publicado dia 04/10/2023

Escola em Tempo Integral: Diadema (SP) debate cultura, esporte, meio ambiente e direitos humanos

Reportagem:

🗒 Resumo: Diadema (SP) recebeu a etapa Sudeste do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral” nos dias 4 e 5/10; saiba como foi a primeira mesa.

Até o momento, a iniciativa do Ministério da Educação (MEC) já passou pelas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – saiba como foram estas etapas. É possível acompanhar os encontros na transmissão ao vivo pelo canal no YouTube do MEC.

“A arte, a cultura, o esporte, o meio ambiente, direitos humanos, a ciência e tecnologia na Política de Educação Integral em Tempo Integral” foi o tema da primeira mesa da etapa Sudeste do ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em tempo integral”.

O evento aconteceu nesta quarta-feira (4/10), em Diadema (SP), e contou com mediação de Ana Lúcia Sanches, Secretária Municipal de Educação de Diadema (SP). As discussões seguem na parte da tarde e se estendem até quinta-feira (5/10).

Assista ao evento na íntegra:

Cultura e Educação caminhando juntas

“A cultura e a educação tem que caminhar juntas e integradas enquanto políticas públicas, porque são frutos de uma mesma árvore sagrada do conhecimento”, disse Fabiano Piúba, Secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), para abrir a mesa, explicando que essa relação tão íntima se faz necessária porque ambos são direitos de crianças e adolescentes.

“Quando trazemos essas cosmovisões, histórias e culturas, fortalecemos a democracia, cidadania e diversidade”, afirmou Fabiano Piúba

No âmbito federal, o MEC e o MinC vêm trabalhando em conjunto para incluir efetivamente as artes nos currículos escolares e nas experiências formativas da Educação Básica, com a presença de artistas e mestres de cultura nas escola, e levando os estudantes para espaços artísticos, culturais e históricos do território.

Também para promover a leitura e escrita enquanto dimensões culturais e sociais, bem como implementar o ensino das histórias e culturas afro-brasileiras e indígenas nas escolas, fundantes para a formação histórica e social do Brasil. “Quando trazemos essas cosmovisões, histórias e culturas, fortalecemos a democracia, cidadania e diversidade”, disse Fabiano.

A cultura corporal nas escolas

Outro Ministério que vem atuando em conjunto com a Educação é o Esporte, na perspectiva de mudar a forma como as escolas costumam lidar com os corpos dos estudantes nas salas de aula.

“Vamos manifestar a existência do corpo na escola. Oportunizar que as pessoas se expressem a partir do seu movimento, sua arte e integralidade”, convidou Andrea Ewerton, Diretora de parcerias da Secretaria Nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social do Ministério do Esporte.

“Jogos, brincadeiras, danças e formas de manifestação da cultura esportiva de uma comunidade precisam fazer parte da escola”, observou Andrea Ewerton

O princípio que norteia este trabalho é romper com a visão de que os esportes tradicionais são a única forma de manifestação corporal na escola. “Jogos, brincadeiras, danças e formas de manifestação da cultura esportiva de uma comunidade precisam fazer parte da escola, não só na Educação Física, mas também na Língua Portuguesa, Matemática e Geografia”, disse Andrea.

A escola também pode se desafiar a educar para e pelo lazer, atuando como um espaço que democratize o direito ao acesso ao lazer dentro ou fora dela. “As práticas corporais são fundamentais para o desenclausuramento e para promover reencontros”, afirmou Andrea.

Proteger professores é proteger a democracia

Diante dos ataques às escolas, das violências extremas às censuras e discursos de ódio contra profissionais da Educação, a proteção a eles é urgente. “Agentes de direitos humanos nos territórios em que atuam, professores tem tido a sua função ameaçada de forma metódica e sistemática”, disse João Moura, Coordenador-Geral da Assessoria Especial de Educação e Cultura em Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

“Professores tem tido a sua função ameaçada de forma metódica e sistemática”, disse João Moura

Construir espaços de segurança integral, para toda a comunidade escolar e dedicar aos educadores acolhimento, disponibilização de serviços psicológicos e jurídicos, e reconhecimento por parte da sociedade de que este problema existe, são fundamentais. “Estamos criando um protocolo de Disque 100 para receber denúncias de violências contra professores”, contou João.

Ele lembra que essas violências se somam aos históricos desafios da carreira, como as questões salariais e condições precárias de trabalho, que tem levado à falta de interesse pela profissão por parte de jovens.

“Defender professores é defender a sociedade brasileira. É proteger os pressupostos que sustentam a própria democracia e o direito à cidadania dos estudantes”, destacou João.

Educação Midiática nas escolas

Entre crianças e adolescentes de 10 a 15 anos, 7 em cada 10 não sabem distinguir fatos de opiniões, um problema grave diante da epidemia de desinformação e discursos de ódio de nossa sociedade.

“A Educação Midiática pode permear as várias áreas do conhecimento e não deve ser uma disciplina isolada”, destacou Renato Flit.

“Por um lado a internet aproxima pessoas, traz pluralidade de visões e acesso a informação. Mas há disseminação de discursos de ódio, estruturação de redes de desinformação construídas com interesses próprios e mecanismos de promoção à violência online e offline”, explicou Renato Flit, Especialista em Políticas Públicas da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Nesse sentido, a Educação Midiática pode formar estudantes para acessar, analisar e criar nos ambientes digitais de maneira crítica, bem como formar leitores e produtores críticos e responsáveis. “A Educação Midiática pode permear as várias áreas do conhecimento e não deve ser uma disciplina isolada”, destacou Renato.

Para escolas e professores que desejam começar este trabalho, Renato indica a cartilha Escola Segura, que traz orientações e materiais para aulas, e a Semana Brasileira de Educação Midiática que acontece de 23 a 27 de outubro. Também anunciou que, em breve, será divulgada uma estratégia nacional de educação midiática, com base em uma consulta pública conduzida este ano.

Educação Popular

Uma das missões da Educação é ensinar crianças e adolescentes a decidir e participar. A outra, é transformar a realidade, o que está no centro da concepção da Educação Popular. “Esta concepção se nutre dos pensamentos de Paulo Freire e sua Educação libertadora, emancipatória, amorosa, que parte da realidade e dos temas geradores”, afirmou Pedro de Carvalho Pontual, Diretor de Educação Popular da Secretaria de Participação Social da Presidência da República.

“Nosso desafio é promover a chegada no território desses agentes de uma maneira articulada, que não reproduza a setorialidade das nossas políticas”, afirmou Pedro Pontual

Para ele, a articulação entre cultura, direitos humanos, esporte, Educação Midiática, Saúde e outras instâncias que possam efetivar o direito de crianças, adolescentes e suas famílias.

“Nosso desafio é promover a chegada no território desses agentes de uma maneira articulada, que não reproduza a setorialidade das nossas políticas, mas chegar com todos os programas e agentes nos desafiando a promover um processo de sinergia entre todas as ações no território”, apontou Pedro.

O especialista também comentou a retomada das Conferências Nacionais em diversos âmbitos. Para ele, trata-se de um motivo de comemoração, por serem um instrumento de participação importante. A plateia acompanhou a fala com aplausos.

“Tem Conferência de segurança alimentar, da juventude, da cultura, e convocação da Conferência Nacional de Educação, que pretende discutir um projeto de dez anos de Educação, a reatualização do Plano Nacional de Educação. Diadema e esta região, as conferências regionais, municipais, têm muito a contribuir”, disse.

Educação Ambiental

Debater, estudar e agir sobre a crise climática é um imperativo da atualidade. Nas escolas, desafio é levar o tema sem causar alarmismo e desesperança nos estudantes.

“Precisamos atuar por meio de processos que envolvam toda a comunidade escolar e do entorno”, disse Lenin Bicudo Bárbara

“Em vez disso, precisamos atuar por meio de processos que envolvam toda a comunidade escolar e do entorno, na construção de estratégias para a promoção de mudanças culturais que são necessárias para alcançar uma sociedade sustentável”, orientou Lenin Bicudo Bárbara, Técnico ambiental da equipe de Educação Ambiental da Superintendência do Ibama em SP, representando o Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima (MMA).

Lenin contou que o MMA planeja reestruturar o Programa Município Educador e Sustentável, que visa articular diversas políticas para implementar ações de Educação Ambiental nas escolas, empresas, associações de bairros, centros religiosos e outros espaços dos territórios. A proposta é que ele seja colocado em funcionamento garantindo representatividade, diversidade e participação popular.

Em relação às escolas, estudantes do Ensino Fundamental 2 serão convidados a pesquisar e desenvolver projetos para suas escolas a partir de provocações feitas por outros jovens designados para atuar regionalmente. Cada escola poderá levar um projeto para uma etapa municipal, que seguirá para outra, nacional.

“É uma grande oportunidade da escola buscar garantir a implementação desses projetos, dando materialidade ao que foi discutido e sonhado pelos estudantes com base em suas realidade e necessidades”, disse Lenin.

No contexto da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o desafio é promover o contato com a terra e a natureza, para diminuir o confinamento em salas fechadas e exposição às telas. “E envolver a comunidade, por exemplo, construindo juntos quintais agroflorestais e fazer rodas de conversa sobre temas caros aos territórios”, propôs Lenin.

Sudeste começa a discutir o Programa Escola em Tempo Integral

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