publicado dia 27/11/2018
Grupo lança mobilização pela transformação da escola
Reportagem: Da Redação
publicado dia 27/11/2018
Reportagem: Da Redação
Por Porvir
Um grupo de 100 pessoas, entre professores, diretores de escola, representantes de secretarias de educação, estudantes, acadêmicos, empreendedores, ativistas sociais, jornalistas e simpatizantes da causa da transformação da educação lança nesta quinta-feira (22) a mobilização Escolha Transformar, e convoca todos aqueles que já atravessaram os portões da escola a contribuir com sua mudança.
Com atuações e origens diversas, os integrantes da mobilização têm em comum a crença de que a transformação da escola é possível, relevante e urgente. A motivação e os princípios da mudança defendida pelo grupo, que vem se reunindo desde março, são apresentados em uma Carta Aberta da Escola, na qual a própria instituição se dirige à sociedade e convida estudantes, educadores, familiares e a comunidade a ajudarem nesse processo.
“Quero mudar para fazer sentido para crianças e jovens que já nasceram no século XXI. Quero ver seus olhos brilhando de encantamento, suas mentes fervilhando de ideias e seus corações recheados de esperança com os conhecimentos e as experiências que sou capaz de lhes proporcionar. Meu sonho é me reconectar com os sonhos dos estudantes”, diz a carta que está disponível no site da mobilização (escolhatransformar.org.br).
A transformação proposta pelo texto é profunda e envolve a reinvenção de práticas, espaços, tempos, papéis e relações dentro das instituições educacionais. Para alcançá-la, os idealizadores da mobilização acreditam que será necessário um envolvimento amplo da sociedade e que essa agenda precisa ganhar força e deixar de ser percebida como alternativa ou futurista.
“Mais do que necessária, minha transformação se faz urgente. Não posso permitir que nenhum aluno me deixe sem estar preparado como pessoa, profissional e cidadão para construir uma vida melhor para si e para o nosso país. Não posso permitir que os educadores adoeçam no exercício da sua profissão, nem que as famílias e a sociedade brasileira duvidem do meu valor”, complementa a carta da escola, antes de finalizar com a convocação “Escolha transformar a escola!”
Interessados em participar da iniciativa podem apoiar a Carta Aberta da Escola e se inscrever pelo site do projeto. Na plataforma escolhatransformar.org.br, constarão os nomes dos apoiadores da carta, os desafios propostos para o grupo e outros materiais que apoiem a transformação da escola.
Para difundir a mobilização Escolha Transformar e as mensagens da carta da escola, o site ainda traz um kit de comunicação, com peças digitais e para impressão, que podem ser baixadas e utilizadas livremente por quem defende a transformação da escola.
Nos próximos meses, novas ações de comunicação serão definidas e articuladas pelo grupo, como a promoção de eventos e debates presenciais sobre o tema em diversos lugares do Brasil, por exemplo. A meta é levar as discussões da mobilização Escolha Transformar a todas escolas brasileiras até 2020.
“Transformar a educação é o lema que adotei recentemente para minha vida. O meu propósito é colaborar para que as escolas façam sentido daqui para frente, para que o aprendizado tenha significado e preparem os estudantes para o mundo de hoje. É preciso fazer isso nas mais diversas etapas, desde a educação básica ao ensino superior.
Essa mudança precisa mexer com tudo: currículo, espaço, metodologia, tecnologia e formação docente. É rever todo o processo porque implica a participação dos vários atores: da sociedade, da família e, principalmente, dos estudantes”.
José Moran – Professor de Novas Tecnologias na USP (Universidade de São Paulo)
“Eu escolhi transformar a escola porque ela não pode ficar do jeito que está, com os mesmos métodos e políticas de anos atrás. Eu não posso perder mais ninguém. Não quero ver mais nenhum amigo ficando pelo caminho porque as oportunidades não são suficientes.
Eu acredito, de todo o coração, que a educação é a estratégia para fazermos esse enfrentamento contra as desigualdades. Acredito que ela pode abrir a visão e mostrar novas perspectivas, exatamente como aconteceu comigo. A defesa de uma escola pública, gratuita e de qualidade – que seja contemporânea e que faça sentido para cada estudante é o caminho certo para alcançarmos uma sociedade com equidade”.
Thaianne de Souza – Estudante de ciências biológicas na UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e ex- aluna do Colégio Estadual Professor José de Souza Marques.
“Eu me mobilizo pela transformação da escola porque temos, no Brasil, indicadores de qualidade de ensino e de aprendizagem muito ruins e precisamos criar estratégias de mudança para que todas as crianças no Brasil aprendam. Além disso, como professora, eu sinto que, apesar de considerar essa uma profissão incrível, os educadores não conseguem ser felizes. As escolas podem e devem ser um local bom para trabalhar.
Por fim, como pesquisadora, tenho contato com diversas teorias do campo da educação que não são aplicadas nas escolas. Sabemos o que é bom para a aprendizagem, mas ainda não transformamos a prática”.
Tathyana Gouvea, professora da Educação Transformadora, pós-graduação de formação de professores em Curitiba, e orientadora do MBA de gestão escolar da USP.