publicado dia 26/09/2014

Heliópolis receberá ponto de Wi-Fi livre para conexão de até 120 pessoas simultaneamente

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Especial produzido em colaboração com o Portal Aprendiz e Promenino

“Quanto mais a comunidade se apropriar do espaço público, menos mau uso ele vai ter e a internet livre deve atrair mais gente a esses locais”. Foi nessa perspectiva que o secretário de serviços do município de São Paulo, Simão Pedro, anunciou planos de instalar em Heliópolis, no sudeste da cidade, um ponto de WiFi livre com capacidade de uso simultâneo para 120 pessoas.  Simão foi um dos palestrantes que debateram o tema “O papel da tecnologia da informação e comunicação na construção do Bairro Educador”, no IV Seminário Heliópolis Bairro Educador.

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Para o secretário, é fundamental estimular ações da comunidade e das escolas no fortalecimento destes espaços, comunicando ainda o desejo da prefeitura de desenvolver atividades coletivas para promover a integração entre os indivíduos. “Não queremos pessoas experimentando as praças de forma individual, cada um no seu mundinho”, pontuou. Além da implementação de praças com conectividade gratuita, Simão destacou a importância de rever os papeis educativos dos telecentros na cidade, adequando-os às demandas e características de cada região. Hoje, após quatro meses em interrupção por problemas de contrato, funcionam cerca de 90 unidades, geridas por organizações comunitárias.

Em discussão sobre a importância da mediação no acesso e uso das TICs, Adriana Martinelli, consultora em tecnologia, afirmou que mais importante do que garantir infraestrutura com acesso às redes é ter pessoas preparadas para usá-las, referendando a necessidade das escolas participarem desse processo de forma ativa.

Para a consultora, a aprendizagem acontece quando se coloca pessoas em contato com pessoas e essas em contato com informação e os recursos digitais facilitam essa aproximação e o acesso à informação. Entretanto, ela não dispensa a necessidade de um professor dinamizador, capaz de estabelecer o diálogo entre essas linguagens, a proposta pedagógica da instituição e o interesse dos jovens. “A educação não vai funcionar se não tiver o processo de mediação do professor. A tecnologia não vem para substituir, mas para ser incorporada aos processos de aprendizagem, que sempre precisaram de mediação. E se hoje o professor não sabe utilizar a tecnologia em sala de aula, não é culpa dele. Precisamos formá-lo para que ele saiba de que forma fazer bom uso dela. Precisamos reformular o modelo educacional”, destacou.

Invenções na escola e na comunidade

E, segundo a especialista, esta relação de mediação deve se estender ao território, garantindo uma extensa rede de educadores pelo bairro, estimulando as perspectivas de colaboração e co-criação. “Mas, devemos entender que não existe uma fórmula para que isso aconteça; é preciso que entendamos que isso é processual e depende muito de sairmos do lugar da impossibilidade”, justificou, apontando que é preciso que educadores, diretores e gestores troquem os habituais “não dá” e “mas” por “e se”.

Como exemplo, Adriana citou a reformulação curricular e de gestão na EMEF Campos Salles, escola do Polo Educativo e Cultural de Heliópolis e que, desde 2011, em parceria com a Fundação Telefônica e Instituto Natura começou a trabalhar com as novas tecnologias no processo pedagógico. A iniciativa “Escolas que Inovam” que também acontece na EMEF Desembargador Amorim Lima, no Butantã, Zona Oeste da cidade, readequou a rede tecnológica da escola, instalando conexão de alta velocidade e disponibilizando laptops, que passaram a ser utilizados nos salões de aprendizagem [na Campos Salles não há divisão por séries e disciplinas] como instrumento cotidiano.

 

Para apoiar o professor, foi feito extenso processo formativo, estruturado em diálogo que durou mais de dois anos entre as organizações parceiras e a escola. “Um grande diferencial foi que eles chegaram aqui sem um modelo pré-determinado. Tudo foi pensado conosco, partindo do nosso projeto político pedagógico”, justificou a coordenadora pedagógica da EMEF Campos Salles, Amélia Arrabal Fernandez.

Diagnóstico este que, segundo Renata Altman, coordenadora de projetos sociais em educação na Fundação Telefônica, foi fundamental para o processo como um todo. “Nosso objetivo foi o de olhar, junto à comunidade escolar, a cultura digital na escola como um todo e as necessidades reais dos docentes e equipe gestora”, explicou. “Foi aí que, em 2013, identificamos que a necessidade do grupo era o de gestão da aprendizagem dos estudantes, garantindo um olhar personalizado para cada um”, complementou.

Dessa forma, desde o final do ano passado, a escola passou a trabalhar com uma plataforma virtual de aprendizagem e coleta de dados, adaptada pelo QMágico [negócio social que desenvolve tecnologias para personalização da educação], que possibilitou que a instituição não apenas realizasse atividades com recursos digitais, mas acompanhasse o desenvolvimento de cada estudante.

A plataforma, para o aluno, se estrutura como um jogo, em que, além de aprender brincando, o convida a vencer desafios e superar obstáculos de aprendizagem. “Para nós, a relação do estudante com a escola deve ter um aspecto lúdico. Na plataforma não há competição de um com o outro, e a máxima de aprender enquanto brinco tem sido buscada por nós, independente de ser na plataforma ou não”, explicou a coordenadora pedagógica, Amélia Fernandez.

Para a consultora Adriana, neste desenho, a plataforma oferece feedback imediato para o estudante, convidando-o a se empenhar conseguir alcançar o objetivo proposto. “Isso promove autonomia e autogestão da aprendizagem pelo aluno, que passa a controlar esse processo”.

A escola ainda trabalha com o diferencial de que os laptops são, normalmente, utilizados em grupos de quatro alunos, seguindo a organização metodológica do salão. “Não defendemos a lógica do um para um, seguindo a ideia de uso do caderno e do livro. Queremos, justamente a colaboração”, justificou Adriana, pontuando a importância das competências socioemocionais na discussão. Quando necessário, contudo, como a escola alterna o uso dos computadores com outras tecnologias, inclusive papel e caneta, as crianças desenvolvem atividades individualmente na plataforma. “É fundamental que a escola invista em diferentes cenários, arranjos e possibilidades, sempre tendo em consideração a intencionalidade pedagógica. Independentemente da forma, é na intencionalidade que os processos educativos se transformam”, concluiu.

Direito à cidade foi um dos temas discutidos no seminário do Bairro Educador Heliópolis

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