação às avaliações, trouxe a definição de que elas devem sempre ser diagnósticas, enquanto parte de uma construção cotidiana, que pode orientar os trabalhos. Ela reforçou, ainda, que a meta não deve ser alcançar a nota 6 no IDEB, mas o 10. “Não porque as crianças treinam, mas porque elas vivenciam experiências tão profundas de aprendizagem e desenvolvimento que elas conseguem o máximo da escola”.

A especialista também destacou que a compra de materiais didáticos não pode ocupar o lugar dos professores enquanto produtores de conhecimentos e de quem sabe sobre a realidade dos estudantes e do território.

“A Educação Integral muda a configuração do bairro, porque integra a comunidade, chama os pais, ex-alunos, articula as políticas públicas, porque a escola não resolve sozinha todas as condições para que a criança esteja inteira na sala de aula”, afirmou.

Para poder estar inteira na escola, também é necessário que as várias identidades, demandas, realidades e sonhos dos estudantes também estejam presentes no trabalho pedagógico.

Isso significa relacionar as áreas do conhecimento entre si e com os temas da vida, cultivar o cuidado consigo e com o outro ao longo de toda a Educação Básica e Ensino Superior, ensinar a cooperar e não a competir, a fim de que seja possível superar todas as guerras, o racismo e outras violências e a crise climática. “É para modificar o jeito de estar no mundo. É uma Educação Integral para reconstruir o mundo e todos têm que caber nele”, disse.