publicado dia 18/12/2014

Guia mostra como escolas e redes podem trabalhar competências socioemocionais

Reportagem:

Estabilidade emocional, empatia, capacidade de tomada de decisões, controle de impulsos, extroversão, otimismo, amabilidade e abertura a novas experiências. Alguém duvida de que estas características são importantes ao longo da vida? Seja no âmbito pessoal, escolar ou profissional, as habilidades socioemocionais são importantes para a boa convivência e para o desenvolvimento de projetos de vida.

Ainda que haja consenso na importância de tais habilidades, ainda há passos que devem ser dados para que elas sejam ensinadas e estimuladas nos indivíduos. Um dos caminhos para isso é a inclusão das competências socioemocionais no ambiente escolar, na perspectiva que as instituições contribuam para o desenvolvimento integral do indivíduo, estimulando suas diferentes dimensões e potencialidade.

Com o objetivo de apoiar educadores e gestores a pensarem como incluir a temática no cotidiano nas escolas e nas políticas públicas, o Porvir e o Instituto Ayrton Senna criaram o guia interativo: Especial competências socioemocionais, que foi lançado nesta quarta-feira (17/12). “Juntamos esforços para conseguir dar visibilidade a esse manancial de pesquisas e traduzi-lo para que seja incorporado no chão da escola”, explica a diretora do Instituto Inspirare, Anna Penido, responsável pelo portal Porvir.

reguaO “Especial Socioemocionais” explica os conceitos, porque é importante tratar disso nas salas de aulas e qual o impacto no desenvolvimento dos estudantes. O guia mostra que as competências socioemocionais não devem ser dissociadas dos conhecimentos cognitivos, e ao contrário, defende que as duas esferas são aliadas. Discussão apoiada em pesquisas que revelaram que há associações entre o desenvolvimentos de certas habilidades e o melhor desempenho em algumas disciplinas.

“Elevar a abertura a novas experiências de um aluno, o aprendizado pode ter um ganho de até um terço do ano letivo na disciplina de português. Já para matemática, o desempenho pode ser elevado em um terço do ano letivo com um aumento na dimensão da consciência”, exemplifica o guia.

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Abertura a novas experiências: tendência a ser aberto a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais. O indivíduo aberto a novas experiências caracteriza-se como imaginativo, artístico, excitável, curioso, não convencional e com amplos interesses.

Consciência: inclinação a ser organizado, esforçado e responsável. O indivíduo consciente é caracterizado como eficiente, organizado, autônomo, disciplinado, não impulsivo e orientado para seus objetivos (batalhador).

Extroversão: orientação de interesses e energia em direção ao mundo externo e pessoas e coisas (ao invés do mundo interno da experiência subjetiva). O indivíduo extrovertido é caracterizado como amigável, sociável, autoconfiante, energético, aventureiro e entusiasmado.

Amabilidade: tendência a agir de modo cooperativo e não egoísta. O indivíduo amável ou cooperativo se caracteriza como tolerante, altruísta, modesto, simpático, não teimoso e objetivo (direto quando se dirige a alguém).

Estabilidade Emocional: previsibilidade e consistência de reações emocionais, sem mudanças bruscas de humor. Em sua carga inversa, o indivíduo emocionalmente instável é caracterizado como preocupado, irritadiço, introspectivo, impulsivo, e não autoconfiante.

Fonte: Porvir

Na prática

Na página do especial, pode-se conhecer exemplos de redes de ensino e de escolas que trabalham as competências socioemocionais. A partir destas experiências é possível que outros educadores e gestores se inspirem para criar um modelo que dialogue com a sua realidade, já que as possibilidades são inúmeras.

No Ceará, o estado trabalha a temática no ensino médio desde 2012. Os frutos têm aparecido e a Escola João Mattos, de Fortaleza, é exemplo: entre 2012 e 2013 a evasão escolar caiu 6%, e o envolvimento dos estudantes com a instituição cresceu. “A gente consegue ver dentro da sala de aula um aluno mais crítico, mais positivo, com mais perspectiva de futuro e percebendo que estudar vai trazer benefício”, relata a coordenadora pedagógica da escola Iane Nobre.

Histórias como de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e de Araçatuba, no interior de São Paulo, exemplificam outras possibilidades de desenvolvimento das competências socioemocionais pelas escolas.  A plataforma apresenta ainda jogos que podem ser utilizados como recursos pedagógicos.

O Especial traz também um passo a passo para orientar os interessantes em implementar a proposta: formação de professores, gestão, financiamento, ponto de partida e avaliação são alguns dos temas apresentados.

“Temos que trazer novas luzes para a educação, para superar as dificuldades de aprendizado que enfrentamos hoje nos anos finais do ensino fundamental e especialmente no médio”, defende o diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos.  A opinião é partilhada com o economista Daniel Santos: “o principal é que a individualidade de cada aluno será respeitada, o intuito não é homogeneizar pessoas, e sim desenvolver estratégias para tornar a educação mais eficaz”.

 

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